São Vicente de Paulo, Presbítero, fundador da Congregação da Missão

São Vicente de Paulo, Presbítero, fundador da Congregação da Missão

São Vicente de Paulo

Para fazer ressaltar a virtude de São Vicente de Paulo, disse-se que foi, no seu tempo, a encarnação da Providência Divina com os pobres e necessitados; a mão visível de Deus, secando suores e enxugando lágrimas, acalmando dores e extirpando misérias.

Nada lhe agradou nunca senão em Jesus, com quem vivia unido e por quem operava a todo momento.

Nos casos de dúvida, parava refletindo e perguntava-se a si mesmo: «Que faria neste caso Jesus?». E, a seguir, atuava segundo o conselho da voz interior do Espírito.

Que bom deve ser Deus, dizia um orador insigne e Bispo do seu tempo, quando fez tão bom Vicente!

São Vicente de Paulo nasceu a 24 de Abril do ano de 1581 em Pouy, Landes, em França, numa família provavelmente originária de Espanha. Estudou com os irmãos franciscanos em Dax e foi ordenado sacerdote aos 19 anos de idade.

Numa viagem de Marselha a Narbona, cai prisioneiro de corsários turcos que o vendem como escravo em Tunes. Quatro vezes mudou de dono nos dois anos que lhe durou o cativeiro.

Regressado a França, dirigiu-se a Paris e lá viveu retirado e em silêncio, com os irmãos de S. João de Deus na prática da caridade.

O conforto da pobreza segue-o por toda a parte, até que uns amigos o recomendam à rainha Margarida de Valois, que o toma por conselheiro e capelão.

Em 1661 faz, sob a direcção do Pe. Pierre de Bérulle, seu conselheiro espiritual, os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola [fundador dos Jesuítas], e uma transformação começa a operar-se na sua alma.

Renuncia à abadia e à capelania e retira-se para ser pároco em Clichy, uma aldeia nos arredores de Paris.

Vai-se tornando cada vez mais claro que a vontade de Deus a seu respeito está no apostolado com os pobres.

Funda a Congregação da Missão em 1626, no Colégio dos Bons Meninos de Paris.

Em 1632 mudam-se para o priorado de S. Lázaro, que se transforma em Casa-Mãe e no centro mais ativo de todas as obras de zelo e caridade de Paris.

Para lá se dirigem todos os seminaristas pouco antes do sacerdócio, o clero para tomar parte nas conferências das terças-feiras, os nobres e ricos para deixarem os seus tesouros, os grandes e os sábios para consultar o Santo.

As missões rurais foram sempre obsessão apostólica de S. Vicente.

Enquanto lho permitiram os cuidados da Congregação, saía ele mesmo todos os anos de Outubro até Junho.

Em Paris, fomentou ardentemente a prática dos Exercícios Espirituais, especialmente entre o clero.

Era pároco em Chantillon quando, um domingo, se aproximou dele uma senhora a pedir-lhe que exortasse o povo a ajudar uma família pobre e doente.

Como as pessoas tivessem correspondido maravilhosamente, surgiu-lhe a ideia de uma nova organização de caridade.

Reuniu senhoras a quem propôs que se encarregassem, uma a cada dia, do socorro dos pobres que estivessem doentes.

Assim se formou a primeira confraria da caridade, que foi aprovada pelo bispo de Lião.

As confrarias da caridade multiplicaram-se, mas precisavam duma mulher de valor.

A Providência enviou-lhe Santa Luísa de Marillac, que foi a alma e o braço direito de S. Vicente de Paulo na fundação das Irmãs da Caridade.

Não há serviço humilde a favor dos pobres onde não estejam as Irmãs da Caridade «que terão, segundo S. Vicente, por mosteiro as casas dos enfermos, por cela um quarto de aluguer, por capela a igreja das paróquias, por claustro as ruas da cidade ou as salas dos hospitais, por clausura a obediência, por grades o temor de Deus e por véu a santa modéstia».

