A Ordem dos Irmãos Pregadores - A Ordem Dominicana

 

A Ordem dos Irmãos Pregadores

No século XIII a Igreja encontra-se estabelecida por toda a parte, mas os pastores, absorvidos pelo governo do seu rebanho, não podem dedicar-se ao ministério da palavra; a Cristandade está faminta da verdade que não lhe pregam.

É então que Deus suscita na sua Igreja um homem animado do espírito evangélico para fundar uma Ordem de Apóstolos, de Pregadores.

Esse homem é Domingos de Gusmão.

«Domingos quis instituir uma Ordem de religiosos que, à maneira duma reserva móvel de soldados, pudesse prestar um socorro poderoso e eficaz em qualquer parte onde a Igreja estivesse em perigo» (Pio XI, 06.03.1934).

A original audácia de S. Domingos consistiu em lançar os religiosos na vida activa do apostolado.

Até então os monges viviam retirados do mundo, entregues à oração e ao trabalho na paz da sua vida contemplativa. Aos Dominicanos não faltará essa vida contemplativa no claustro, mas irão depois pelas cidades e aldeias, nas cátedras e nos púlpitos, comunicar aos outros o fruto da sua contemplação.

Formados nas Universidades de Paris, Toulouse, Bolonha, os primeiros Frades Pregadores estão aptos para serem enviados por toda a parte, à imitação dos Apóstolos, a ensinarem nas Universidades, a pregarem aos grandes auditórios das catedrais e aos humildes nas igrejas das aldeias.

Quando S. Domingos morreu, cinco anos depois da dispersão dos frades em Prouille, os dominicanos estavam estabelecidos na França, Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Inglaterra, Hungria, e já tinham missões na África e na Ásia.


São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Irmãos Pregadores (Dominicanos)

Sob a protecção de Maria

A Ordem Dominicana foi desde o princípio objecto de uma protecção muito especial da Santíssima Virgem Maria.

Assim o creram os primeiros religiosos que foram testemunhas dos favores singulares da Mãe do Céu, e a história mostra, por mais de uma vez, que essa crença era fundada.

Os primeiros religiosos chamavam à Santíssima Virgem Maria, Fundadora, Protectora, Abadessa, Advogada da Ordem.

A Ela atribuem a própria fundação da Ordem; e, de certo, foi nas longas horas de oração, na capelinha de Nossa Senhora de Prouille, durante os dez anos de apostolado contra os Albigenses, que S. Domingos concebeu a ideia de uma Ordem de apóstolos, cuja arma favorita havia de ser o Rosário de Maria.

O próprio escapulário, parte principal do hábito dominicano, foi mostrado pela Virgem ao Beato Reginaldo: «Domingos, o meu filho bem-amado, foi uma luz que dei ao mundo por intermédio de Maria. Por intermédio de Maria, disse, e porquê? Porque foi Maria que lhe deu o hábito. A Ela, a minha bondade, confiou este encargo» (O Eterno Pai a Sta. Catarina de Sena).

A história primitiva da Ordem (Vida dos Irmãos, III, 25) conta os diversos testemunhos de carinho da Santíssima Virgem Maria para com os religiosos que Ela chamava da sua Ordem.

Algumas vezes, de noite, enquanto os irmãos repousavam, Nossa Senhora percorria os dormitórios, acompanhada por outros santos e abençoava os religiosos aspergindo-os com água benta.

Estudo e Oração

Estudo - Pregadores da doutrina evangélica, os religiosos devem preparar-se no «estudo assíduo da verdade, meio necessário e indispensável para alcançar o fim da Ordem.

Por isso, os Irmãos, seguindo o exemplo e as ordens do nosso Pai S. Domingos, entreguem-se de tal maneira ao estudo que, de dia e de noite, em casa ou em viagem, leiam ou meditem alguma coisa, esforçando-se por reter na memória o que puderem». (Livro das Constituições e Ordenações da Ordem).

O estudo constante da Ciência Sagrada faz parte essencial da vocação dominicana.

