São Clemente I, papa e mártir, + 102 - 23 de novembro
É Santo Irineu quem nos conta que, dos
sucessores imediatos de Pedro na Cátedra de Roma, o terceiro se chamava
Clemente.
Além dessa
notícia, do Papa, ele também nos relata que o autor da importante carta escrita pela Igreja de Roma à de Corinto é o Papa Clemente.
Foi dito
que a sua carta aos coríntios é a "epifania do primado romano",
enquanto este primeiro documento papal (protótipo de todas as cartas encíclicas
que seriam escritas no decurso dos séculos) afirma a autoridade do sucessor de
Pedro, bispo de Roma, sobre outras Igrejas de origem apostólica.
A carta,
escrita entre os anos de 93 e 97, enquanto estava ainda com vida o Apóstolo São João, é dirigida à Igreja de Corinto, dividida por cisma
interno, porque o grupo de fiéis contestava a autoridade dos presbíteros.
O tempo em
que S. Clemente esteve à frente da
Igreja (92-102) foi marcado por uma relativa paz e tolerância por parte dos
imperadores Vespasiano e Tito.
Neste dia,
23 de novembro, comemora-se o sepultamento do seu corpo, em Roma.
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Os dons de Deus são admiráveis
“Irmãos,
como são preciosos e admiráveis os dons de Deus! A vida na imortalidade, o
esplendor na justiça, a verdade na liberdade, a fé na confiança, a continência
na santidade: tudo isto está ao alcance da nossa inteligência. Que será então o
que está preparado para aqueles que O esperam? Só o Criador e Pai dos séculos,
o Santíssimo, só Ele conhece o seu número e a sua beleza. Lutemos, portanto,
com denodado esforço para sermos contados no número dos que esperam n’Ele, a
fim de sermos participantes dos dons prometidos.
Como
alcançar isto, irmãos? Podemos alcança-lo, se o nosso pensamento estiver
arraigado em Deus pela fé, se procurarmos com diligência o que Lhe é agradável
e aceite, se praticarmos o que estiver de acordo com a sua vontade santa e
seguirmos o caminho da verdade, afastando de nós toda a injustiça e
perversidade, toda a avareza e rivalidade, toda a malícia e engano.
O caminho,
irmãos, em que encontramos a nossa salvação é Jesus Cristo, sumo sacerdote das
nossas oblações, advogado e protector da nossa fragilidade. Por Ele fixamos o
nosso olhar nas alturas do Céu; por Ele contemplamos, como num espelho, a face
imaculada e soberana de Deus; por Ele se abrem os olhos do nosso coração; por
Ele se abre para a luz a nossa inteligência obscurecida; por Ele o Senhor quis
dar nos a saborear o conhecimento imortal, Ele que, sendo o esplendor da
majestade de Deus, é tão superior aos Anjos quanto mais excelente é o nome que
recebeu em herança.
Por isso,
irmãos, militemos com toda a valentia sob as suas ordens justíssimas. Os
grandes não podem subsistir sem os pequenos nem os pequenos sem os grandes. Em
todas as coisas há uma certa mistura e daí a sua utilidade. Sirva nos de
exemplo o nosso próprio corpo. A cabeça nada é sem os pés, nem os pés sem a
cabeça; os mais pequenos membros do nosso corpo são necessários e úteis a todo
o corpo; de facto, todos os membros cooperam e se subordinam mutuamente.
Conservemos
pois o nosso corpo íntegro em Jesus Cristo e submeta se cada um ao seu próximo
conforme o dom que por graça lhe foi concedido. O forte cuide do fraco e o
fraco respeite o forte; o rico socorra o pobre e o pobre louve o Senhor por lhe
ter dado quem remedeie a sua necessidade. O sábio manifeste a sua sabedoria não
com palavras mas com boas obras; o humilde não dê testemunho de si próprio, mas
deixe que os outros o façam por ele. Portanto, já que recebemos d’Ele todos
estes dons, devemos dar Lhe graças por todos eles. A Ele glória pelos séculos
dos séculos. Amen.”
Da Carta de São Clemente I, papa, aos
Coríntios (Cap. 35, 1-5; 36, 1-2; 37, 1.4-5; 38, 1-2.4: Funk 1, 105-109) (Séc.
I)
Fontes:
SNLiturgia + Evangelho Quotidiano