Livro dos Números - Nova tradução da Bíblia (CEP)

Livro dos Números - Nova tradução da Bíblia (CEP)

O livro dos Números é o quarto livro do Pentateuco. O título em português deriva da tradução grega dos LXX (Septuaginta) e justifica-se pelos recenseamentos que nele são relatados.  O título hebraico deste livro é No deserto (Bamidbar).

O livro pode eventualmente não ser muito apreciado pelos leitores, porque as suas listas e genealogias são dados literários pouco expressivos para a cultura ocidental. No entanto, estas dificuldades são superadas, quando o leitor atento se apercebe de que este livro trata dos acontecimentos referentes aos quarenta anos que os filhos de Israel passaram no deserto.

Este tempo tornou-se um espaço simbólico privilegiado para falar das relações entre Deus e o povo que ele escolheu para lhe dar a terra que havia prometido sob juramento aos patriarcas (14,23; 32,11). O livro permite responder a uma questão fundamental: como é que o povo eleito pode caminhar na presença do Senhor, seu Deus, que decidiu aceitar viver no seu meio, a fim de juntos habitarem a terra prometida?

O livro dos Números apresenta uma estrutura em três partes, segundo a geografia apresentada. Na primeira parte, os filhos de Israel, por ordem do Senhor, recebem instruções e preparam-se para deixar o Sinai (1,1–10,10). Na segunda parte, são descritos os acontecimentos ocorridos desde a saída do Sinai até às margens do rio Jordão, no lado oriental ou Transjordânia (10,11–21,35). Na terceira parte, são descritos os acontecimentos ocorridos nas estepes de Moab (22,1–36,13).

Os dados e as informações contidos no livro mostram a organização e o processo educativo do povo eleito em relação à sua vida civil e religiosa. Neste contexto, os relatos das ações e intervenções salvíficas de Deus são realizados através de Moisés, nas mais variadas vicissitudes e dificuldades que o período do deserto proporcionou e colocou aos filhos de Israel. A luta pela sobrevivência é existencial. Por isso, são frequentes as murmurações por comida e por água, bem como as rebeliões, na disputa pelo poder, contra Moisés e até contra o próprio Deus (cf. 11–12; 13–14; 16–17; 20,1-13).

O livro permite perceber a verdadeira realidade dos filhos de Israel como povo eleito: ao manifestar confiança em Deus e em Moisés, o povo avança na caminhada, alcança favores e obtém êxito nas suas ações. Ao manifestar desconfiança, encontra dificuldades e retrocede. Por um lado, evidenciam-se os atos de vigor e fraqueza, nobreza e malícia. Por outro lado, todo este contexto serve para demonstrar que, diante das inconstâncias dos filhos de Israel, emerge e sobressai a fidelidade constante do Senhor, que acompanha a caminhada com as suas intervenções, demonstrando soberania, justiça e misericórdia para com o seu povo.

Fonte: Secretariado Nacional de Liturgia

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