Santa dúvida do discípulo Tomé!
“Tomé disse aos outros: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei».
Tomé significa abismo, pois este
apóstolo adquiriu um conhecimento mais profundo e tornou-se mais firme na fé.
[...]
Não foi
por acaso, mas por disposição divina, que Tomé
estava ausente e não quis acreditar no que lhe disseram.
Admirável
desígnio! Santa dúvida deste discípulo!
«Se não vir nas suas mãos», disse ele.
Tomé queria ver reedificada a tenda
de David, que se tinha desmoronado,
e sobre a qual Amós havia dito: «Naquele
dia, reerguerei a tenda de David, que foi abalada, e repararei as brechas das
suas muralhas» (Am 9,11).
David designa a divindade, a tenda
designa o próprio corpo de Cristo,
no qual estava presente a divindade, que caiu, aniquilada, na Paixão e na
morte.
As brechas das muralhas designam as chagas das mãos, dos pés e do lado, chagas que o Senhor reedificou na sua ressurreição.
Foi sobre elas que Tomé afirmou: «Se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não
acreditarei».
O Senhor, compreensivo, não quis deixar na dúvida este discípulo sincero, que havia de tornar-se um vaso de eleição.
Por isso, retirou do seu espírito a sombra da
dúvida com um gesto bondoso, tal como viria a retirar a Paulo a cegueira da infidelidade.
«"Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente".
Tomé respondeu-Lhe: "Meu Senhor e
meu Deus!"».”
Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja | Domingo da Oitava de Páscoa | Imagem