Maria, modelo e Mãe da Igreja
À Virgem santa Maria foi atribuído o título de «Mãe da Igreja», porque deu à luz a Cabeça da Igreja e se tornou a Mãe dos redimidos, quando seu Filho ia morrer na cruz.
O papa são Paulo VI confirmou solenemente a mesma designação, na alocução aos Padres do Concílio Vaticano II, no dia 21 de novembro de 1964, e decidiu que todo o povo cristão honrasse, agora ainda mais, com este santíssimo nome, a Mãe de Deus.
No dia 11 de fevereiro de 2018 o papa Francisco inscreveu esta memória no Calendário Romano geral na segunda-feira depois de Pentecostes. (SNL)
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“Senhor, Pai,
Santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa
salvação dar-Vos graças sempre e em toda a parte, e exaltar a vossa infinita
bondade ao celebrarmos a festa da Virgem
Santa Maria.
Recebendo o
vosso Verbo em seu Coração Imaculado,
Ela mereceu concebê-lo em seu seio virginal e, dando à luz o Criador do Universo, preparou o
nascimento da Igreja.
Junto à cruz,
aceitou o testamento da caridade divina e recebeu todos os homens como seus
filhos, pela morte de Cristo gerados para a vida eterna.
Enquanto
esperava, com os apóstolos, a vinda do Espírito Santo, associando-se às preces dos discípulos, tornou-se modelo admirável
da Igreja em oração.
Elevada à
glória do Céu, assiste com amor materno a Igreja ainda peregrina sobre a Terra,
protegendo misericordiosamente os seus passos a caminho da pátria celeste,
enquanto espera a vinda gloriosa do Senhor.
Por isso, com
os anjos e os santos, proclamamos a vossa glória, cantando a uma só voz: Santo,
Santo, Santo...”
Missal Romano, Prefácio de Maria, imagem e Mãe da Igreja
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Maria Mãe da Igreja
Considerando as
estreitas razões pelas quais se relacionam Maria e a Igreja, para glória da
Virgem e nossa consolação proclamamos Maria Santíssima «Mãe da Igreja», isto é,
Mãe de todo o povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam Mãe
amorosíssima; e queremos que doravante a Mãe de Deus seja honrada e invocada
com este gratíssimo título por todo o povo cristão.
Trata-se,
veneráveis Irmãos, de um título que não é novo para a piedade dos cristãos;
pelo contrário, os fiéis e a Igreja toda costumam dirigir-se a Maria sobretudo
com este com este nome de Mãe. Em verdade, este nome pertence à genuína
substância da devoção a Maria, porque se justifica perfeitamente na própria
dignidade da Mãe do Verbo Encarnado.
Efetivamente,
assim como a maternidade divina é a causa pela qual Maria tem uma relação
absolutamente única com Cristo e está presente na obra da salvação humana
operada por Cristo, assim também da maternidade divina brotam as relações que
intervêm entre Maria e a Igreja; já que Maria é a Mãe de Cristo, que, desde o
primeiro instante da sua Encarnação no seu seio virginal uniu a si como Cabeça
o seu Corpo místico, que é a Igreja. Maria, portanto, como Mãe de Cristo, é
também Mãe dos fiéis e de todos os pastores, isto é, da Igreja.
É por isso que
nós, com ânimo cheio de confiança e de amor filial, elevamos o olhar para Ela,
não obstante a nossa indignidade e fraqueza. Ela, que em Jesus nos deu a fonte
da graça sobrenatural, não deixará de manifestar a sua função materna à Igreja,
especialmente neste tempo em que em que a Esposa de Cristo se empenha em
cumprir com grande zelo a sua missão salvadora.
Para avivar e
confirmar ulteriormente a nossa confiança, consideramos os laços estreitíssimos
que existem entre o género humano e a nossa Mãe celeste. Embora tendo sido
enriquecida por Deus com maravilhosas prerrogativas para que fosse digna Mãe do
Verbo Encarnado, está próxima de nós. Como nós, também ela é filha de Adão, e
por isso nossa irmã por laços de natureza; pelos méritos futuros de Cristo ela
foi imune do pecado original, mas às prerrogativas divinamente recebidas
junta-se pessoalmente o exemplo da fé perfeita e exemplar, merecendo o elogio
evangélico «bem-aventurada porque acreditaste».
Na sua vida
terrena, realizou a perfeita figura do discípulo de Cristo, foi espelho de
todas as virtudes, e encarnou as bem-aventuranças evangélicas proclamadas por
Jesus Cristo. Daí deriva que, compreendendo a sua incomparável variedade de
vida e de obras, toda a Igreja encontre na Virgem Mãe de Deus o exemplo da
perfeita imitação de Cristo.
Liturgia das Horas | Segunda leitura |Das
Alocuções do são Paulo VI na clausura da terceira sessão do Concílio Vaticano
II (21 de Novembro de 1964: AAS 56 (1964), 1015-1016)