«Puxam-na para a praia e, sentando-se, escolhem os bons»
«Ele
governará a Terra com justiça, e os povos com fidelidade» (Sl 95,13).
Que
justiça e que fidelidade são estas?
Ele
juntará os eleitos em seu redor (Mc 13,27) e afastará os outros, colocando
aqueles à sua direita e estes à sua esquerda (Mt 25,33).
Haverá
coisa mais justa, mais fiel do que esta?
Aqueles
que não tiverem querido exercer misericórdia antes da chegada do juiz, não
poderão esperar dele misericórdia.
Aqueles
que tiverem querido exercer misericórdia, serão julgados com misericórdia (Lc
6,37).
Porque
Ele dirá àqueles que tiver colocado à sua direita: «Vinde, benditos de meu
Pai, recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo»;
e atribui-lhes-á obras de misericórdia:
«Tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber», e por aí fora (Mt 25,31s.).
Porque tu
és injusto, não há de o Juiz ser justo?
Porque te
acontece mentir, não há de a Verdade ser verídica?
Se queres
encontrar um Juiz misericordioso, sê misericordioso antes de Ele chegar.
Perdoa a
quem te tiver ofendido; dá dos teus bens, se possuis em abundância. […] Dá do
que dele recebeste: «Que tens tu, que não hajas recebido?» (1Cor 4,7).
Eis os
sacrifícios que são agradáveis a Deus: a misericórdia, a humildade,
o reconhecimento, a paz, a caridade.
Se isso levarmos,
esperaremos com segurança o advento do Juiz, desse Juiz que «governará a Terra
com justiça, e os povos com fidelidade».
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja | Discurso sobre os Salmos 95, 14-15 | Imagem