Cheios de Deus e das verdades eternas, poderão comunicar às almas o fruto e a abundância da sua contemplação, "contemplata aliis trádere".

Oração - É principalmente no silêncio, no recolhimento, no convívio com Deus por meio da oração, sobretudo litúrgica, que se forma o religioso dominicano.

Por vontade de S. Domingos o Ofício Coral é de Regra.

Apostolado

O apostolado dominicano é marcado pelo cunho especial da Ordem: deve ser um transbordar da vida interior haurida no estudo e na oração.

S. Tomás de Aquino definiu a essência deste apostolado nas três palavras de oiro que ficaram sendo a divisa da Ordem: "contemplata aliis trádere": comunicar aos outros o fruto da própria contemplação.

O dominicano que for fiel ao ideal da sua Ordem será em toda a parte luz a brilhar no meio da ignorância religiosa, alma em fogo a aquecer os corações frios. Foram assim os grandes santos, os grandes apóstolos dominicanos.

S. Domingos pregando aos Albigenses instruía-os com o Evangelho e as Epístolas de S. Paulo, que sempre trazia consigo, atraía-os com a sua paciência e caridade.

S. Vicente Ferrer percorria a Europa despertando as almas do torpor em que viviam, pregando-lhes a realidade do Juízo final. Conseguiu assim arrancar ao pecado milhares de almas que depois perseveraram em vida de rigorosa penitência.

Era tal o valor da sua virtude e a eficácia da sua argumentação que converteu à fé cristã uma grande multidão de Judeus e Maometanos (Muçulmanos).

S. Luís Bertrand, ardendo em desejo de conquistar almas para Cristo, passa o Atlântico e vai pregar aos indígenas da América latina. Só se serve da língua espanhola, mas Deus faz com que o compreendam todos os que o ouvem.

Em Portugal, citemos apenas três grandes apóstolos elevados às honras dos altares: o Beato Gil de Santarém, o Beato Gonçalo de Amarante, o popular S. Gonçalo, e São Bartolomeu dos Mártires.

O Beato Gil de Santarém era médico e, depois de uma juventude dissipada e pecaminosa, converteu-se e tomou o hábito dominicano. Os religiosos que foram testemunhas da sua vida louvam a sua grande humildade, caridade fraterna e espírito de oração. Foi Superior da Ordem em toda a Península e morreu em Santarém, em 1265.

O Beato Gonçalo era sacerdote secular (diocesano) e pároco na diocese de Braga. Ao voltar de uma peregrinação a Jerusalém e a Roma, e desejando fazer-se religioso, passa uma Quaresma a pão e água implorando de Maria Santíssima que lhe mostre a sua Ordem predilecta.

Recebe então um sinal certo que o conduz à Ordem de S. Domingos. Dedicou-se à pregação na região de entre Douro e Minho, particularmente em Amarante.

São Bartolomeu dos Mártires nasceu em Lisboa, a 3 de Maio de 1514. Foi Arcebispo de Braga de 1558 a 1582. Tomou parte notabilíssima na segunda fase do Concílio de Trento (1561-1563); deu-se inteiramente à santificação do clero e catequese dos fiéis; foi incansável "Pai dos pobres", sobretudo dos doentes, morreu aureolado da fama de santidade, em 1590.

[Foi proclamado santo no dia 6 de julho de 2019, pelo Papa Francisco, e a sua memória litúrgica é celebrada no dia 18 de Julho.]

Manifesta-se poderoso protector contra todos os males, em particular contra o cancro. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 4 de Novembro de 2001.

Em toda a parte, a Ordem de S. Domingos tem honrado a oratória sagrada. Lembremos apenas Lacordaire, Monsabré e Janvier, os três maiores oradores de Notre Dame de Paris.

Fonte: “Ao serviço de Jesus e de Sua Mãe – a Ordem Dominicana” (3ª edição) – Editorial Apostolado do Rosário – Fátima – 2014 (atualizadas informações sobre São Bartolomeu dos Mártires)

Sugestões: