Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo



A solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, a que habitualmente se dá o nome de “Corpo de Deus”, é celebrada pela Igreja Católica 60 dias depois do Domingo de Páscoa da Ressurreição, na quinta-feira que se segue à Solenidade da Santíssima Trindade.

A sua celebração pretende sublinhar o significado e a importância do sacramento da Eucaristia para a vida cristã.

Esta solenidade foi instituída pelo Papa Urbano IV, em 1264.

Surgiu, essencialmente, como resposta, por um lado às heresias que colocavam em causa a presença real de Cristo na Eucaristia (nomeadamente à heresia de Berengário que, no século XI, negava a presença real de Cristo, neste sacramento) e, por outro, ao movimento de devoção ao Santíssimo Sacramento que se tinha vindo a intensificar na prática dos fiéis.

É de destacar a importância da Santa Juliana de Cornillon (também conhecida como Santa Juliana de Liège), cujas visões místicas apelavam a esta devoção e invocavam a instituição desta festa litúrgica.

Esta solenidade foi recebendo várias denominações ao longo do tempo.

De modo particular nesta solenidade, a comunidade cristã é convocada para, como corpo, reafirmar a sua fé no mistério que se celebra no sacramento da Eucaristia.

A Eucaristia é a memória e a atualização do mistério pascal, ou seja, da morte e ressurreição de Jesus, que comunicando o amor que Deus é, concede a salvação a toda a humanidade.

Nas palavras de Bento XVI, na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis, o mistério eucarístico «é a doação que Jesus Cristo faz de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem».

É a contemplação deste mistério que, neste dia em particular, pretende suscitar em toda a comunidade adoração, louvor e agradecimento por este dom de amor, que é a fonte e o centro de toda a vida cristã.

Esta festa convida os fiéis a deterem-se, mais demorada e profundamente, no mistério que celebram e que é o centro vital da sua vida crente, renovando a sua profissão de fé em Cristo que está vivo e presente neste sacramento.

O próprio Papa Urbano IV, na Bula Transiturus de hoc Mundo, na qual institui esta celebração, sublinha que: «Embora a Eucaristia seja celebrada solenemente todos os dias, na nossa opinião, é justo, que, pelo menos uma vez por ano, se lhe reserve mais honra e solene memória».

Sempre que possível, esta solenidade é celebrada numa quinta-feira, para unir esta festividade à memória da Quinta-feira Santa, dia da instituição da Sagrada Eucaristia na última Ceia de Jesus com os Seus Apóstolos.

Quando tal não é possível, é transferida para o domingo seguinte.

A tradicional procissão que se realiza neste dia é uma prática ritual antiga que pretende ser uma expressão pública da devoção ao Santíssimo Sacramento, ou seja, ser um testemunho de fé na presença real e pessoal de Cristo nas espécies eucarísticas, no pão e no vinho.

Esta presença, pela comunhão e graça do Espírito Santo, torna-se viva na vida dos crentes, como dom de amor, que salva e liberta, levando-os a transformarem as suas vidas em nome deste amor que os habita.

Por outro lado, percorrendo as ruas por onde passa o dia-a-dia de tantas pessoas, esta procissão mostra-nos que Senhor nos acompanha em cada um dos nossos caminhos.

Na celebração desta solenidade, surgem como notas dominantes na pregação dos últimos papas: o amor de caridade, a comunhão, a universalidade e a unidade.

Ao relembrarem a centralidade da Eucaristia na vida cristã, como sacramento onde se celebra a entrega de Jesus por amor à humanidade, para a sua salvação, surge o convite a acolher este amor e a viver o dia-a-dia em seu nome, procurando amar, todos e cada um, como Jesus amou.

Surge, também, o convite a tomar consciência de que é como um corpo que a Igreja acolhe a graça deste sacramento, e não individualmente, a qual predispõe a comunidade a viver numa atitude de comunhão, de união e de anúncio permanente, que não a leva a fechar-se em de si mesma, mas a abrir-se ao serviço de todas as mulheres e homens do mundo.

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Corpus Christi (Corpo de Deus)

A Festa do Corpus Christi, ou do Corpus Domini, foi introduzida, no Ocidente, no século XIII.

Interpreta-se como efeito da crescente importância que a adoração à Eucaristia ia tendo na Igreja, em relação ao que até então tinha sido chave fundamental: a celebração e a comunhão.

Esta ênfase na adoração foi a resposta à heresia de Berengário, no século XI, que negava a presença real de Cristo, neste sacramento.

O Corpus celebrou-se, pela primeira vez, em 1246, em Liège, na Bélgica.

Pouco tempo depois, o papa Urbano IV (1264) estendeu a festa a toda a Igreja, e, ao longo do século XIV, foi-se convertendo rapidamente numa das festas mais apreciadas pelo povo cristão, que incluía a procissão com o Santíssimo, pelas ruas das cidades.

Esta procissão foi admitida em Roma só no século XV.

Os textos da Missa e, sobretudo, a formosa Sequência «*Lauda Sion», que é um verdadeiro tratado de teologia eucarística, atribuem-se, com bastante probabilidade, a S. Tomás de Aquino.

No Missal de Paulo VI (1970) a festa chama-se do «Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo», assumindo assim também a memória do Sangue de Cristo (suprimiu-se a Festa do Preciosíssimo Sangue, que se celebrava em 1 de Julho).

Celebra-se na quinta-feira depois do Domingo da Santíssima Trindade, em muitos países, no domingo seguinte.

As orações menores e a Sequência são as mesmas do Missal de Pio V (1570), mas há dois Prefácios sobre a Eucaristia (um para Quinta-Feira Santa e outro para o Corpus, mas ambos proclamáveis nesta festa) que são uma teologia mais atualizada do mistério eucarístico.

Também se enriqueceu notavelmente a série de leituras, diferentes nos três ciclos dominicais.

«Entre as procissões eucarísticas, tem particular importância e significado, na vida pastoral da paróquia ou da cidade, aquela que se costuma fazer cada ano na solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo ou noutro dia mais oportuno próximo desta solenidade» (RCCE 102; cf. EM 59, in EDREL 2552).

Deixa-se ao critério do bispo diocesano a conveniência e as modalidades desta procissão.

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