Textos não-cristãos sobre Jesus Cristo

Conhecemos Jesus pelos Evangelhos.

Há poucos textos profanos que nos falem d'Ele; não é surpreendente; não havia então repórteres nem jornalistas, e a morte dum judeu num recanto obscuro do Império Romano não passava, infelizmente, de uma notícia vulgar.

Os escritores profanos só começam a interessar-se pela pessoa de Cristo quando o movimento por Ele lançado revela a sua força e ameaça o próprio Império. (…) Eis os principais textos:

- Por volta do ano 110, Plínio, o Jovem, procônsul na Ásia Menor, escreve ao seu amigo, o imperador Trajano, para lhe expor o seu comportamento com os cristãos que de tal modo se multiplicam, que os templos pagãos estão abandonados; ele não os procura; quando são denunciados, pune-os com a morte se persistem na sua fé.

Alguns asseguravam que tinham deixado de ser cristãos...

Afirmavam que toda a sua culpa ou todo o seu erro se tinha limitado a reunirem-se habitualmente num dia fixo, antes do nascer do sol, para cantarem entre eles, alternadamente, um hino a Cristo como a um deus e para se comprometerem sob juramento, não a cometer este ou aquele crime, mas a não cometer nem roubo, nem pilhagem, nem adultério, a não faltar à palavra, a não negarem um contributo quando lhes fosse reclamado. Depois disto, separavam-se, para mais tarde se tornarem a reunir numa refeição, mas uma refeição vulgar e simples...

Acho que tudo isto não passa duma superstição absurda...

- Por volta do ano 115, o historiador romano Tácito descreve as perseguições de Nero contra os cristãos, após o incêndio de Roma em 64.

Este nome vem-lhes de Cristo que o procurador Pôncio Pilatos, no reinado de Tibério, tinha mandado supliciar. Imediatamente reprimida, esta superstição detestável, reaparecia não só na Judeia, onde o mal tinha nascido, mas até em Roma, aonde tudo o que no mundo existe de mais repelente e vergonhoso aflui e encontra uma numerosa clientela...

- Por volta do ano 120, outro historiador romano, Suetónio, escreve na sua Vida de Cláudio que este expulsou de Roma os Judeus que constantemente se sublevavam sob o estímulo de Chrestus.

Cristãos e judeus são, portanto, confundidos e Cristo é tomado por agitador presente entre eles. (Podemos confrontar este texto com Act. 18,2).

Na sua Vida de Nero, faz uma breve alusão: Mandaram para o suplicio os cristãos, gente entregue uma superstição nova e maléfica.

- Flávio Josefo é um historiador judeu que, ao princípio, lutou contra os Romanos e depois passou para o seu lado.

Morreu em Roma por volta do ano 98, depois de ter escrito algumas obras para dar a conhecer o judaísmo aos Romanos.

Uma passagem de Antiguidades Judaicas fala de Jesus.

Este texto chegou até nós em diferentes formas, e não há dúvida de que mãos cristãs manipularam o texto original.

A versão que aqui apresentamos tem alguma probabilidade de ser mais antiga do que as outras; encontramo-la na História Universal escrita em árabe, no séc. X, por Agápios, bispo de Hierápolis:

Naquela época, existiu um homem sábio, chamado Jesus; o seu comportamento era bom; as suas virtudes foram reconhecidas. E muitos judeus e gentes de outras nações fizeram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o à morte na cruz.

Mas aqueles que se tinham feito seus discípulos pregaram a sua doutrina. Contaram que lhes tinha aparecido dias após a sua crucifixão e que estava vivo. Talvez fosse ele o messias de quem os profetas tinham dito maravilhas.

In “Para ler o Novo Testamento”, Etienne Charpentier, Editorial Perpétuo Socorro / Difusora Bíblica - 2ª edição (texto editado e adaptado) | Imagem