«Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?»

«Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?»

«Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?»

“«Como retribuirei ao Senhor?» (Sl 115,12). Nem com sacrifícios nem com holocaustos, nem com a observância dos preceitos da Lei, mas com toda a minha vida.

É por isso que o salmista diz: «Elevarei o cálice da salvação» (Sl 115,13).

Os trabalhos que sofreu no combate pela sua devoção filial a Deus e a constância pela qual resistiu ao pecado até à morte, a isso chama o salmista o seu cálice.

É a propósito desse cálice que o próprio Senhor Se exprime assim no Evangelho: «Meu Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice» (Mt 26,39); e aos seus discípulos pergunta: 

«Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?»

Referia-Se à morte que iria sofrer pela salvação do mundo.

Por isso diz: «Elevarei cálice da salvação», isto é, todo o meu ser se lança sedento para a consumação do martírio, a ponto de ver nos tormentos sofridos nos combates do amor filial um repouso para a alma e para o corpo, e não um sofrimento.

«Oferecer-Me-ei ao Senhor», diz, «com um sacrifício de oblação». […] Estou pronto para testemunhar essas promessas perante todo o povo: «Cumprirei as minhas promessas, feitas ao Senhor na presença de todo o seu povo» (Sl 115,14).”

São Basílio (c. 330-379), monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja | Homília sobre o salmo 115, §4 | Imagem