«Sou manso e humilde de coração»
“Podemos
considerar a mansidão de Cristo em quatro circunstâncias: na sua vida
ordinária, nas suas reprimendas, na graça do seu acolhimento e finalmente na
sua Paixão.
Primeiro,
podemos ver a doçura de Cristo na vida ordinária, porque todas as suas atitudes
eram pacificadoras: Ele não procurava provocar discussões, mas evitava tudo
quanto pudesse produzir altercações; e dizia: «Aprendei de Mim, que sou manso e
humilde de coração». Imitemo-lo, pois. [...]
A
mansidão de Cristo também aparece nas suas reprimendas.
Teve de
sofrer, por parte dos seus perseguidores, muitos opróbrios, mas nunca respondeu
com cólera nem em tom de querela.
No seu
comentário ao texto «Por causa da verdade
e da mansidão» (Sl 44,5), Santo Agostinho afirma que a verdade se dava a conhecer quando Cristo pregava, e
que era admirável a doçura e paciência com que respondia aos seus inimigos
[...].
A sua
mansidão é igualmente patente na graça do seu acolhimento. Há quem não saiba
receber com ternura.
Cristo,
pelo contrário, recebia os pecadores com benignidade, comia com eles,
admitindo-os às suas refeições ou aceitando os seus convites, para espanto dos
fariseus: «Porque é que o vosso Mestre
come com os publicanos e os pecadores?» (Mt 9,11).
Finalmente,
a mansidão de Cristo manifesta-se na sua Paixão, para a qual avançou como um
cordeiro: «Insultado, não devolvia os
insultos» (1Ped 2,23). [...]
Diz Ele,
através do profeta Jeremias:
«Sou semelhante a um cordeiro levado ao matadouro» (Jer 11,19). [...]
A
mansidão garante a herança da Terra da felicidade. É por isso que lemos em São
Mateus: «Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra» (Mt 5,5).”
São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja | Sermão para o primeiro Domingo do Advento | Imagem