O livro do Apocalipse : nova tradução da Bíblia (CEP)

O livro do Apocalipse : nova tradução da Bíblia (CEP)


O último livro do NT recebe como nome a primeira palavra do texto: «revelação», em grego apokálypsis (de apokalýptō, «desvelar», «revelar»). Este género literário já se encontra presente no AT.

Tendo nascido em contextos de grave crise social e religiosa, a apocalíptica judaica desenvolveu-se de forma particular a partir do período pós-exílico, apresentando a sua maior expressão durante a ocupação grega da Judeia, por Antíoco IV Epifânio (entre 175-164 a.C.).

É também no contexto de uma Igreja em dificuldades, a vários níveis, que surge o livro do Apocalipse.

Para além dos conflitos vividos no seio da própria comunidade (cf. 2,15), as relações com o império romano eram particularmente difíceis (como são exemplos as perseguições de Nero ou, posteriormente, de Domiciano); por outro lado, o primeiro cristianismo via-se forçado a conviver com a filosofia e a religião mistérica do mundo antigo, que tantas vezes «contaminava» as recém-formadas comunidades cristãs locais.

Nesse sentido, o Apocalipse tem também como objetivo não só combater tais deturpações doutrinais como repreender as comunidades mornas, elogiar e incentivar as comunidades fiéis e que dão testemunho.

Mais importante que a identificação do escritor do livro – que a tradição identifica com o evangelista João e que a maior parte dos estudiosos entende pertencer, de facto, à escola do autor do Quarto Evangelho – é a figura daquele que é, concomitantemente, o seu revelador e o conteúdo revelado: Jesus Cristo.

É Ele quem fala, ou diretamente, ou pela mediação do seu servo João, uma figura influente nas sete Igrejas da Ásia (cf. 1,4).

O ambiente da revelação é eminentemente litúrgico e dominical (cf. 1,3.10). A grande experiência espiritual do Apocalipse é não só a celebração do mistério pascal de Jesus, mas também a entrada na dimensão litúrgica celeste, mediada pela liturgia dominical, escutando Jesus que fala e celebra a sua vitória sobre a morte e as forças do Mal.

O princípio hermenêutico de fundo é apresentado no cap. 5: a história está nas mãos de Deus; é Ele que rege o sentido dos acontecimentos, para os conduzir segundo o seu plano salvífico.

Este plano era inacessível; no entanto, Jesus, pelo que realizou pela sua morte e ressurreição, é considerado digno não só de receber o livro, mas de quebrar os seus selos (5,2; cf. 6,1ss), ou seja, de revelar o plano de Deus para a história, mostrando como, embora seja necessário travar uma intensa luta contra as forças do Mal, Deus terá sempre a última palavra, pois é Ele o Ómega (última letra do alfabeto), o fim de toda a história (21,6; 22,13).

Ao colocar online a tradução provisória do Apocalipse, a Comissão Coordenadora da Tradução da Bíblia da CEP convida a comunidade a envolver-se no processo de tradução e revisão deste documento e dispõe-se a acolher o contributo dos leitores, em ordem ao melhoramento da compreensibilidade do texto.

A tradução provisória deste e de outros textos bíblicos está disponível para download no site da Conferência Episcopal Portuguesa.

As achegas e comentários devem ser enviados através do endereço eletrónico biblia.cep@gmail.com.

Fonte: SNLiturgia

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