«Quero, fica purificado»
“Tal
como o agir, também o sofrimento [sob todas as suas formas] faz parte da
existência humana. Este deriva, por um lado, da nossa finitude e, por outro, da
súmula de erros que se acumularam ao longo da história e que ainda hoje não
cessa de aumentar.
É
preciso, obviamente, fazer tudo o que é possível para atenuar o sofrimento:
impedir, na medida do possível, o sofrimento dos inocentes; amenizar as dores;
ajudar a superar os sofrimentos psíquicos.
Tudo
isto são deveres, tanto de justiça como de amor, que se inserem nas exigências
fundamentais da existência cristã e de todas as vidas verdadeiramente humanas.
Na luta
contra a dor física, conseguiram-se realizar grandes progressos; mas o
sofrimento dos inocentes e também os sofrimentos psíquicos aumentaram no
decurso destas últimas décadas.
Sim,
devemos fazer tudo para superar o sofrimento, mas eliminá-lo completamente do
mundo não está nas nossas possibilidades humanas, simplesmente porque não
podemos ultrapassar a nossa finitude e porque nenhum de nós é capaz de eliminar
o poder do mal, do erro, que – como constatámos – é uma fonte contínua de
sofrimento.
Isto só Deus o poderia fazer: só um Deus que entra pessoalmente na História tornando-Se homem e sofrendo nela.
Nós
sabemos que este Deus existe e que,
por isso, este poder que «tira os pecados
do mundo» (Jo 1,29) está presente no mundo.
Pela fé
na existência deste poder, surgiu na História a esperança da cura do mundo.”
Bento XVI, papa de 2005 a 2013 | Encíclica «Spe Salvi», 36 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana) | Imagem