Os dois mandamentos

 

Os dois mandamentos

“Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar:

«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?».

Jesus respondeu: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito.

Este é o maior e o primeiro mandamento.

O segundo, porém, é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».” (Mt 22, 30-40)

*****

Os dois mandamentos

“Quando perguntaram ao Mestre qual era o maior dos mandamentos, Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com todo o teu espírito. Não há maior mandamento».

Este mandamento diz respeito ao Ser essencial e primeiro, Deus nosso Pai, por quem tudo foi feito, por quem tudo permanece e a quem voltarão todos os que forem salvos.

Foi Ele que nos amou primeiro e nos fez nascer; seria um sacrilégio pensar que existe outro ser mais antigo e mais sábio.

O nosso reconhecimento é ínfimo, comparado com as imensas graças que nos concedeu, mas não podemos oferecer-Lhe outro testemunho, a Ele que é perfeito e de nada necessita.

Amemos o nosso Pai com todas as nossas forças e todo o nosso fervor, e receberemos a imortalidade. Quanto mais se ama a Deus, mais a nossa natureza se mistura e se confunde com a sua.

O segundo mandamento, diz Jesus, em nada fica atrás do primeiro: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo». [...]

Quando o doutor da Lei pergunta a Jesus: «E quem é o meu próximo?» (Lc 10,29), Ele não lhe responde com a definição judaica de próximo – o parente, o concidadão, o prosélito, o homem que vive sob a mesma Lei.

Conta a história de um viajante que descia de Jerusalém para Jericó; ferido pelos ladrões [...], esse homem foi tratado por um samaritano, que «se mostrou seu próximo» (v. 36).

E quem é mais meu próximo que o Salvador? Quem mais se apiedou de nós quando os poderes das trevas nos abandonaram e golpearam? [...]

Só Jesus soube curar as nossas chagas e extirpar os males enraizados no nosso coração. [...]

É por isso que devemos amá-lo como a Deus. E amar a Cristo Jesus é cumprir a sua vontade e guardar os seus mandamentos.” (1)

*****

Os dois mandamentos do amor

“Nós amamos a Deus e o amor de Deus é o primeiro mandamento; mas o segundo é semelhante a este, pois só através dos outros podemos devolver a Deus amor por amor.

O perigo é que o segundo mandamento se transforme em primeiro.

Mas temos uma prova de controlo: como amar cada homem é amar a Cristo, amaremos a Deus em todos os homens, sem preferências, sem categorias, sem exceções.

O segundo perigo é não sermos capazes, e não seremos capazes se separarmos a caridade da fé e da esperança.

Ora, a fé e a esperança vêm-nos da oração

Sem rezar, não poderemos amar. [...] São a fé e a esperança, dilatadas pela oração, que afastam do caminho do nosso amor o obstáculo mais difícil de ultrapassar: a preocupação connosco.

O terceiro perigo é não amarmos como Jesus nos amou, mas à maneira humana. E este é talvez o maior de todos os perigos. [...]

O que temos a dar não é o nosso amor, é o amor de Deus.

E o amor de Deus, que é uma Pessoa divina, que é o dom de Deus a todos, mas que não deixa de ser um dom, tem, por assim dizer, de nos atravessar, de nos trespassar, para chegar além de nós, para chegar aos outros." (2)


(1) São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo | Homilia «Os ricos podem salvar-se?» | Imagem

(2) Venerável Madaleine Delbrêl (1904-1964), missionária das pessoas da rua | Realizar neste mundo o amor para o qual Deus nos criou

Sugestões: