São Matias foi o apóstolo que substituiu Judas Iscariotes
São Matias |
A Igreja Católica celebra a Festa litúrgica de São Matias no dia 14
de Maio.
O seu nome
grego Matthias, ou Maththias, deriva do hebraico Mattathias
ou Mattithiah,
que significa "dom de Javé".
Matias não foi um dos Doze Apóstolos escolhidos por Jesus,
mas sim o substituto de Judas Iscariotes no grupo.
De facto, nos
dias a seguir à Ascensão de Cristo
aos céus, São Pedro, com base num propôs a substituição de Judas, caindo a
escolha sobre São Matias, que ficou a partir de então associado com os
restantes onze Apóstolos.
Nos Actos dos Apóstolos estão registrados
os factos que levaram à escolha de um discípulo que ocupasse o lugar deixado
por Judas, o traidor:
“Por aqueles
dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos - encontravam-se reunidas cerca de
cento e vinte pessoas - e disse:
«Irmãos, era necessário que se cumprisse o
que o Espírito Santo anunciou na Escritura pela boca de David a respeito de
Judas, que foi o guia dos que prenderam Jesus. Ele, efectivamente, era um dos
nossos e tinha recebido uma parte do nosso ministério. Esse homem, depois de
ter adquirido um terreno com o salário do seu crime, precipitou-se de cabeça
para baixo, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se espalharam. O
facto chegou ao conhecimento de todos os habitantes de Jerusalém, a tal ponto
que esse terreno foi chamado na língua deles 'Haqueldamá', que quer dizer Campo
de Sangue. Está realmente escrito no Livro dos Salmos:
'Fique deserta a sua habitação
e não haja quem nela resida'.
E ainda: 'Receba outro o seu encargo.'
Portanto, de entre os homens que nos
acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a
partir do baptismo de João até ao dia em que nos foi arrebatado para o Alto, é
indispensável que um deles se torne, connosco, testemunha da sua ressurreição.»
Designaram
dois: José, de apelido Barsabas, chamado Justo, e Matias. Fizeram, então, a
seguinte oração: «Senhor, Tu que conheces
o coração de todos, indica-nos qual destes dois escolheste para ocupar, no
ministério apostólico, o lugar abandonado por Judas, que foi para o lugar que
merecia.» Depois, tiraram à sorte, e a sorte caiu em Matias, que foi incluído entre os onze Apóstolos.” (Act 1, 15-26)
São Matias evangelizou na Palestina e
na Ásia Menor e morreu mártir por apedrejamento.
Sobre os Apóstolos e São Matias escreveu Tertuliano:
“Cristo Jesus, Nosso Senhor, durante a
sua estada neste mundo, enunciou quem era, quem fora, que era servo da vontade
do Pai e que deveres prescrevia ao homem.
Dizia tudo isto
abertamente à multidão, ou dirigindo-Se em particular aos seus discípulos, de
entre os quais escolheu doze para viverem a seu lado e que destinou para irem
ensinar às nações.
Após a queda de
um deles, ordenou aos outros onze, no momento de partir para o Pai após a
ressurreição, que fossem pregar a todos os povos e batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt
28,19).
Pouco depois, Matias juntou-se aos apóstolos –
palavra que significa enviados – para substituir Judas, tirado à sorte pelos outros com base na profecia de um salmo
de David.
Eles receberam
a força do Espírito Santo, que lhes tinha sido prometida para realizarem
milagres e falarem diversas línguas.
Primeiramente,
testemunharam a fé em Jesus Cristo
por toda a Judeia, onde instituíram
Igrejas.
Seguidamente,
partiram pelo mundo e proclamaram pelas nações os mesmos ensinamentos da fé.
Depois,
fundaram Igrejas em todas as cidades, às quais, consequentemente, outras
Igrejas foram buscar a estaca da fé e as sementes da doutrina. [...]
A prova da sua
unidade está em comungarem na paz, em os seus membros se tratarem por irmãos e
em praticarem a hospitalidade com reciprocidade. Esta construção não tem outro
fundamento a não ser a tradição do mesmo mistério.
Aquilo que os apóstolos pregaram foi o que Cristo
lhes revelou, que só pode ser garantido por estas mesmas Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos, onde eles pregaram de
viva voz, como se diz, e seguidamente por meio de cartas.”
Tertuliano (c. 155-c. 220), teólogo | Prescrição
contra os hereges, 20-22; CCL I, 201s (texto editado e adaptado) | Imagem