«Vieram ao seu encontro, saindo dos túmulos, dois endemoninhados»
“«Estarei a seu lado na tribulação, para o
salvar e encher de honras» (Sl 90,15), «as
minhas delícias são estar com os filhos dos homens» (Prov 8,31).
Eis o
Emanuel, Deus connosco (Mt 1,23). [...] Ele desceu para estar próximo dos que
têm o coração aflito, para estar connosco na nossa aflição.
Mas virá um dia em que
«seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estarmos sempre com o Senhor» (1Tess 4,17).
Se nos
esforçarmos por tê-lo sempre connosco como companheiro de viagem, em troca, Ele
dar-nos-á a pátria; melhor ainda: Ele mesmo será a nossa pátria, desde que
agora seja o nosso caminho.
Assim, é
bom para mim, Senhor, estar na aflição, desde que Tu estejas comigo; é melhor
que reinar sem Ti, que alegrar-me sem Ti, que estar sem Ti na glória.
É melhor
para mim agarrar-me a Ti na angústia, ter-Te comigo no crisol, que estar sem
Ti, ainda que seja no Céu.
Com
efeito, «quem mais tenho eu no Céu? Na
Terra só desejo estar contigo» (Sl 72,25), «porque no fogo se prova o ouro e os eleitos de Deus no cadinho da
humilhação» (Sir 2,5).
É aí que
Tu estás, no meio dos que se reúnem em teu nome, como outrora os três jovens na
fornalha da Babilónia (cf Dan 3,92). [...]
Então
porque tememos? [...] «Se Deus está por
nós, quem pode estar contra nós?» (Rom 8,31).
Se Deus
nos arranca das mãos dos nossos inimigos, quem poderá arrancar-nos das suas
mãos?”
São Bernardo
(1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja | Sermão 17 sobre o Salmo 90,
§4; PL 183, 252 | Imagem