David, rei (c. 1012-972 a.C.) | Personagens bíblicas
Rei David
Foi
consagrado rei de Judá em Hebron. Para a Bíblia, é David o autêntico
fundador da monarquia em Israel.
Começou como soldado de Saul, que inicialmente o admirava e, sobretudo, o temia (cena de Golias: 1 Sam 17,15s).
Pouco a pouco, foi-se impondo como estratega, e os seus golpes contra os filisteus granjeiam-lhe a admiração popular.
Talvez por isso mesmo, Saul
vai-lhe retirando a confiança, e termina por querer eliminá-lo a todo o custo.
A Bíblia
narra-nos ao vivo a oposição dramática entre estes dois homens (1 Sam 18,6ss).
Por fim, David tem de fugir para o deserto, sendo acompanhado por um grupo de guerreiros
seus amigos devotados. Com este seu pequeno mas aguerrido exército ganhou a
confiança das tribos do sul, donde era natural.
Durante cerca
de sete anos tem de manter a luta contra a casa de Saul.
Digna de
menção, entretanto, a profunda amizade entre ele e o filho de Saul, Jónatas, e
a maravilhosa elegia de David, quando recebe a notícia da morte de Saul e de
Jónatas, na batalha contra os filisteus no monte Guilboá (2 Sam 1,17ss).
Eleição de David como rei das tribos do sul
Com a
morte de Saul, as tribos do sul elegeram e sagraram David como seu rei (2 Sam
2), enquanto as tribos do norte obedeciam ao filho de Saul, Isboset, que ao fim
de dois anos é assassinado.
Durante sete
anos David reina somente sobre a «Casa
de Judá» (2 Sam 2,11), tendo como capital a cidade de Hebron. Por fim,
também as tribos do Norte vieram pedir a David para reinar sobre elas, a fim de
as proteger dos filisteus: e assim se dá a unificação dos dois reinos.
Começa
então a sério a guerra contra os filisteus, que David consegue vencer,
confinando-os a algumas cidades costeiras.
Capital em Jerusalém – Monte Sião
Talvez
levado por uma preocupação de centralização e de imparcialidade, reúne o seu
exército pessoal e conquista a cidade de Jerusalém,
até então habitada pelos jebuseus (2 Sam 5,6-11). Aí estabelece imediatamente a
sua capital, no «Ofel» (Monte Sião),
preocupando-se, a partir daí, em dar à cidade a máxima importância, quer
pessoal, quer política, quer religiosa.
Para lá
transladou a Arca da Aliança, convertendo
assim Jerusalém na «Cidade Santa».
Embora
sem ter podido construir o Templo para
Javé, como pretendia, o seu reino começou a assumir a devida importância
nos confins da Síria-Palestina. Conquistou todo o território de Canaã, na «Terra Prometida» dominou, igualmente,
os Amonitas, os Moabitas e os Edomitas.
Morreu
após 40 anos de reinado, já velho e cansado, tendo ainda, nas vésperas da
morte, nomeado Salomão para seu
sucessor (c. 972 a. C.).
Já no fim
dos seus dias, David teve de sofrer
imenso por causa de seus filhos, e sobretudo pela revolta de Absalão (2 Sam 15...), em que se
adivinha toda uma luta, mesmo sangrenta, de sucessão ao trono.
David reina sobre todo o Israel
“Todas as
tribos de Israel vieram ter com David ao Hebron e disseram-lhe: «Aqui nos tens: não somos teus ossos e tua
carne? Tempo atrás, quando Saul era nosso rei, eras tu que dirigias os negócios
de Israel e disse-te o Senhor: 'Tu apascentarás o Meu povo de Israel e serás o
seu chefe'».
Vieram,
pois, todos os anciãos de Israel ter com o rei a Hebron. David fez com eles uma
aliança diante do Senhor e eles sagraram-no rei de Israel.
David
tinha trinta anos quando começou a reinar, e reinou quarenta anos: Sete anos e
seis meses sobre Judá, em Hebron, e trinta e três anos em Jerusalém, sobre todo
o Israel e Judá.” (2 Samuel 5, 1-5)
Fonte: "Atlas Bíblico Geográfico-Histórico", J. Machado Lopes | Imagem