Santo Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja | Síntese biográfica e textos
Santo Ambrósio nasceu cerca de 340, em Augusta dos Tréveros,
Gália Bélgica, e faleceu a 4 de abril de 397 (Sábado Santo), em Mediolano, atual Milão.
É o padre latino mais antigo da Igreja.
Preparado para a carreira de estadista,
assume, sendo ainda muito jovem, o governo geral das províncias italianas
setentrionais - ainda sem nome -, e é então que o elegem inesperadamente para
ocupar a cadeira episcopal de Milão.
«Fundamento do seu labor episcopal foi a orientação espiritual predicante. A sua pregação equivaleu em surpreendente medida a uma exegese das Escrituras, em especial do Velho Testamento que, mediante este novo método alegórico ainda inédito no Ocidente, ganha por um lado impulso e, por outro, insuspeitada profundidade» (Lortz).
É um dos primeiros a proclamar uma Igreja independente do Estado, e a dada altura ameaça mesmo com a excomunhão o imperador (após os assassínios de Tessalonica em 390):
«O imperador está com a Igreja, não sobre ela.»
Aí se entrevê já com clareza o conflito que
matizará toda a história do mundo ocidental. (1)
Santo Ambrósio é padroeiro de Milão, onde faleceu e se encontra
sepultado (Basílica de Santo Ambrósio), das abelhas e dos apicultores, dos fabricantes de velas e dos
animais domésticos.
A sua festa litúrgica celebra-se a 7 de dezembro.
Saber mais sobre Santo Ambrósio.
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«O próprio David Lhe chama Senhor»
"Atenta no mistério de Cristo: nasceu do seio da Virgem, como Servo e como Senhor; como Servo, para executar, como Senhor, para mandar, para semear o Reino de Deus no coração dos homens.
Ele tem uma dupla origem, mas é um só ser. Não é um quando vem do Pai e outro quando vem da Virgem; é o mesmo, nascido do Pai antes de todos os séculos, encarnado no tempo pela Virgem.
É por isso que é chamado Servo e Senhor: Servo por nossa causa; mas, devido à unidade da substância divina, Deus de Deus, Príncipe dos Príncipes, Filho em tudo igual ao Pai.
O Pai não criou um Filho estranho a Si mesmo, este Filho sobre quem declarou: «Nele pus todo o meu agrado» (Mt 3,17). [...]
O Servo mantém os títulos da sua dignidade.
Deus é grande, e grande é o seu Servo: ao tomar carne, Ele não perde esta «grandeza que não tem limites» (Sl 144,3). [...]
«Ele, que era de condição divina, não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si mesmo tomando a condição de servo» (Fil 2,6-7). [...]
Ele é, portanto, igual a Deus, como Filho de Deus, mas tomou a condição de Servo ao encarnar e experimentou a morte (Heb 2,9), Ele, cuja «grandeza não tem limites». [...]
É boa, esta condição de servo, que nos libertou a todos? Sim, é boa! Ela valeu-Lhe «o nome que está acima de todo o nome»!
É boa, esta humildade! É por ela que, «ao nome de Jesus, todo o joelho se dobre nos Céus, na Terra e nos infernos e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai» (Fil 2,10-11)."
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja | Sermão sobre o salmo 35, 4-5
(1) História Universal Comparada (vol. IV) | Imagem