S. Vicente morreu quase octogenário, a 27 de Setembro de 1660. Foi beatificado pelo Papa Bento XIII em 1729 e canonizado pelo Papa Clemente XII em 1737.

O legado de S. Vicente de Paulo ao serviço dos pobres é imenso e traduz-se nos dias de hoje na chamada Família Vicentina:

- Padres Vicentinos (Congregação da Missão),

- Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo,

- Conferências de São Vicente de Paulo,

- Associação das Filhas da Caridade

- e Juventude Mariana Vicentina.

A Congregação da Missão, cujos membros são comumente conhecidos por Vicentinos ou Lazaristas, reúne nos dias de hoje cerca de 3.100 sacerdotes ou irmãos consagrados no mundo inteiro, dedicados ao serviço dos pobres em 95 países.

A Companhia das Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo está hoje presente em 95 países com um total de 17.700 irmãs e noviças.

A sociedade de S. Vicente de Paulo, comumente conhecida por Conferências de S. Vicente de Paulo, fundada em 1833 por Frederico Ozanam, é constituída por fiéis leigos e está hoje presente em 153 países.

Fontes: 

Santos de Cada Dia, Editorial Apostolado da Oração, e

https://www.padresvicentinos.net 

https://cmglobal.org/en/the-congregation-of-mission/ 

https://en.wikipedia.org/wiki/Vincent_de_Paul#The_Society_of_Saint_Vincent_de_Paul 

https://ssvp.pt 

https://agencia.ecclesia.pt/portal/familia-vicentina-comemora-memoria-do-fundador/

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O serviço dos pobres deve ser preferido acima de tudo

“A nossa atitude para com os pobres não se deve regular pela sua aparência externa nem sequer pelas suas qualidades interiores.

Devemos considerá-los, antes de mais, à luz da fé. O Filho de Deus quis ser pobre e ser representado pelos pobres.

Na sua paixão, quase perdeu o aspeto de homem; apareceu como um louco para os gentios e um escândalo para os judeus.

Todavia, apresentou Se a estes como evangelizador dos pobres: Enviou Me para evangelizar os pobres.

Também nós devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar o que Ele fez: cuidar dos pobres, consola-los, socorre-los e recomendá-los.

Cristo quis nascer pobre, chamar para sua companhia discípulos pobres, servir os pobres e identificar se com os pobres, a ponto de dizer que o bem ou o mal feito a eles o tomaria como feito a Si mesmo.

Deus ama os pobres, e por conseguinte ama também aqueles que os amam.

Na verdade, quando alguém tem especial afeto a uma pessoa, estende também este afeto aos seus amigos e servos.

Por isso temos razão para esperar que, por causa do nosso amor dos pobres, também nós seremos amados por Deus.

Quando os visitamos, procuremos compreender a sua pobreza e infelicidade para sofrer com eles e ter os sentimentos de que fala o Apóstolo, quando diz: Fiz me tudo para todos.

Esforcemo-nos por sentir profundamente as preocupações e misérias dos nossos semelhantes; peçamos a Deus que nos dê o espírito de misericórdia e compaixão e que conserve sempre em nossos corações estes sentimentos.

O serviço dos pobres deve ser preferido a todos os outros e deve ser prestado sem demora.

Se durante o tempo de oração, tiverdes de levar um medicamento ou qualquer auxílio a um pobre, ide tranquilamente, oferecendo a Deus essa boa obra como prolongamento da oração.

E não tenhais nenhum escrúpulo ou remorso de consciência se, para prestar serviço aos pobres, tivestes de deixar a oração.

De facto não se trata de deixar a Deus, se é por amor de Deus que deixamos a oração: servir um pobre é também servir a Deus.

A caridade é a máxima norma, e tudo deve tender para ela; é uma grande senhora: devemos cumprir o que ela manda.

Renovemos, portanto, o nosso espírito de serviço aos pobres, principalmente para com os mais abandonados.

Esses hão-de ser os nossos senhores e protetores.”

Dos Escritos de São Vicente de Paulo, presbítero, (Carta 2546: Correspondance, entretiens, documents, Paris 1922-1925, 7) (Séc. XVII)

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