Festa da Apresentação do Senhor – 2 de fevereiro

Festa da Apresentação do Senhor – 2 de fevereiro

 A Igreja celebra hoje, quarenta dias depois do Natal, a Festa da Apresentação do Senhor, que as Igrejas do Oriente conhecem por Festa do Encontro (os gregos chamam Hypapante) e dos Encontros: Encontro de Deus com o seu Povo agradecido, mas também de Maria, de José e de Jesus com Simeão e Ana.

Quarenta dias depois do seu nascimento, sujeito à Lei (Gálatas 4,4), Jesus, como filho varão primogénito, é apresentado a Deus, a quem, sempre segundo a Lei de Deus, pertence.

De facto, o Livro do Êxodo prescreve que todo o filho primogénito, macho, quer dos homens quer dos animais, é pertença de Deus (Êxodo 13,11-13), bem como os primeiros frutos dos campos (Deuteronómio 26,1-10).

Por estes motivos, Jesus é levado pela primeira vez ao Templo, onde, também pela primeira vez, se deixa ver como a Luz do mundo e a nossa esperança.

Está presente um velhinho chamado Simeão, nome que significa «Escutador» e que o Evangelho apresenta como um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel.

Esse velhinho que vivia à espera e à escuta, com primorosa atenção e coração vigilante, veio ao Templo e ao ver aquele Menino, recebeu-O carinhosamente nos braços (os Padres gregos dão a Simeão o título Theodóchos - «recebedor de Deus»).

Simeão entoa o canto feliz do entardecer da sua vida «Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz, porque os meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos, Luz que vem iluminar as nações e glória do teu povo, Israel!» (Lucas 2,29-32).

Também uma velhinha considerada «Profetisa» - que anda conforme a Palavra de Deus - chegou carregada de Graça e de Esperança.

Chamava-se Ana, que significa «Graça», era filha de Fanuel, nome que expressa «Rosto de Deus», e pertencia à tribo de Aser, cujo nome quer dizer «Felicidade».

Também esta velhinha, serena e feliz, com 84 anos, teve a Graça de ver aquele Menino.

O Evangelho diz que Ana «falava daquele Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém» (Lucas 2,38).

Esta é a Festa da Alegria e da Esperança. É a Festa da Luz. Simeão e Ana viram a Luz e exultaram de Alegria. (1)

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Recebamos a luz clara e eterna

Todos nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o mistério do Encontro do Senhor, corramos para Ele com todo o fervor do nosso espírito. Ninguém deixe de participar neste Encontro, ninguém se recuse a levar a sua luz.

Levemos em nossas mãos o brilho das velas, para significar o esplendor divino d’Aquele que Se aproxima e ilumina todas as coisas, dissipando as trevas do mal com a sua luz eterna, e também para manifestar o esplendor da alma, com o qual devemos correr ao encontro de Cristo.

Assim como a Virgem Mãe de Deus levou ao colo a luz verdadeira e a comunicou àqueles que jaziam nas trevas, assim também nós, iluminados pelo seu fulgor e trazendo na mão uma luz que brilha diante de todos, devemos acorrer pressurosos ao encontro d’Aquele que é a verdadeira luz.

Na verdade a luz veio ao mundo e, dispersando as trevas que o envolviam, encheu-o de esplendor; visitou-nos do alto o Sol nascente e derramou a sua luz sobre os que se encontravam nas trevas: este é o significado do mistério que hoje celebramos. Caminhemos empunhando as lâmpadas, acorramos trazendo as luzes, não só para indicar que a luz refulge já em nós, mas também para anunciar o esplendor maior que dela nos há-de vir. Por isso, vamos todos juntos, corramos ao encontro de Deus.

Eis que veio a luz verdadeira, que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Todos nós, portanto, irmãos, deixemo-nos iluminar, para que brilhe em nós esta luz verdadeira.

Nenhum fique excluído deste esplendor, nenhum persista em continuar imerso na noite, mas avancemos todos resplandecentes; iluminados por este fulgor, vamos todos juntos ao seu encontro e com o velho Simeão recebamos a luz clara é eterna; associemo-nos à sua alegria e cantemos com ele um hino de acção de graças ao Pai da luz, que enviou a luz verdadeira e, afastando todas as trevas, nos fez participantes do seu esplendor.

A salvação de Deus, com efeito, preparada diante de todos os povos, manifestou a glória que nos pertence a nós, que somos o novo Israel; e nós próprios, graças a Ele, vimos essa salvação e fomos absolvidos da antiga e tenebrosa culpa, tal como Simeão, depois de ver a Cristo, foi libertado dos laços da vida presente.

Também nós, abraçando pela a Cristo Jesus que vem de Belém, nos convertemos de pagãos em povo de Deus (Jesus é com efeito a Salvação de Deus Pai) e vemos com os nossos próprios olhos Deus feito carne; e porque vimos a presença de Deus e a recebemos, por assim dizer, nos braços do nosso espírito, nos chamamos novo Israel. Com esta festa celebramos cada ano de novo essa presença, que nunca esquecemos.

Dos Sermões de São Sofrónio, bispo (Orat. 3 de Hypapante, 6-7: PG 87, 3, 3291-3293) (Séc. VII) (2)

Fontes: (1) Evangelho Quotidiano + SNLiturgia | (2) SNLiturgia  

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