São Leão I Magno, Papa e doutor da Igreja +461
São Leão nasceu na
Toscana, no final do século IV.
É considerado
um dos papas mais eminentes da Igreja dos primeiros séculos.
Assumiu o
governo da Igreja em 440, numa época de grandes dificuldades, políticas e
religiosas. A fé católica estava ameaçada pelas heresias que grassavam no
Oriente.
São Leão procurou a todo custo preservar a
integridade da fé, defendendo a unidade da Igreja.
Em 451,
durante o concílio de Calcedónia, a
sua carta sobre as duas naturezas de Cristo foi aplaudida pelos bispos reunidos
que disseram: Pedro falou pela boca de
Leão.
Enquanto homem
de Estado, contemporizou a queda eminente do Império Romano, evitando com
diplomacia que a ruína e os prejuízos materiais e culturais fossem ainda
maiores.
Para
salvar a Cidade Eterna das pilhagens dos bárbaros não se intimidou em enfrentar
Genserico e Átila, debelando assim o
perigo que parecia irreversível.
Deixou
escritos 96 Sermões e 173 cartas e numerosas homilias que chegaram até nós.
Por toda esta atividade extraordinária mereceu ser chamado «Magno».
São Leão Magno
pontificou durante 21 anos.
ORAÇÃO
Senhor, que, ao fundar a Vossa Igreja sobre a pedra inabalável dos Apóstolos, prometestes que as forças do mal jamais prevaleceriam contra ela, fazei que, por intercessão de São Leão Magno, o povo cristão permaneça firme na Vossa verdade e goze sempre da verdadeira paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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São Leão Magno |
O serviço especial do nosso ministério
“Toda a Igreja de Deus está organizada em diversas ordens, de modo que a
integridade do corpo sagrado subsiste na diversidade dos seus membros.
Apesar disso, como diz o Apóstolo, somos um só em Cristo Jesus.
A diversidade de funções não é de modo algum causa de divisão entre os
membros, já que todos, por mais humilde que seja a sua função, estão unidos à
cabeça.
Na unidade da fé e do Baptismo,
formamos uma comunidade indissolúvel, na qual todos têm a mesma dignidade,
segundo a palavra sagrada do apóstolo
São Pedro: Também vós, como pedras
vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um
sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a
Deus por Jesus Cristo; e ainda: Vós
sois geração escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo resgatado.
Todos os que renasceram em Cristo obtiveram, pelo sinal da cruz, a
dignidade real e, pela unção do Espírito Santo, receberam a consagração
sacerdotal.
Por isso, não obstante o serviço especial do nosso ministério, todos os cristãos
foram revestidos de um carisma espiritual que os torna membros desta família de
reis e deste povo de sacerdotes.
Não será, na verdade, função régia o facto de uma alma, submetida a
Deus, governar o seu corpo?
E não será função sacerdotal consagrar ao Senhor uma consciência pura e
oferecer no altar do coração a hóstia imaculada da nossa piedade?
Pela graça de Deus, estas prerrogativas são comuns a todos. Mas é digno
e justo que vos alegreis no dia da nossa eleição como se se tratasse de vossa
própria honra, para que em todo o corpo da Igreja se celebre um único
sacramento do sacerdócio.
Ao derramar se o unguento da consagração, este sacramento derramou se
certamente com mais abundância nos membros superiores, mas desceu também, e não
escassamente, até aos inferiores.
Se a participação neste dom nos traz, com toda a razão, tão grande
alegria, mais verdadeiro e excelente será o motivo do nosso júbilo, caríssimos
irmãos, se não vos detiverdes a considerar a nossa humilde pessoa.
Pelo contrário, será muito mais útil e digno dirigir a atenção do nosso
espírito para a contemplação da glória do bem-aventurado apóstolo Pedro e
dedicar especialmente este dia à veneração daquele que foi inundado de bênçãos
tão copiosamente pela própria fonte de todos os carismas, de tal modo que,
tendo recebido muitas graças exclusivas à sua pessoa, nada se comunica aos
sucessores sem a sua intervenção.
O Verbo encarnado já habitava no meio de nós; Cristo já Se tinha
entregado totalmente para a redenção do género humano.”
Dos Sermões de São Leão Magno,
papa (Sermo 4, 1-2; PL 54, 148-149) (Séc.
V)