A confissão prepara-nos para a Páscoa
A confissão prepara-nos para a Páscoa
“Porque
foi, meus irmãos, que a Igreja estabeleceu o tempo santo da Quaresma?
Dir-me-eis
que foi para nos preparar para celebrar com dignidade o tempo santo da Páscoa,
que é o tempo em que Deus parece redobrar as suas graças e excita o remorso da
nossa consciência para nos arrancar do pecado [...].
Examinemos
a questão de mais perto.
Para
fazermos uma boa confissão, que nos reconcilie com Deus, temos de detestar de
todo o coração os nossos pecados, não porque queiramos escondê-los de nós
mesmos; mas temos de nos arrepender de ter ofendido um Deus tão bom, de ter
permanecido tanto tempo no pecado, de ter desprezado todas as suas graças, com
as quais nos incitava a sair dele.
É isto,
meus irmãos, que nos deve trazer lágrimas aos olhos e partir-nos o coração.
Diz-me,
meu amigo, se tivesses esta dor verdadeira, não te apressarias a reparar o mal
que a causou e a voltar rapidamente à graça de Deus?
Que dirias
de um homem que se desentendeu com um amigo, mas que, reconhecendo a sua falta,
se arrepende imediatamente: não tentará encontrar maneira de se reconciliar com
ele?
Se o amigo
o abordar para esse efeito, não aproveitará a oportunidade? E se, pelo
contrário, ele desprezasse tudo isso, não terias razão em dizer que não se
importa de estar de bem ou de mal com essa pessoa?
A
comparação é sensata. Poderá uma pessoa que teve a infelicidade de cair em
pecado, seja por fraqueza ou por surpresa, ou mesmo por malícia, se realmente
se arrependeu, permanecer nesse estado por muito tempo? Não recorrerá
imediatamente ao sacramento da Penitência? [...]
Suspiremos
sem cessar pela nossa verdadeira pátria, que é o céu, nossa glória, nossa
recompensa e nossa felicidade. É isto que vos desejo...”
São João-Maria Vianney
(1786-1859) presbítero, Cura de Ars | Sermão para o segundo Domingo de Páscoa | Imagem (editada)