Evangelista São Marcos, companheiro de Pedro
Pedro dita as suas memórias a Marcos |
Marcos (Grego: Markos; Latim: Marcus) - «martelo grande»
O autor
cristão do século II, Papias, foi o primeiro a registar a tradição de um dos
quatro evangelhos ter sido escrito por Marcos.
Quis significar
evidentemente o «João por sobrenome
Marcos» (Act 12, 12), para casa da mãe do qual Pedro se dirigiu, depois de
ser milagrosamente libertado da prisão.
Noutras passagens do livro dos Actos e nas epístolas do Novo Testamento, este indivíduo é mencionado como João chamado Marcos, João, ou Marcos.
Tal duplicidade de nomes era vulgarmente
adoptada pelos judeus helenizados da época sendo João (Joanan) um nome hebraico,
e Marcos (Marcus), latino.
Marcos acompanhou o seu primo Barnabé e Paulo, quando eles partiram na sua primeira viagem missionária.
Os dois tinham-no recrutado em Jerusalém e levado com eles a
Antioquia, antes de navegarem para Chipre, do porto de Selêucia de Pieria.
Mas quando os missionários chegaram a Perga, na costa meridional do que é hoje a Turquia, Marcos deixou-os e regressou a Jerusalém.
Desconhece-se por que razão voltou a casa,
mas é claro que desagradou a Paulo.
Pois, quando Barnabé pediu a Marcos que os acompanhasse numa segunda viagem missionária, Paulo recusou.
Isto levou a que o apóstolo cortasse com Barnabé, após «uma discussão violenta» (Act 15, 39)
entre eles por causa de Marcos.
Barnabé e
Marcos partiram, então, juntos para Chipre, presumivelmente em viagem
missionária própria, enquanto Paulo levou Silas para a Cilícia.
No entanto, Marcos
deve ter-se reconciliado com Paulo, porque mais tarde é mencionado nas epístolas
de Paulo como um dos seus «colaboradores»
(Fim 24), que era «muito útil para o seu
ministério» (2 Tm 4, 11).
Marcos também esteve associado a Pedro, que se referiu a ele com «meu filho» (1 Pd 5, 13), indicando uma íntima relação espiritual.
E
esta ligação levou Papias a propor Marcos como autor do Evangelho que agora tem
o seu nome.
Segundo esta
teoria, Marcos juntou-se a Pedro em Roma, onde ele registou ou interpretou as
reminiscências de Pedro, que passaram a ser a fonte principal do segundo
evangelho.
No entanto,
estudiosos modernos consideram o Evangelho de Marcos como uma obra anónima,
escrita talvez em Roma, numa data próxima da destruição de Jerusalém, em 70 d.
C.
Consideram-no também
o mais antigo dos evangelhos, um modelo dos outros e, em particular, uma fonte
para os Evangelhos de Mateus e Lucas.
O Evangelho segundo S. Marcos
No Evangelho
de Marcos, os ensinamentos e o ministério de Jesus são reforçados pelos seus
grandes feitos e pelo aval do próprio Deus no seu baptismo e transfiguração.
Não obstante
isso, a sua obra é mal interpretada pelo povo que o rodeia, incluindo os seus
próprios discípulos, que não conseguem compreender a ideia de um Messias
sofredor ou que, como Jesus disse, «o
Filho do Homem tinha de sofrer muito» (Mc 8, 31).
E assim, todo aquele
que estivesse com Jesus tinha de «tomar a sua cruz e segui-lo» (Mc 8, 34),
sendo discípulo aquele que quisesse aceitar o sofrimento.
Antes da sua
morte, os discípulos de Jesus traem, negam ou abandonam-no, um após outro. E
apenas pela sua morte e ressurreição que é reconhecido como «filho de Deus» (Mc 15, 39).
O evangelista
Marcos é também identificado, por vezes, como o «jovem» que seguiu Jesus na
noite da sua prisão envolto «apenas num
lençol» (Mc 15,51) e que escapou de ser preso largando o lençol e fugindo
completamente nu – um incidente apenas registado no segundo evangelho.
Esta tradição
é, porém, inconsistente com a afirmação de Papias de que Marcos «nem tinha ouvido o Senhor nem tinha sido seu
seguidor pessoal».
Fonte: “Grandes Personagens da Bíblia – Dicionário Biográfico Ilustrado”