São Pio X, papa
"São Pio X nasceu na aldeia de Riese, na
região de Veneza, em 1835.
Depois de ter
desempenhado santamente o ministério sacerdotal, foi bispo de Mântua e
patriarca de Veneza.
Em 1903 foi
eleito papa.
Adotou como lema do seu pontificado «instaurar
todas as coisas em Cristo», ideal que orientou o seu pontificado.
No motu proprio Tra le sollecitudini
(1903) afirma que a participação nos santos mistérios é a fonte primeira e
indispensável da vida cristã.
Incentivou os
fiéis a intensificar esta vida com a participação na Eucaristia, a dignidade da
sagrada liturgia e a integridade da doutrina.
Morreu no dia
20 de agosto de 1914."
Foi beatificado
a 17 de fevereiro de 1952 e canonizado a 29 de maio de 1954.
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A voz da Igreja
que canta suavemente
"É sabido
que os salmos foram compostos por inspiração divina e formam parte da Sagrada Escritura; já desde as origens
da Igreja os salmos serviram admiravelmente para fomentar a piedade dos fiéis,
que por meio deles ofereciam continuamente a Deus um sacrifício de louvor, isto
é, o fruto dos lábios que aclamam o seu nome; e, segundo o costume da Antiga
Lei, eles vieram a constituir uma parte importante na própria Liturgia sagrada e no Ofício divino.
Assim nasceu o
que São Basílio chama «a voz da
Igreja» e a salmodia, qualificada pelo nosso predecessor Urbano oitavo como «filha da hinologia que se canta assiduamente
diante do trono de Deus e do Cordeiro» e que, segundo uma expressão de Santo Atanásio, ensina aos homens,
especialmente aos que se dedicam ao culto divino, «como se deve louvar a Deus e
as palavras dignas» de proclamar o seu nome.
Belamente se
exprime Santo Agostinho a este
propósito: «Para que o homem pudesse louvar dignamente a Deus, Deus louvou Se a Si mesmo; e porque Ele Se dignou louvar Se a
Si mesmo, o homem encontrou o modo de O poder louvar».
Os salmos têm,
além disso, uma eficácia admirável para suscitar nas almas o desejo de todas as
virtudes.
De facto,
«embora todas as partes da Escritura,
tanto do Antigo como do Novo Testamento, sejam inspiradas por
Deus e úteis para instruir, como está escrito, no entanto o Livro dos Salmos é como o paraíso em
que se encontram (os frutos) de todos os outros (livros sagrados) e oferece
além disso frutos especiais a quem entoa os seus cânticos ou salmos».
Estas palavras
são também de Santo Atanásio, que
acrescenta ainda: «Para mim, os salmos são como um espelho para quem os canta:
neles se contempla cada um a si mesmo, vê os próprios sentimentos, e assim lhes
dá sentido quando os recita».
Santo Agostinho, no livro das suas
Confissões, exclama: «Quanto não chorei ao escutar os vossos hinos e cânticos,
fortemente comovido pela voz da Igreja que cantava suavemente! Essas vozes
insinuavam se me nos ouvidos, infiltrando a verdade no meu coração; inflamava
me em sentimentos de piedade e corriam lágrimas dos meus olhos: mas sentia-me
consolado com elas».
Quem não se
deixará comover por aquelas frequentes passagens dos salmos em que é tão
profundamente exaltada a majestade de Deus, a sua omnipotência, a sua inefável
justiça, a sua bondade, clemência e todos os outros atributos, tão dignos de
infinito louvor?
Em quem não
encontrarão eco aqueles sentimentos de ação de graças pelos benefícios
recebidos de Deus, ou aquelas humildes e confiantes súplicas pelos dons que
esperamos receber, ou os clamores da alma arrependida dos seus pecados?
A quem não
inflamará de amor a imagem de Cristo
Redentor ali prefigurada, cuja «voz» Santo
Agostinho ouvia «em todos os salmos, ora cantando, ora gemendo, ora
alegrando se na esperança, ora suspirando pela realidade futura»?"
Da Constituição
Apostólica Divino afflatu, de S. Pio
X, papa (AAS 3 [1911], 633-635) (séc. XX) Fonte