«A lei perfeita, a lei da liberdade» (Tg 1,25)
“A quem
te tirar a túnica, diz Cristo, dá-lhe também o manto; a quem ficar com o que te
pertence, não lho reclames; e aquilo que quiserdes que os outros vos façam,
fazei-o vós a eles (Mt 5,40; Lc 6,30-31).
Deste
modo, não nos entristeceremos, como pessoas a quem arrebatam os bens contra a
sua vontade, mas, pelo contrário, alegrar-nos-emos, como pessoas que dão de bom
grado, uma vez que faremos ao próximo um dom gratuito em vez de cedermos a uma
pressão.
E diz
ainda: se alguém te obrigar a caminhar uma milha, caminha duas com ele; desse
modo, não o seguimos como um escravo mas precedemo-lo como homens livres.
Em todas as coisas, portanto, Cristo convida-te a tornares-te útil ao teu próximo, não considerando a sua maldade mas acrescentando a tua bondade.
Convida-nos
assim a tornar-nos semelhantes ao nosso Pai «que faz nascer o sol sobre os maus e sobre os bons e cair a chuva sobre
os justos e sobre os injustos» (Mt 5,45).
E isto
não é obra de quem vem abolir a Lei mas de quem a cumpre e a alarga (Mt 5,17).
O serviço
da liberdade é um serviço mais amplo; o nosso libertador propõe-nos uma
submissão e uma devoção mais profundas.
Porque
Ele não nos libertou das amarras da Lei antiga para nos separarmos dele [...],
mas para que, tendo recebido mais abundantemente a sua graça, O amemos mais e,
tendo-O amado mais, recebamos dele uma glória ainda maior quando estivermos
para sempre na presença de seu Pai.”
Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 202), bispo, teólogo, mártir | Contra as Heresias, IV, 13, 3 | Imagem