O que diz a Igreja sobre a cremação?

O que diz a Igreja sobre a cremação?

O que diz a Igreja sobre a cremação?

Está a aumentar o número daqueles, mesmo fiéis católicos, que escolhem a cremação do corpo após a sua morte. Durante a pandemia, foi mesmo imposta essa opção. O que diz a Igreja sobre a cremação?

Na instrução “Sobre a ressurreição com Cristo. A propósito da sepultura dos defuntos e da conservação das cinzas da cremação” (15/8/2016), a Congregação para a Doutrina da Fé responde claramente à questão nestes termos: 

“Onde, por razões de tipo higiénico, económico ou social, se escolhe a cremação; escolha que não deve ser contrária à vontade explícita ou razoavelmente presumível do fiel defunto, a Igreja não vê razões doutrinais para impedir tal práxis; uma vez que a cremação do cadáver não toca o espírito e não impede à omnipotência divina de ressuscitar o corpo. 

Por isso, tal facto, não implica uma razão objetiva que negue a doutrina cristã sobre a imortalidade da alma e da ressurreição dos corpos.

A Igreja continua a preferir a sepultura dos corpos uma vez que assim se evidencia uma estima maior pelos defuntos; todavia, a cremação não é proibida, «a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã».” (n. 4)

Conservar as cinzas num lugar sagrado

E, quanto ao destino das cinzas, o mesmo documento esclarece: “Quaisquer que sejam as motivações legítimas que levaram à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério” ou noutro “lugar especialmente dedicado a esse fim” determinado pela autoridade competente.

A reforçar esta posição favorável vem o facto de a Igreja prever no seu ritual a “celebração das exéquias no caso de cremação do cadáver”. 

Tal ato litúrgico antecede normalmente a cremação e celebra-se na igreja ou mesmo na sala crematória.

A celebração pode realizar-se também perante as cinzas, que recebem o mesmo tratamento de respeito dado ao cadáver. 

A Igreja não permite, por isso, que, após as exéquias, a urna com as cinzas do defunto se leve de novo à igreja para a comemoração do aniversário ou noutras ocasiões.

A Igreja prefere o enterramento

Note-se que a Igreja tem clara preferência pelo enterramento do corpo do cristão defunto, “porque com este gesto se imita melhor a sepultura do Senhor” e se julga mais conforme com a fé na ressurreição dos corpos. 

No entanto, já se começa a refletir à luz da fé, procurando significado para a cremação. Fala-se então do “elemento purificador” do fogo e de “sacrifício do próprio corpo consumado diante de Deus, símbolo dessoutro sacrifício que foi a vida cristã” do defunto (J. Aldazábal).

Em todo o caso, seja pelo enterro ou pela cremação, o destino dos restos mortais da pessoa não muda: é o pó. 

Também não se altera a fé cristã que afirma e espera a sua futura ressurreição. S. Paulo diz que o “corpo terreno” lançado à terra com a morte é ressuscitado como “corpo espiritual” e argumenta que “se há um corpo terreno, também há um corpo espiritual” (1 Cor 15,44). 

Tal pode acontecer quer o corpo seja enterrado quer seja cremado, pois a ressurreição é uma nova criação que Deus faz.

Página FB de Jorge Guarda (texto editado. Subtítulos da nossa responsabilidade)

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