São Domingos de Gusmão fundou a Ordem dos Pregadores
São Domingos de Gusmão nasceu em Caleruega, província de Burgos e diocese de Osma em Castela-a-Velha,
no ano de 1170.
O pai desejava
que se tornasse um homem de armas, mas a vontade de Domingos não era essa.
A partir dos 6
anos a sua educação foi conduzida por um tio sacerdote (arcipreste) e aos 14
anos entrou na Universidade de Palência onde estudou filosofia e teologia.
Quando terminou
os estudos integrou a diocese de Osma e em 1203, juntamente com o respetivo
bispo partiu em direção à Dinamarca ao serviço do rei Afonso IX .
Ainda em
Espanha aconteceu que durante uma discussão com o dono da pensão onde se
hospedara em Tolosa conseguiu convertê-lo.
Este facto
revelou-lhe a sua vocação de apóstolo.
Mais tarde
(1215), em Tolosa, nasceu a primeira casa da ordem dos Irmãos Pregadores
– assim também são conhecidos os Dominicanos.
Após a viagem à
Dinamarca dirigiu-se a Roma com o objetivo de receber autorização do Papa
Inocêncio III para evangelizar a tribo de Cumanos localizada no mundo
germânico.
O Papa achou
mais premente enviá-lo para Albi onde se tinha instalado um movimento cristão -
o catarismo - considerado herético pela Igreja Católica.
Permaneceu em
Albi sete anos, e o seu exemplo de vida austera e a pregação ajudou à
erradicação dessa heresia.
Regressa a Roma
de novo para o IV Concílio Lateranense. Foi durante esta 2ª estada que conheceu
Francisco de Assis de quem tivera uma visão.
Regressando
novamente a Tolosa escreveu as constituições da nova ordem e, depois de
aprovadas pelos seus companheiros, voltou a Roma e o Papa Honório III confirmou
a nova ordem dando-lhe no ano seguinte o título de Pregadores.
Foi no palácio
do Papa que São Domingos iniciou o seu ministério com a pregação da Quaresma
daquele ano cujo tema foi as Cartas de S. Paulo.
Por essa altura
S. Domingos teve a visão de S. Paulo e de S. Pedro que lhe apresentaram um
cajado e um livro e lhe disseram: “Vai e prega, que esta é a tua missão.”
A partir desse
momento apresentou-se sempre com o Evangelho de S. Mateus e as Epístolas
de S. Paulo assim como com um bastão.
Quando
regressou a França recebeu a profissão solene dos companheiros que se
espalharam por França e Espanha e mudou-se para Roma de onde governou a ordem,
fazendo também inúmeras viagens apostólicas.
Recebeu de Deus
a seguinte oração:
“Senhor,
dignai-vos conceder-me uma caridade verdadeira, um zelo capaz de procurar a
salvação do próximo, para, consagrando-me de todos, e com todas as minhas
forças à conversão dos pecadores, chegar a ser verdadeiramente um membro
d’Aquele que se ofereceu inteiramente a seu Pai para salvar os homens.”
Morreu em Bolonha, estando o seu corpo numa capela e num mausoléu de mármore, e foi canonizado em 1234 pelo papa Gregório IX..
A Igreja Católica celebra a sua memória litúrgica no dia 8 de Agosto. 1
São Domingos, um contemplativo
Domingos era um verdadeiro contemplativo.
Gostava de ficar um pouco para trás quando, juntamente com os companheiros,
percorria longos troços de estrada imerso no silêncio, totalmente recolhido em
Deus.
Desse silêncio brotavam palavras e gestos
de vida, além da insólita capacidade de captar na normalidade da vida e das
situações a voz daquele que lhe falava precisamente através das pessoas e dos
acontecimentos.
Tudo o que lhe acontecia era, para ele,
ocasião para escutar a sede das pessoas e a voz de Deus.
E na experiência do silêncio e do deserto
do coração, em Fanjeaux, compreendeu que havia necessidade de “espaço”: espaço
para o “diferente”, espaço para o diálogo.
Espaço para que a Palavra pudesse ser
pregada dentro de um estilo de vida até então impensado: a vida comum, a
contemplação, o estudo, a pobreza voluntária.
O coração de Domingos é um coração ferido
pela escuridão do mundo; a sua sede é a sede ardente de quem sente sobre si as
feridas dos outros, e deseja responder à voz daquele que convida: «Quem tem
sede, venha a mim e beba». 2
Falava com
Deus ou de Deus
“Era tão
admirável na vida de Domingos a santidade de costumes e o fervor do espírito
que todos viam nele um instrumento escolhido da graça divina.
A sua
tranquilidade e firmeza de ânimo apenas se alterava pelos sentimentos de
compaixão e de misericórdia.
A alegria de
coração transparecia na jovialidade do seu rosto, revelando a paz e harmonia da
sua vida interior.
Em toda a parte
se mostrava, nas palavras e nas obras, como um homem do Evangelho.
Durante o dia,
no trato com os irmãos e companheiros, ninguém era mais simples e agradável.
Durante as
horas da noite, ninguém era mais assíduo em vigílias e orações.
Raramente
falava, a não ser de Deus, ou com Deus na oração, e exortava os seus irmãos a
fazerem o mesmo.
Uma coisa pedia
a Deus com especial insistência: que Se dignasse conceder lhe uma verdadeira
caridade, que o levasse a trabalhar eficazmente para a salvação dos homens,
consciente de que só seria verdadeiramente membro de Cristo, quando se
dedicasse com todas as suas forças à salvação das almas, como o Salvador de
todos nós, o Senhor Jesus, que totalmente Se ofereceu para nossa salvação.
Com esta
finalidade, fundou a Ordem dos Pregadores, que era um projeto em que
meditava profundamente já há muito tempo.
Com frequência
exortava de palavra e por cartas os irmãos desta Ordem para que sempre se
aplicassem ao estudo do Novo e do Antigo Testamento.
Trazia sempre
consigo o Evangelho de São Mateus e as Epístolas de São Paulo, e
tanto as estudava que quase as sabia de cor.
Por duas ou
três vezes foi eleito bispo, mas sempre recusou, preferindo viver em pobreza
com os seus irmãos, a governar uma diocese.
Conservou
intacta até ao fim a glória da sua pureza.
Desejava ser
flagelado e despedaçado e martirizado pela fé de Cristo.
A seu respeito
afirmou Gregório IX: «Conheci um homem tão fiel cumpridor das regras
apostólicas que não duvido estar agora no Céu, associado à glória dos mesmos Apóstolos».”
De escritos
diversos da História da Ordem dos Pregadores (Libellus de principiis O.P.: Acta
Canonizationis S. Dominici: Monum. O. P. Mist. 16, Romae, 1935; pp. 30 ss.,
146-147) (séc. XIII)
*****
A Ordem mendicante dos Pregadores
Os dominicanos são, pois, os filhos
espirituais deste espanhol, Domingos, cónego regular.
Em 1206, acompanhando seu bispo à
Dinamarca, ele atravessa o Languedoc e constata como aquela velha terra cristã
estava arrasada por um feudalismo tenaz, pela ignorância dos clérigos e pela
sedução do catarismo.
Na volta, consegue permissão para se fixar
lá: pela controvérsia, pelo exemplo da pobreza vivida e da independência em
relação aos senhores feudais, Domingos - à margem da horrível cruzada
antialbigense - esforça-se por levar os cátaros para o seio da Igreja.
Em 1215, com a colaboração do bispo Foulque,
ele reuniu em Tolosa alguns companheiros, para os quais, em 1217, obteve do
Papa a confirmação de seu título de frades pregadores.
Colocada à disposição da Igreja, a
companhia estende-se até Paris - onde os frades, instalados no subúrbio de
Saint-Jacques, tornam-se populares sob o nome de jacobinos -, a Espanha,
Bolonha e Roma.
A regra de Santo Agostinho
A regra dominicana é a regra chamada de santo Agostinho, praticada pelo fundador.
Mas este incorpora a si elementos
estruturais que tornam a ordem dos pregadores aparentada com as associações
comunais, as corporações de ofícios e as universidades.
Porque a ordem dominicana distingue-se das
antigas ordens por seu caráter democrático:
- em todos os níveis, a autoridade se
exerce através de eleições permanentes e renovadas;
- não existe abade à frente do convento,
mas sim um prior aprovado pela comunidade.
Assim, os dominicanos são portadores de
uma teologia da vida social à qual sempre se opuseram, como que
instintivamente, todos os voluntarismos.
Diante dos " perfeitos" cátaros, os frades de Domingos mostravam-se pobres ¬- de espírito, atitude e vestuário.
A exemplo de Francisco de Assis, o evangelismo implicava para Domingos uma
ruptura com o regime feudal, através da recusa de dízimos e benefícios.
Mas os dominicanos nunca esquecerão que
são antes de mais nada pregadores; daí a primazia que sua regra dá aos estudos,
inclusive sobre o ofício.
Lembrando-se de como os cistercienses
primitivamente enviados ao Languedoc estavam despreparados diante do catarismo,
eles mantiveram seu horizonte intelectual amplamente aberto.
Daí a posição de vanguarda seguidamente
assumida por esses religiosos vestidos de branco: uma posição desconfortável,
não ditada por um secreto desejo de bravata, mas imposta desde o seu interior
por uma vocação original. 3
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Lema
"Laudare, Benedicere, Praedicare" (Louvar, Abençoar e Pregar)
Tipo
Ordem Religiosa Mendicante
Espiritualidade
Oração, Vida Comunitária, Estudo e Pregação
Santos conhecidos
São Domingos de Gusmão (fundador) | Santa Catarina de Sena | Santo Alberto Magno | São Martinho de Porres | Santa Rosa de Lima
Fontes: 1 Os Santos de cada dia, Editorial A.O – Braga (texto editado e adaptado) | 2 Texto | 3
História da Igreja, Pierre Pierrard (texto editado e adaptado) | Imagem