Festa de São Tiago, apóstolo - 25 de julho
Tiago, chamado
maior, nasceu em Betsaida.
Era filho de
Zebedeu e irmão do apóstolo João Evangelista.
Juntamente com
Pedro e João, foi testemunha da transfiguração do Senhor e da sua agonia.
Decapitado por
Herodes Agripa na Páscoa, por volta do ano 42, foi o primeiro dos Apóstolos a receber a coroa do
martírio.
É venerado com culto especial em Compostela, na Espanha, onde se ergue a célebre basílica a ele dedicada, que atrai, desde o século IX, inumeráveis peregrinos de toda a cristandade. (1)
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Oração a São Tiago Maior
'Apóstolo São Tiago, escolhido entre os
primeiros, tu foste o primeiro a beber no cálice do Senhor, e és o grande protetor
dos peregrinos; faz-nos fortes na fé e alegre na esperança, em nosso caminhar
de peregrino seguindo o caminho da vida de Cristo, e alenta-nos para que,
finalmente, alcancemos a glória de Deus Pai.
Amém.'
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São Tiago, «filho do trovão»
“O evangelho
resume assim o chamamento de Cristo a Tiago e João, e a resposta dos dois
irmãos: «Imediatamente, deixando as redes e o pai, seguiram-no» (Mt 4,22).
Pode parecer
pouco, mas na realidade é muito.
De facto,
Tiago, tal como seu irmão, deixou o pai, Zebedeu, na barca que flutuava perto
da margem [...] e afogou para sempre nas ondas os seus afetos passados,
colocando o seu futuro sem reservas nas mãos do divino Mestre [...].
Com a sua
impetuosidade generosa, Tiago tinha começado bem; mas como continua? O
evangelho diz-nos algumas coisas.
Da parte de
Jesus, cujo amor não muda, ele é objeto de especial predileção.
Ele, seu irmão
João e Pedro, vizinho e companheiro de pesca de ambos, formam uma tríade a quem
Jesus reserva favores singulares: serão as únicas testemunhas [...] da sua
glória na transfiguração (cf Mt 17,1-8), e da sua tristeza e submissão na
agonia do Getsémani (Mc 14,33).
Mas foi
precisamente aqui que faltou a Tiago fidelidade ao seu divino Mestre.
Tinha-O amado
sinceramente, tinha-O seguido com ardor, e não fora sem razão que Jesus tinha
dado aos dois irmãos, filhos de Zebedeu, a alcunha de «filhos do trovão» (Mc
3,17).
Sua mãe,
ambiciosa [...], ousara um dia pedir a Jesus os melhores cargos do seu Reino
para os filhos; e, quando o Salvador lhes perguntou: «Podeis beber o cálice que
eu hei de beber?», os dois interessados responderam de boa fé: «Podemos» (Mt
20,20-22).
Tiago, teu
irmão João, o apóstolo do amor, estará pelo menos presente no Calvário; mas
onde estarás tu nessa hora?
A deserção
começou em Getsémani, quando os três apóstolos prediletos receberam do Salvador
esta dolorosa queixa: «Não pudestes sequer vigiar comigo uma hora?» (Mt 26,40).
[...]
Mas São Tiago
bebeu efetivamente o cálice que Jesus lhe tinha predito [...]: morreu mártir
(cf At 12,12).
A fraqueza do
abandono nas horas tristes da Paixão tinha sido perdoada e esquecida pelo
Redentor.”
Venerável Pio
XII (1876-1958), papa | Audiência de 24/07/1940
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Participantes da paixão de Cristo
"Os filhos
de Zebedeu pedem a Cristo: Concede-nos que nos sentemos, na tua glória, um à
tua direita e outro à tua esquerda.
Que lhes
responde o Senhor?
Para mostrar
que no seu pedido nada havia de espiritual e se soubessem o que pediam não se
teriam atrevido a fazê-lo, responde: Não sabeis o que pedis, isto é, não sabeis
como é grande, admirável e superior aos próprios poderes celestes aquilo que
pedis.
Depois
acrescenta: Podeis beber o cálice que Eu hei-de beber e ser batizados com o batismo
com que Eu vou ser batizado?
É como se lhes
dissesse: «Na verdade, vós falais-me de honras e de coroas; mas eu falo-vos de
lutas e suores. Não é este o tempo dos prémios, nem é agora que se há-de
manifestar a minha glória; a vida presente é tempo de morte violenta, de
guerras e de perigos».
E reparai como
os atrai e exorta, pela maneira de interrogar.
Não lhes
pergunta se são capazes de morrer, de derramar o seu sangue; mas pergunta:
Podeis beber o cálice – e para os animar acrescenta – que Eu hei-de beber?
Assim pensava o
Senhor que seriam mais decididos, ao considerarem que se tratava de correr a
mesma sorte.
E chama à sua
paixão «batismo», para dar a entender que os seus sofrimentos haviam de trazer
uma grande purificação para o mundo inteiro.
Os dois discípulos respondem: Podemos.
Prometem imediatamente, cheios de fervor, sem saber o que
dizem, mas com a esperança de virem a alcançar o que pediam.
Que disse então
o Senhor? Bebereis o cálice que Eu hei-de beber e sereis batizados com o batismo
com que Eu vou ser batizado.
Grandes são os
bens que lhes anuncia, isto é: «Sereis
dignos de receber o martírio e sofrereis comigo, terminareis a vida com morte
violenta e assim participareis na minha paixão. Mas sentar-vos à minha direita
e à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo, mas é para aqueles para
quem foi preparado por meu Pai».
Depois de lhes
ter levantado o espírito e de os ter tornado mais perfeitos e capazes de
superar o sofrimento, só então corrige a sua petição.
Então os outros
dez indignaram-se por causa dos dois irmãos.
Vede como todos
eles eram imperfeitos, tanto os que procuravam obter precedência sobre os
outros dez, como os dez que tinham inveja dos dois.
Mas, – como já
tive ocasião de vos dizer – observai-os mais tarde e vereis como estão livres
de todos estes sentimentos.
Este mesmo
apóstolo João, que se adianta agora por este motivo, cederá sempre o primeiro
lugar a Pedro, quer para usar da palavra quer para fazer milagres, como se lê
nos Atos dos Apóstolos.
Tiago, porém,
não viveu muito mais tempo.
Desde o
princípio [desde o Pentecostes], ele se deixou arrebatar pelo seu ardor e,
pondo de parte toda a aspiração humana, ascendeu a tão inefável altura que
depressa recebeu a coroa do martírio."
Das Homilias de
São João Crisóstomo, bispo, sobre o Evangelho de São Mateus | (Hom. 65, 2-4: PG
58, 619-622) (séc. IV) (1)
(1) Fonte