«Envias o teu Espírito [...] e renovas a face da Terra» (Sl 103,30)

«Envias o teu Espírito [...] e renovas a face da Terra» (Sl 103,30)

«Envias o teu Espírito [...] e renovas a face da Terra» (Sl 103,30)

Segundo o desígnio de Deus, no princípio, o Espírito de Deus encheu o universo, «alargando o seu vigor de um extremo ao outro do mundo e governando todas as coisas com doçura» (Sab 8,1).

Mas no que toca à sua obra de santificação, foi a partir do dia de Pentecostes que «o Espírito do Senhor encheu o universo» (Sab 1,7).

Foi hoje que este Espírito de doçura foi enviado pelo Pai e pelo Filho, para santificar toda a criatura segundo um plano novo, uma maneira nova, numa nova manifestação do seu poder e da sua força. 

Outrora, «o Espírito não tinha sido dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado» (Jo 7,39). […] Hoje, vindo da sua morada celeste, o Espírito é dado às almas dos mortais com toda a sua riqueza e fecundidade, e este orvalho divino estende-se sobre toda a Terra, na diversidade dos seus dons espirituais.

E é justo que a plenitude das suas riquezas tenha descido sobre nós do alto dos Céus, uma vez que, poucos dias antes, por generosidade da nossa Terra, os Céus tinham recebido um fruto de maravilhosa doçura. […]

A humanidade de Cristo é toda a graça da Terra; o Espírito de Cristo é toda a doçura do Céu. 

Produziu-se então uma troca salvífica: a humanidade de Cristo subiu da Terra para o Céu; hoje, o Espírito de Cristo desceu do Céu sobre nós. […]

O Espírito Santo age em toda a parte e em toda a parte toma a palavra. 

Certamente que o Espírito do Senhor foi dado aos discípulos antes da Ascensão, quando o Senhor lhes disse: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos».

Mas, antes do Pentecostes, não se ouviu a voz do Espírito Santo, não se viu brilhar o seu poder. 

E o seu conhecimento não tinha chegado aos discípulos de Cristo, que não tinham sido confirmados na coragem, uma vez que o medo os obrigava ainda a esconder-se numa sala fechada à chave.

A partir desse dia, porém, «a voz do Senhor domina as águas, […] cria lâminas de fogo […] e todos exclamam: Glória!» (Sl 28,3-9)

Santo Aelredo de Rievaulx (1110-1167), monge cisterciense | Sermão sobre as sete vozes do Espírito Santo no Pentecostes, Sermões inéditos | Imagem

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