Conversão de São Paulo, apóstolo – 25 de janeiro
"Eu sou Jesus, a quem persegues. Mas
levanta-te, entra na cidade e ser-te-á dito o que deves fazer" At
9,5-6
Comemoramos
hoje a Festa da conversão do apóstolo São Paulo, ao qual, quando ia para
Damasco, o próprio Jesus glorioso Se apresentou no caminho e o escolheu, para
que, cheio do Espírito Santo, anunciasse o Evangelho da salvação aos gentios,
padecendo muitas tribulações pelo nome de Cristo.
Ele próprio
confessa, por diversas vezes, que foi perseguidor implacável das primeiras
comunidades cristãs.
Por causa disso
atribuiu a si mesmo o título de "o menor entre os Apóstolos" e,
ainda, de "indigno de ser chamado Apóstolo".
Mas Deus, que
conhecia a sua retidão, tornou-o testemunha da morte de Santo Estevão, cena
entre todas comovente, descrita nos Actos dos Apóstolos.
A visão de
Estevão apontando para os céus abertos e o Filho do Homem, o Cristo, aí
reinando, domina a vida toda do Apóstolo
dos gentios, Paulo de Tarso.
Além das
grandes e contínuas viagens apostólicas e das prisões e sofrimentos por que
passou, devemos a este Santo, que se auto denomina "servo de Cristo", a
revelação da mensagem do Salvador, ou seja, as 14 Epístolas ou Cartas.
Elas formam
como que a Teologia do Novo Testamento, exposta por um Apóstolo.
Jamais apareceu
outro homem sobre a terra que fundamentasse tão bem a nossa fé em Cristo,
presente na História, como também, presente em nossa própria existência.
Foi São Paulo
quem o fez de maneira insuperável. (1)
Por amor de Cristo, Paulo tudo suportou
“O que é o
homem, quão grande é a dignidade da nossa natureza e de quanta virtude é capaz
a criatura humana, Paulo o mostrou mais do que qualquer outro. Cada dia ele
subia mais alto e aparecia mais ardente, cada dia lutava com energia sempre
nova contra os perigos que lhe surgiam pela frente, de acordo com o que ele
próprio afirmava: Esqueço-me do que já passou e avanço para as coisas que estão
à minha frente.
Sentindo a
morte já iminente, incitava os outros a comungarem da sua alegria, dizendo:
Alegrai-vos e congratulai-vos comigo; frente aos perigos, às injúrias e aos
insultos, igualmente se alegra, e escreve aos Coríntios: Sinto complacência nas
minhas enfermidades, nos ultrajes, nas perseguições; porque sendo estas,
segundo afirmava, as armas da justiça, mostrava que disto lhe vinha um grande
proveito.
No meio das
insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias, triunfando de todos os
seus assaltos. E, em todo o lado, sofrendo pancadas, injúrias e maldições, como
se fosse conduzido em cortejo triunfal, cumulado de troféus, nelas se gloriava
e dava graças a Deus, dizendo: Sejam dadas graças a Deus, que sempre triunfa em
nós.
Avançava ao
encontro da humilhação e das ofensas que tinha de suportar por causa da
pregação, com mais entusiasmo do que o que pomos nós em alcançar o prazer das
honras; punha mais empenho na morte do que nós na vida; ansiava mais pela
pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava sempre mais o trabalho sem
descanso do que nós o descanso depois do trabalho. Uma única coisa o assustava
e lhe metia medo: ofender a Deus; e uma única coisa desejava: agradar sempre a
Deus.
Só se alegrava
no amor de Cristo, que era para ele o maior de todos os bens; com isto
considerava-se o mais feliz de todos os homens; sem isto para nada lhe servia a
amizade dos senhores e dos poderosos. Preferia ser o último com este amor, isto
é, ser do número dos réprobos, do que encontrar-se no meio dos homens famosos
pela consideração e pela honra, mas privado do amor de Cristo.
Para ele, o
maior e único tormento era separar-se deste amor; esta era a sua geena, o seu
único castigo, este o infinito e intolerável suplício.
Gozar do amor
de Cristo era para ele a vida, o mundo, o anjo, o presente, o futuro, o reino,
a promessa, enfim, todos os bens; e fora disto, em nada punha tristeza ou
alegria. De tudo o que se pode ter neste mundo, nada lhe era agradável ou
desagradável.
Desprezava
todas as coisas que admiramos, como se despreza a erva apodrecida. Para ele,
tanto os tiranos como as multidões enfurecidas eram como mosquitos.
Considerava
como jogos de crianças os mil suplícios, os tormentos e a própria morte,
contanto que pudesse sofrer alguma coisa por Cristo.”
Das Homilias de
São João Crisóstomo, bispo (Hom. 2 sobre os louvores de S. Paulo: PG 50,
477-480) (Séc. IV) (2)
Fontes: (1) Evangelho Quotidiano | (2) SNLiturgia