São Simão e São Judas - 28 de outubro

São Simão e São Judas - 28 de outubo


Simão

Todas as quatro referências do Novo Testamento a Simão, discípulo de Jesus e um dos 12, o identificam como um zelota: Simão, o Zelota (Lc 6, 15; Act 1, 13) e «Simão, o Cananeu» (Mt 10, 4 Mc 3, 18).

A palavra «Cananeu» não indica que Simão era de Canaã ou da cidade de Caná: é uma transliteração grega de qan'an, vocábulo aramaico que significa «zeloso» e designava aqueles que tomavam uma atitude nacionalista contra os Romanos.

Os estudiosos discordam sobre se a designação era meramente descritiva do fervor religioso de Simão ou o marcava como membro do grupo revolucionário que se opunha à ocupação da Palestina pelos Romanos, disposto a combater os estrangeiros pela força.

Discordam também quanto à natureza e datas desse movimento, e até quanto à própria existência de um partido zelota.

Uns anos antes do ministério de Jesus, em 6 d. C., um grupo chefiado por Judas, o Galileu, resistiu sem sucesso à incorporação romana da Judeia como província.

Foi talvez nessa altura que o partido zelota teve o seu início, embora a tradição do zelo religioso se possa datar pelo menos do tempo de Fineias, neto de Aarão.

A vassalagem dos judeus a Roma era uma questão quente, tanto para os seguidores como para os opositores de Jesus.

Mas o ministério de Jesus era suficientemente abrangente para incluir no seu âmago dois discípulos de origens aparentemente opostas:

- Simão, possivelmente adepto da resistência armada ao governo estrangeiro,

- e Mateus, cobrador de impostos para os que dominavam a Judeia.

Infelizmente, os evangelhos não nos dão mais informações acerca destas duas figuras nem de como as suas atitudes poderão ter-se modificado desde que se tornaram discípulos.

Judas

Embora seja um dos 12 apóstolos, Judas, «filho de Tiago» (Le 6, 16; Act 1, 13) só está associado a um acontecimento nos evangelhos.

Em João 14, 22, Judas pergunta a Jesus: «Senhor, como é que te vais manifestar a nós e não ao mundo?», ao que Jesus responde que o amor gera a obediência, que será recompensada pela graça divina.

A identificação deste Judas é muito debatida; pode ter sido o Tadeu de Mateus 10, 3, e Marcos 3, 18, visto que os primeiros dois evangelistas não incluem este Judas nas suas listas dos apóstolos.

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Como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós

Nosso Senhor Jesus Cristo constituiu os guias e mestres do mundo e os dispensadores dos seus divinos mistérios e mandou lhes também que brilhassem como lâmpadas e iluminassem não só o país dos judeus, mas tudo o que está debaixo do sol, todos os homens do mundo e habitantes da terra.

É, pois, verdadeiro quem diz: Ninguém tome para si esta honra, mas quem for chamado por Deus.

Foi, de facto, Nosso Senhor Jesus Cristo que chamou a este excelso apostolado alguns dos seus discípulos, de preferência a todos os demais.

Estes bem-aventurados discípulos foram colunas e fundamento da verdade.

Deles diz o Senhor que os enviou como Ele próprio foi enviado pelo Pai.

E ao mesmo tempo que mostra a dignidade do apostolado e a glória incomparável do poder que lhes confia, parece indicar também a função do ministério apostólico.

Com efeito, se Ele pensava que devia mandar os seus discípulos da mesma forma que o Pai O tinha enviado, era necessário que, para O poderem imitar perfeitamente, eles compreendessem bem o mandato do Pai ao Filho.

Por isso, ao explicar-nos de muitas maneiras o objetivo da sua missão, dizia: Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência.

E ainda: Desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo se salve por meio d’Ele.

Definida assim em poucas palavras a missão dos Apóstolos, diz que os envia como Ele fora enviado pelo Pai, para que soubessem que o seu dever consistia em chamar os pecadores à conversão; em sarar os enfermos tanto do corpo como do espírito; em nunca procurar na administração dos bens de Deus a sua própria vontade, mas a d’Aquele por quem tinham sido enviados; e em salvar o mundo com a sua doutrina.

Se ledes os Actos dos Apóstolos e os escritos de São Paulo, facilmente podeis saber com quanta diligência procuraram os santos Apóstolos pôr em prática estas normas de ação.”

Do Comentário de São Cirilo de Alexandria, bispo, sobre o Evangelho de São João (Lib. 12, 1: PG 74, 707-710) (séc. V)

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