S. Cosme e S. Damião, médicos e mártires (+303)
S. Cosme e S. Damião
“Encontramo-nos hoje com estes dois mártires orientais, que
morreram decapitados na perseguição de Diocleciano (284-305).
Eram irmãos e provavelmente gémeos, de profissão médicos, de
alta linhagem e de convicção cristã.
Os Gregos chamam a cada um anargiros, que quer dizer sem dinheiro, porque no exercício da
profissão curavam "todas as
enfermidades, não só das pessoas, mas também dos animais", fazendo
tudo gratuitamente.
Nas Actas que se conservam do martírio de ambos,
entrelaça-se o autêntico com o lendário e oratório.
Se nem tudo o que figura nelas é para ser admirado,
conservam-se passagens que os mais exigentes críticos consideram reprodução exata
do processo oficial.
O juiz que os interrogou em Egeia da Cilícia, na Ásia
Menor, é personagem histórica bem conhecida, que se chamava Lísias.
- Trazei-me esses
homens da religião perversa dos cristãos.
Diante do tribunal os tens, responderam os escrivães.
- Dizei-me o vosso
nome, a vossa condição, a vossa religião e a vossa pátria.
- Somos duma cidade da
Arábia.
- E como vos chamais?
- Eu chamo-me Cosme e
o nome do meu irmão é Damião. Descendentes de ilustre família, professamos a
medicina.
- E a vossa religião?
- A cristã.
- Bem, renunciai ao
vosso Deus e sacrificai aos deuses que fabricaram o Universo.
- Os teus deuses são
vãos e puras aparências, nem sequer se lhes pode dar nome de homens, mas de
demónios.
- Atai-os de pés e
mãos, e dai-lhes tormentos até que sacrifiquem.
Enquanto os verdugos despedaçavam as carnes dos dois irmãos
com açoites e nervos de boi, os mártires sorriam e diziam ao juiz:
- Presidente, já podes atormentar-nos com maior diligência, pois certificamos-te que nem sequer sentimos a dor.
Foram obrigados a recorrer à espada para a decapitação,
honra reservada apenas aos cidadãos romanos e somente assim os dois mártires,
juntamente com outros três irmãos, puderam prestar seu testemunho a Cristo.
Os cristãos do Oriente professaram-lhes muito profunda e sentida
devoção desde o princípio.
Levantaram-se igrejas e santuários em sua honra, recorria-se
a eles em todas as doenças e Deus operava, por intercessão deles, curas e
milagres constantes.
No século IV vemo-los honrados em Constantinopla com quatro
basílicas dedicadas à sua memória.
Em Roma, o papa
Símaco (498-514) erigiu-lhes um oratório no Monte Esquilino e Félix IV
(526 - 536) dedicou-lhes duas basílicas.
O templum sacrae Urbis da Via Sacra
passou a ser, e ainda é, a igreja principal dos dois irmãos médicos.
A epígrafe, que recorda a dedicação desta basílica do Foro,
conserva-se ainda e é o melhor elogio dos Santos
Cosme e Damião, que entraram mesmo no Cânone Romano da Missa, pela grande
devoção que lhes professava o povo: «Aos
dois mártires médicos, esperança para o povo de salvação certa. O Foro com a
honra sagrada dos Santos».
Os seus restos mortais, segundo consta, encontram-se em Ciro
na Síria, repousando numa basílica a eles consagrada.
A Igreja celebra a sua memória no dia 26 de setembro.”
Fontes: Santos de Cada Dia, Editorial Apostolado da Oração
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