Rainha Santa Isabel - Memória litúrgica a 4 de julho



Rainha Santa Isabel

Filha do rei D. Pedro II de Aragão e da rainha D. Constança.

Pensa-se que tenha nascido em princípios de 1270. Em Barcelona? Não sabemos ao certo.

Casou-se em 1282 com D. Dinis, rei de Portugal.

Neta de Jaime I o Conquistador, bisneta de Frederico II da Alemanha, deles herdou a energia tenaz e a força de alma.

Mas caracterizava-se principalmente pela bondade imensa e pelo espírito equilibrado e justo de Santa Isabel da Hungria, sua parente próxima.

Era mulher cheia de doçura e de bondade.

Gostava da vida interior e do trabalho silencioso, jejuava dias sem conta ao longo do ano, comovia-se com os que erravam, rezava pelo Livro de Horas, cosia e fazia bordados na companhia das damas e distribuía esmolas aos necessitados.

Aos 20 anos foi mãe de D. Afonso IV, o Bravo, que foi a sua cruz.

Caso único na 1ª dinastia portuguesa, a vida deste homem foi pura e nisto se vê influência de sua mãe.

Era discreta esta jovem rainha que obrigava o filho a obedecer ao pai (ele era o rei), que fingia ignorar as andanças do rei e que criava os seus filhos ilegítimos.

Na política peninsular de então, o seu poder moderador fez-se sentir profundamente.

Serviu de juiz nas rixas entre D. Dinis, seu irmão e seu turbulento filho.

Após a morte de D. Dinis, vestiu o hábito de Santa Clara, como Terceira Franciscana, e recolheu-se no mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, por ela fundado

Construiu mosteiros e hospitais.

Morreu em Estremoz a 4 de Julho de 1336.

Foi canonizada a 25 de Maio de 1625 pelo papa Urbano VIII.

Portugal venera-a com a antonomásia de Rainha Santa.

Fonte (texto editado e adaptado)

*****

Bem-aventurados os pacíficos

“Diz o Evangelista: Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.

Com razão florescem as virtudes cristãs naquele que possui a harmonia da paz cristã, porque não merecem o nome de filhos de Deus senão os que trabalham pela paz.

É a paz, caríssimos, que liberta o homem da sua condição de escravo e lhe dá o título de livre, que muda a sua condição perante Deus, transformando-o de servo em filho, de escravo em homem livre.

A paz entre os irmãos é a realização da vontade de Deus, a alegria de Cristo, a perfeição da santidade, a norma da justiça, a mestra da doutrina, a guarda dos bons costumes e a justa ordem em todas as coisas.

A paz é a recomendação das nossas orações, o caminho mais fácil e eficaz para as nossas súplicas, a realização perfeita de todos os nossos desejos.

A paz é a mãe do amor, o vínculo da concórdia e o claro indício da pureza da alma, capaz de exigir de Deus tudo o que quer: pede tudo o que quer e recebe tudo o que pede.

A paz deve conservar-se a todo o custo, segundo os mandamentos do nosso Rei.

É o que diz Cristo nosso Senhor: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. O que equivale a dizer: «Deixo-vos em paz, em paz vos quero encontrar».

Ele quis dar, ao partir, aquilo que deseja encontrar em todos no seu regresso.

É mandamento do Céu conservarmos a paz que nos foi dada; uma só palavra resume o que desejou Cristo na despedida: voltar a encontrar o que nos deixou.

Plantar e enraizar a paz é obra de Deus; arrancá-la de raiz é obra do Inimigo.

Porque, assim como o amor fraterno provém de Deus, assim o ódio vem do demónio.

Por isso devemos apartar de nós toda a espécie de ódio, pois está escrito: Quem odeia o seu irmão é homicida.

Vedes portanto, amados irmãos, a razão por que devemos amar a paz e estimar a concórdia: são elas que geram e alimentam a caridade.

Sabeis, como diz o Apóstolo, que a caridade vem de Deus. Está, portanto, longe de Deus quem não tem caridade.

Por conseguinte, irmãos, guardemos estes mandamentos que são fonte de vida.

Procuremos conservar-nos sempre unidos no amor fraterno pelos laços duma paz profunda e fortalecer o amor recíproco mediante o salutar vínculo da paz, que cobre a multidão dos pecados.

Seja a maior aspiração da nossa alma este amor fraterno, que traz consigo todo o bem e todo o prémio.

A paz é virtude que devemos conservar com grande empenho, porque onde há paz aí habita Deus.

Amai a paz e em tudo encontrareis tranquilidade de espírito.

Deste modo assegurareis o nosso prémio e a vossa alegria, e a Igreja de Deus, fundada na unidade da paz, manter-se-á fiel aos ensinamentos de Cristo.”

De um Sermão atribuído a São Pedro Crisólogo, bispo (Sobre a paz: PL 52, 347-348) (Séc. V)

Fonte

Sugestões: