O Livro do Génesis

Livro do Génesis

A importância e atualidade do livro do Génesis não precisa de ser encarecida. As discussões sobre a responsabilidade do judaísmo-cristianismo na inquinação do planeta Terra, a relação da ciência com a Bíblia e as teorias do evolucionismo e do criacionismo, bem como as do big bang, têm a ver com as narrações da criação do mundo e da humanidade nos primeiros onze capítulos do Génesis.

Dele partem várias linhas de força teológicas: a da religião bíblica, os primeiros traços da aliança e da imagem de Deus (criador, omnipotente, “Deus dos pais”). A religião, a arte e a cultura recorrem à inspiração do Génesis para explorar e articular conhecimentos sobre a vida humana.

No judaísmo, o livro do Génesis é designado pela expressão inicial, bere’shit ("No princípio”). O título Génesis vem da tradução grega dos Setenta (assumido pela tradução latina) e resume o seu conteúdo: origem do universo, da humanidade e de Israel.

Podem distinguir-se no livro duas partes, temática e literariamente desiguais:

a) Gn 1-11: História das origens. A criação do universo, do ser humano e das realidades conotadas com a sua vida é situada “no princípio” de tudo e nos alvores da humanidade, antes da história, em tempo primordial. Desenrola-se num horizonte universalista que abrange toda a humanidade.

Reunindo várias narrações, primeiramente autónomas, a história das origens foi compilada com a intenção teológica de ser anteposta à história de Israel propriamente dita e de entroncar a história particular de um pequeno povo na grande história universal da humanidade, com transição suave de uma para a outra no final de Gn 11.

b) Gn 12-50: Tradições patriarcais. Os ciclos de Abraão, Isaac e Jacob (12-36) distinguem-se bem da história de José (37-50). Descrevem a história dos antepassados do povo de Israel, os “pais”, e inscrevem-se num tempo de teor histórico propriamente dito.

Os relatos aparecem enquadrados pelos temas da promessa da terra (12,7 e 50,24; 48,21) e da bênção (12,2-3 e 49,28). Da sua leitura conclui-se que as tribos que constituíram Israel absorveram grupos familiares e tribais de origens diferentes. Vagas sucessivas, nomeadamente da Mesopotâmia, penetraram nas terras de Canaã. Trouxeram tribos com elementos do mesmo sangue ou que se uniram entre si por meio de alianças, adoções, proximidade geográfica, vizinhança, antes de constituírem um povo.

Da diversidade inicial as uniões de tradições particulares fizeram emergir três figuras patriarcais: Abraão, Isaac e Jacob. As relações e os laços que se foram estabelecendo entre estes grupos exprimiram-se sob a forma de genealogia, fazendo com que “os filhos de Israel” descendessem de Abraão por Isaac e por Jacob.

Ao colocar online a tradução provisória do livro do Génesis, a Comissão Coordenadora da Tradução da Bíblia da CEP convida a comunidade a envolver-se no processo de tradução e revisão deste documento e dispõe-se a acolher o contributo dos leitores, em ordem ao melhoramento da compreensibilidade do texto.

A tradução provisória deste e de outros textos bíblicos está disponível para download no site da Conferência Episcopal Portuguesa. As achegas e comentários devem ser enviados através do endereço eletrónico biblia.cep@gmail.com.

Fonte: Secretariado Nacional de Liturgia (texto editado)

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