Os livros dos Reis (1Rs e 2Rs) - Nova tradução da Bíblia (CEP)
Os dois livros do Reis formavam, na Bíblia Hebraica, um só livro.
Completavam os chamados “Profetas Anteriores”, um bloco que incluía ainda os
livros de Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel. Todos eles fazem parte da historiografia
deuteronomista, uma obra ampla composta pela mesma escola de autores que terá
redigido o livro do Deuteronómio.
Os livros dos Reis (que dão sequência aos livros de Samuel) começam com a
descrição da ascensão de Salomão ao trono, indo até à conquista de Jerusalém
pelos babilónicos, em 586 a.C., de acordo com o seguinte esquema:
• 1Rs 1–11:
advento e reinado de Salomão;
• 1Rs 12–2Rs 17 : história
sincrónica dos reis e profetas de Israel e de Judá, desde Salomão até à
deportação da Samaria;
• 2Rs 18–25:
anos finais de Judá, desde a queda da Samaria até ao exílio babilónico.
A maior parte do material apresentado consta de biografias sumárias e
monótonas dos diversos monarcas de Israel e de Judá; contudo, destacam-se
alguns relatos um pouco mais desenvolvidos sobre algumas figuras de referência
da época (os reis Salomão, Ezequias e Josias).
Embora a finalidade de todo este conjunto seja eminentemente teológica, não
podemos negar que a maior parte dos dados apresentados concordam com o cenário
histórico da época.
Para compor esta obra, os teólogos deuteronomistas recorreram a numerosas
fontes históricas, como o Livro dos Anais de Salomão (1Rs 11,41), o Livro
dos Anais dos Reis de Judá (1Rs 15,7), ou o Livro dos Anais dos Reis
de Israel (1Rs 15,31).
Também terão usado diversos documentos dos arquivos reais, listas
administrativas (como a de 1Rs 4,2-19), escritos de origem sacerdotal (tradições
sobre o Templo, como a de 1Rs 6), bem como materiais vindos dos círculos
proféticos (as tradições sobre Elias e Eliseu que aparecem dispersas entre 1Rs
17 e 2Rs 13).
A este material, os teólogos deuteronomistas juntaram diversos sumários
redacionais redigidos de acordo com a teologia deuteronomista, discursos ou
reflexões onde se expressa a visão deuteronomista da história, glosas e
retoques onde os autores deuteronomistas introduzem a sua avaliação teológica
dos acontecimentos. De tudo isto resultou uma obra que é uma autêntica
interpretação da história, apresentada segundo os moldes da teologia
deuteronomista.
As desgraças que se abateram sobre a nação são apresentadas como o resultado
da infidelidade do Povo à Aliança. Os reis de Israel e de Judá são os
principais responsáveis pela situação, pois “fizeram o mal aos olhos do
Senhor”. Apesar disso, as portas da esperança não estão fechadas: se o Povo se
converter e voltar para Deus, poderá encontrar um futuro de vida em abundância.
Fonte: Secretariado Nacional de Liturgia