O Papa Inocêncio III e o IV Concílio de Latrão

 

O Papa Inocêncio III e o IV Concílio de Latrão

O ideal de Inocêncio III

O temporal - o político - submetido ao espiritual e este ao eterno - essa era a visão do mundo que Inocêncio III desejava que todo homem levasse em seu coração. E esse o ideal que o Papa Inocêncio III apresenta aos Padres do IV Concílio de Latrão, realizado em 1215.

Essa assembleia - a mais importante da Idade Média - foi verdadeiramente o reflexo da cristandade romana pelo número (mil e duzentos) e pela variedade (bispos, abades, priores, embaixadores) dos participantes.

Inocêncio III dominou toda a reunião, ainda que as decisões do concílio tenham marcado um momento importante na vida da Igreja.

O IV Concílio de Latrão em 1215

Os pontos principais deste concílio foram

- a urgência de uma reforma da Igreja (cuja necessidade se impõe durante esta época, no seguimento da fundação das novas ordens, a dos Franciscanos e a dos Dominicanos);

- a definição da doutrina da transubstanciação, segundo a qual a substância do pão e do vinho se transforma por completo na substância do corpo e do sangue de Cristo durante o sacrifício da missa;

Na liturgia da Igreja, a doutrina da transubstanciação introduziu um novo elemento no serviço divino: a elevatio, ou seja, a elevação e apresentação a todos os fiéis do corpo e do sangue de Cristo transformados.

- a instância de fixar o preceito da confissão e da comunhão pelo menos uma vez por ano, pela Páscoa;

- a limitação da instituição de outras ordens, e a sua obediência às regras apostólicas (para evitar a formação de seitas cismáticas);

- a regulação da outorga de indulgências pelos bispos e a proibição de impor novos impostos aos bens da Igreja sem o prévio consentimento do Papa.

- uma legislação precisa sobre o casamento, considerado como um ato sagrado;

Ao mesmo tempo, tomaram-se severas medidas contra as heresias, especialmente contra as dos Cátaros e dos Valdenses.

Outras decisões do Papa

Além disso, preocupado em assegurar a pregação ao povo cristão, o Papa toma oficialmente sob sua proteção os frades pregadores.

Também condena a riqueza dos monges e dos clérigos, dando detalhes precisos sobre o que deveria ser o hábito clerical. Ele próprio também reduziu o nível de sua casa.

Jurista mas também pastor, Inocêncio III multiplica as bulas e legações, perseguindo a imoralidade tanto entre os reis como entre os clérigos e vigiando permanentemente para que "a semente evangélica não fosse asfixiada pelos espinhos".

Fontes: Pierre Pierrad, História da Igreja / História Universal Comparada (vol.VI) | Imagem