«Tinha ainda alguém para enviar: o seu querido filho»


«Tinha ainda alguém para enviar: o seu querido filho»

“«Cristo confiou-nos o mistério da reconciliação» (2Cor 5,18).

São Paulo realça a grandeza dos Apóstolos ao mostrar-nos que mistério lhes foi confiado, ao mesmo tempo que manifesta com que amor Deus nos amou.

Depois de os homens se terem recusado a ouvir Aquele que Ele lhes tinha enviado, Deus não fez soar a sua cólera, nem os rejeitou, mas persiste em chamá-los, por Si próprio e através dos Apóstolos. [...]

«Deus pôs na nossa boca a palavra da reconciliação» (v. 19).

Viemos portanto, não para uma obra penosa, mas para fazer de todos os homens amigos de Deus.

Se não vos escutarem, diz-nos o Senhor, continuai a exortá-los, até que encontrem a fé. Por isso, São Paulo acrescenta: «Nós somos embaixadores de Cristo; é o próprio Deus que vos chama através de nós. Suplicamos-vos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus». [...]

A que poderemos comparar tão grande amor? Depois de termos pagado estes benefícios com insultos, longe de nos punir, Ele deu-nos o seu Filho querido, para nos reconciliar consigo.

No entanto, longe de quererem reconciliar-se, os homens deram-Lhe a morte. Deus enviou embaixadores para os exortar e depois tornou-se Ele próprio suplicante por eles. Continua a ser Ele que pede: «Reconciliai-vos com Deus».

Ele não diz: «Reconciliai Deus convosco», pois não é Ele que nos rejeita; sois vós que recusais ser amigos dele. Poderá Deus ter sentimentos de ódio?”

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja | 11.ª homilia sobre a 2.ª carta aos Coríntios | Imagem de MikesPhotos 

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Antioqueno por nascimento e formação, São João Crisóstomo - «Boca de Ouro» - (345-407) tem sido considerado pela Igreja grega como o seu melhor orador e um exegeta eminente, que comentou numerosos livros da Bíblia.

Bispo de Constantinopla durante seis anos, as suas célebres homilias acarretaram-lhe a
inimizade da imperatriz Eudoxia, e em consequência disso a perda da sede episcopal e o desterro até à morte.

Fonte: José Orlandis, "História Breve do Cristianismo"

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