São Paulo, o Apóstolo dos Gentios
São Paulo / Saulo de Tarso
"São Paulo é-nos conhecido melhor que qualquer personalidade do Novo Testamento, por causa das suas Epístolas e pelos Atos dos Apóstolos, duas fontes independentes que se confirmam e se completam, não obstante algumas divergências em pormenores.Além disso, alguns sincronismos com
acontecimentos conhecidos através da história - sobretudo o proconsulado de
Galião em Corinto (At 18,12) e a substituição de Félix por Festo
(At 24,27-25,1) – permitem precisar certas datas e estabelecer assim uma cronologia
relativamente correta da vida do Apóstolo.
São Paulo
nasceu em Tarso da Cilícia (At 9,11;21,39; 22,3), pelo ano 10 de nossa
era, duma família judaica da tribo de Benjamim (Rm 11,1; FI 3,5), mas ao
mesmo tempo era cidadão romano (At 16,37s; 22,25-28,;23,27).
Recebeu desde a infância, em Jerusalém,
de Gamaliel, uma séria formação religiosa segundo as doutrinas dos
fariseus (At 22,3; 26,4s; GI 1,14; Fl 3,5).
No princípio, foi perseguidor implacável
da jovem Igreja cristã (At 22,4s; 26,9-12; Gl 1,13; FI 3,6) e esteve implicado
no assassínio de Estevão (At 7,58; 22,20; 26,10).
Teve uma conversão súbita, no caminho de Damasco,
devido à aparição de Jesus ressuscitado, que, ao manifestar-lhe a
verdade da fé cristã, indicou-lhe a sua missão especial de Apóstolo dos
gentios (At 9,3-19p; GI 1,12.15s; Ef 3,2s).
A partir deste momento (cerca do ano 36),
ele vai consagrar toda a sua vida ao serviço de Cristo que o 'conquistou" (FI
3,12).
Depois de uma temporada na Arábia e do
regresso a Damasco (GI 1,17), onde ele já prega (At 9,20), sobe a
Jerusalém pelo ano 39 (GI 1,18; At 9,26-29).
Depois retira-se para a Síria-Cilícia
(Gl 1,21; At 9,30), de onde é reconduzido a Antioquia por Barnabé,
com o qual ensina (At 11,25s; cf. 9,27).
A primeira missão apostólica, entre 45 e
49, fá-lo anunciar o evangelho em Chipre, Panfília, Pisídia
e Licaónia (At 13-14).
Foi então, segundo são Lucas, que
ele começou a usar seu nome grego Paulo, de preferência ao nome judaico -
Saulo (At 13,9), e é também então que ele suplanta seu companheiro Barnabé,
devido à sua preponderância na pregação (At 14,12).
Quatorze anos após a sua conversão (GI 2,
1), em 49, sobe a Jerusalém para participar do concílio apostólico,
onde foi aceite, em parte por sua influência, que a Lei judaica não obrigasse
os cristãos convertidos do paganismo (At 15; GI 2,3-6).
Ao mesmo tempo, a sua missão de Apóstolo
dos gentios é oficialmente reconhecida (GI 2,7-9), e ele parte de novo para
outras viagens apostólicas.
A segunda (At 15,36-18,22) e a terceira
(At 18,23-21, 17) ocupam respectivamente os anos 50-52 e 53-58; (…)
Em 58, é preso em Jerusalém (At
21,27-23,22) e retido na prisão em Cesareia da Palestina até ao ano 60
(At 23,23-26,32).
No outono de 60, o procurador Festo
envia-o escoltado a Roma (At 27,1-28,16), onde Paulo permanece
dois anos (At 28,30), de 61 a 63.
O seu processo terminou sem uma sentença
condenatória e ele foi libertado.
Talvez se tenha dirigido então à Espanha,
conforme desejava (Rm 15,24.28). Por outro lado, as epístolas pastorais supõem
novas viagens pelo Oriente.
Um último cativeiro em Roma
termina com o martírio, atestado pela mais antiga tradição, e que pode
ser situado em 67."
Fonte: A Bíblia de Jerusalém – Introdução às Epístolas de São Paulo (texto editado e adaptado) | Imagem