Todos os dias, pegar na nossa cruz e seguir Jesus


Hoje, Quinta-feira depois das Cinzas, dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de S. Teotónio, natural de Ganfei – Valença do Minho (ver síntese biográfica abaixo), escutemos o que nos diz o Evangelho segundo São Lucas:

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia».

Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me.

Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á.

Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou arruinar-se a si próprio?».” (Lc 9,22-25)

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«Tome a sua cruz todos os dias e siga-Me»

Encontrando-se doente ao chegar uma festa, Gertrudes exprimiu ao Senhor o desejo de, ao menos, lhe suavizar os sintomas até depois da festa, para não ficar impedida de a celebrar; mas entregou-se sem reservas à vontade divina.

O Senhor respondeu-lhe: «Exprimindo-Me esse desejo, e sobretudo entregando-te à minha vontade, é como se Me conduzisses a um jardim de delícias, com canteiros floridos e acolhedores.

E quero que saibas que, se te conceder o que Me pedes para que possas pôr-te ao meu serviço, é como se te seguisse para o canteiro da tua preferência; se, pelo contrário, to não conceder e perseverares na paciência, é como se fosses tu a seguir-Me para o canteiro da minha preferência.

Com efeito, há em ti mais encanto no estado em que desejas sofrendo, do que no estado de piedade satisfeita».

Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina | «O Arauto», livro III, SC 143

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Síntese biográfica de São Teotónio

(Ganfei, Valença do Minho, c.1080 – Coimbra, 18.02.1162)

Prior do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra

Foi para Coimbra em 1092, quando seu tio D. Crescónio tomou conta desta diocese; à morte deste (1098) foi para Viseu, onde recebeu a ordenação sacerdotal e de cuja Sé já era prior em 1110.

Neste cargo, usou de grande influência a favor do infante Afonso Henriques na luta pela independência contra sua mãe D. Teresa.

No regresso da sua segunda peregrinação à Terra Santa, começou a fazer parte da comunidade do Mosteiro de Santa Cruz, constituída em 24.02.1132, sendo eleito, por unanimidade, seu primeiro prior.

Em breve transformou esse mosteiro no mais importante centro religioso e cultural do país.

Doente e cansado, renunciou ao priorado em 24.02.1152, continuando, porém, a colaborar no governo do mosteiro.

Por sua intercessão, o Senhor operava um grande número de prodígios.

A sua proximidade com D. Afonso Henriques tornou-o conselheiro espiritual do rei e da rainha, exortando-os à prática da caridade para com os vencidos nas batalhas e nos ataques aos castelos.

Entre os seus amigos pessoais contava-se S. Bernardo de Claraval.

É patrono principal de Viana do Castelo e de Viseu e padroeiro secundário da cidade de Coimbra.

Venera-se a 18 de Fevereiro [Feriado Municipal em Valença, concelho a que pertence a freguesia onde nasceu].

Fonte: O Grande Livro dos Portugueses. Círculo dos Leitores (texto editado e ampliado) | Imagem

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