«Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo».
«Vede
as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo».
A meu ver, são
quatro as razões pelas quais o Senhor mostra o lado, as mãos e os pés aos
apóstolos.
Em primeiro
lugar, para mostrar que tinha ressuscitado verdadeiramente e afastar do nosso
espírito qualquer espécie de dúvida.
Em segundo
lugar, para que «a pomba», ou seja, a Igreja ou a alma fiel, pudesse fazer o
ninho nas suas chagas como «nos recessos
dos rochedos» (Cant 2,14), aí encontrando abrigo do gavião que a espreita.
Em terceiro
lugar, para imprimir no nosso coração, quais insígnias, as marcas da sua
Paixão.
Em quarto
lugar, para nos advertir e nos pedir que tivéssemos piedade dele e não O
trespassássemos de novo com os cravos dos nossos pecados.
Ele mostra-nos
as mãos e os pés: «Eis as mãos que vos
formaram», diz-nos (cf Sl 118, 73); vede os cravos que as trespassaram.
Eis o meu coração, onde nascestes, vós, os fiéis, vós, a minha Igreja, como Eva nasceu do lado de Adão; vede a lança que o abriu, a fim de que vos fosse aberta a porta do Paraíso, que o querubim de fogo mantinha encerrada.
O sangue que
correu do meu lado afastou este anjo, embotou-lhe a espada; a água extinguiu o
fogo (cf Jo 19,34).
[...] Escutai
com atenção, ouvi estas palavras, e tereis paz em vós.
Santo António de Lisboa (c. 1195-1231),
franciscano, doutor da Igreja | Sermões para o domingo e as festas dos santos |
Imagem