Apresentação da Virgem Santa Maria - 21 de novembro
No dia seguinte
à dedicação da basílica de santa Maria a Nova, no ano 543, construída junto ao
muro do antigo templo de Jerusalém,
celebra-se a dedicação – Apresentação da
Virgem santa Maria – que a Mãe de Deus fez de si mesma, desde a infância,
movida pelo Espírito Santo, que a
encheu de graça na sua ImaculadaConceição.
Esta memória
está relacionada com uma piedosa tradição atestada pelo evangelho apócrifo de Tiago.
Remonta ao
século VI no Oriente e ao século XIV no Ocidente.
A memória da apresentação da Bem-aventurada
Virgem Maria tem importância, não só porque nela é comemorado um dos
mistérios da vida daquela que Deus escolheu como Mãe do seu Filho e como Mãe da
Igreja, nem só porque nesta apresentação de Maria se recorda a apresentação de
Cristo (ou, melhor, de todos os cristãos) ao Pai celeste, mas também porque ela
constitui um gesto concreto de ecumenismo, de diálogo com os nossos irmãos do
Oriente.
Isto ressalta quer da nota de comentário dos redatores do novo calendário, quer da nota da Liturgia das Horas, que diz: "Neste dia da dedicação (543) da Igreja de Nossa Senhora, construída junto ao templo de Jerusalém, celebramos, juntamente com os cristãos do Oriente, aquela dedicação que Maria fez de si mesma a Deus, logo desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça tinha sido repleta na sua Imaculada Conceição." (1)
*****
Acreditou pela fé e concebeu pela fé
Peço-vos que
repareis no que diz o Senhor ao estender a mão para os seus discípulos: Estes são minha mãe e meus irmãos e Quem
fizer a vontade de meu Pai, que Me enviou, esse é meu irmão, minha irmã e minha
mãe.
Porventura não
fez a vontade do Pai a Virgem Maria,
que acreditou pela fé e concebeu pela fé, que foi escolhida para que d’Ela
nascesse a salvação entre os homens e que foi criada por Cristo antes de Cristo
ter sido criado n’Ela?
Maria cumpriu,
e cumpriu perfeitamente, a vontade do Pai; e, por isso, Maria tem mais mérito por ter sido discípula de Cristo do que por
ter sido mãe de Cristo; mais ditosa é Maria por ter sido discípula de Cristo do
que por ter sido mãe de Cristo.
Portanto, Maria
era bem-aventurada, porque, antes de dar à luz o Mestre, trouxe O no seio.
Vê se não é
como digo.
Passava o
Senhor, acompanhado da multidão e fazendo milagres divinos.
E uma mulher
exclamou: Bem-aventurado o ventre que Te
trouxe. Ditoso o ventre que Te trouxe.
E o Senhor,
para que se não buscasse a felicidade na natureza material da carne, que
respondeu? Mais felizes os que ouvem a
palavra de Deus e a põem em prática.
Por isso também
Maria era feliz porque ouviu a palavra de Deus e a pôs em prática; guardou mais
a verdade de Cristo na sua mente do que o corpo de Cristo no seu seio.
Cristo é
verdade; Cristo é carne. Cristo é verdade no espírito de Maria, Cristo é carne
no seio de Maria; é mais o que está no espírito do que o que se traz no seio.
Maria é santa,
Maria é bem-aventurada.
Mas é mais
importante a Igreja do que a Virgem
Maria. Porquê?
Porque Maria é
uma parte da Igreja, membro santo, membro excelente, membro supereminente, mas
apesar disso membro do corpo total.
Se é membro do
corpo, é certamente mais o corpo do que o membro.
A cabeça é o
Senhor, e Cristo total é a cabeça e o corpo.
Que mais direi?
Temos no corpo da Igreja uma cabeça divina, temos a Deus por cabeça.
Reparai
portanto em vós mesmos, irmãos caríssimos. Também vós sois membros de Cristo,
também vós sois corpo de Cristo.
Vede como o
sois, quando Ele diz: Eis minha mãe e
meus irmãos.
Como sereis mãe
de Cristo?
Todo aquele que ouve e pratica a vontade de
meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Quando diz
«irmãos» e «irmãs», fala evidentemente da mesma e única herança.
É uma só, na
verdade, a herança. Por isso, a misericórdia de Cristo, que sendo único não
quis ficar só, fez de nós herdeiros do Pai e herdeiros consigo.”
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (Sermo 25, 7-8: PL 46, 937-938)
Fontes: (1) S N Liturgia
+ Evangelho Quotidiano