Levítico - Nova tradução da Bíblia (CEP)
O Levítico
ocupa um lugar central entre os cinco livros que compõem o
Pentateuco. Entre os judeus conservou como título a primeira palavra do texto, Vayyiqerá’
(“E chamou”), que refere como Deus se dirigiu a Moisés para lhe transmitir
um conjunto de normas relativas à vida cultual e litúrgica do povo.
Na tradução grega, o livro acabou
por ficar com o título de Levítico, nome que está relacionado com a tribo de
Levi, a tribo escolhida de entre todas as tribos israelitas para se encarregar
do serviço religioso e sacerdotal. O Levítico era a carta magna da tribo de Levi, definindo e
regulamentando as temáticas relativas à vida cultual de Israel.
Seguindo o esquema em que o livro
se encontra dividido, podemos aperceber-nos do essencial dos seus conteúdos.
A primeira parte (1-16) costuma
ser designada como Código Sacerdotal, porque o papel dos sacerdotes
na sua função de oficiantes é particularmente importante, tendo em conta as várias
cerimónias e intervenções que lhes compete realizar. Ali se encontra o ritual
dos numerosos sacrifícios (1-7), os rituais de consagração dos sacerdotes
(8-10) e diversas leis relativas às exigências de pureza ritual (11-15),
concluindo-se com um conjunto de cerimónias que têm a ver com a celebração do grande dia da
expiação (16).
A segunda parte (17-26) é
designada como Código
de Santidade. Nela se integram leis sobre a imolação de
animais, proibições relativas a comida e cuidados a ter com o sangue (17), leis
sobre aspetos de comportamento sexual (18), deveres para com o próximo (19),
penas relativas a transgressões sexuais (20), santidade dos sacerdotes (21-22),
calendário das festas (23), luzes do santuário e pães de oferta (24), regras
sobre o ano sabático e sobre a celebração do jubileu (25) e, finalmente,
bênçãos e maldições (26).
Num apêndice final, são registadas
algumas normas relativas a votos e promessas (27), tendo em conta as
consequências do seu enquadramento nas dependências da jurisdição familiar.
Com a cobertura pormenorizada
sobre tantos aspetos práticos da vida religiosa israelita, o Levítico acaba por
nos oferecer um quadro bastante representativo da religiosidade dos hebreus no
tempo da Bíblia. Deste modo, aparecem registadas as muitas modalidades de
sacrifícios, ofertas, cerimónias, festas, bem como exigências de comportamento,
a nível pessoal e coletivo.
Uma tal definição de normas desce ao rigor dos pormenores e acentua particularmente as incidências que estas práticas morais têm na criação de condições para se poder participar de forma digna nas cerimónias rituais.
Contudo, por dentro e para além deste aparente
ritualismo, sobressaem referências a um padrão de santidade que sugere aos
hebreus que devem ser santos como Deus é santo (Lv 11,44-45). Estas referências
multiplicam-se de modo a constituir um verdadeiro refrão, que dá ritmo e
sentido ao desenrolar das leis.
Fonte: Secretariado Nacional de
Liturgia