Festa do Apóstolo São Tomé - 3 de julho

 

Festa do Apóstolo São Tomé, também conhecido como Dídimo

Tomé é conhecido, entre os Apóstolos, especialmente pela sua incredulidade, que se desvaneceu na presença de Cristo ressuscitado.

Ele proclamou a fé pascal da Igreja: «Meu Senhor e meu Deus».

Sobre a sua vida nada se sabe ao certo, além dos pormenores contidos no Evangelho.

São Tomé era judeu, natural da Galileia e um pescador. Jesus o escolheu como um dos doze Apóstolos e foi a ele quem o Senhor fez uma revelação especial na Última Ceia.

“Disse-lhe Tomé: ‘Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?’ Jesus lhe respondeu: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim’” (Jo 14,5-6).

São Tomé pregou na Pérsia e região ao redor, Índia e Etiópia. 

A tradição diz que foi vendido como escravo para o rei indiano Gundafar, que buscava um arquiteto para construir seu palácio e sabia que o santo era conhecedor desta técnica.

O Apóstolo pregou para a filha do rei sobre as vantagens da castidade e, por isso, foi aprisionado, mas milagrosamente escapou da prisão. No entanto, morreu como mártir na costa de Coromandel (Madrás - Índia). Ali foi descoberto seu corpo com marcas de lanças.

Séculos depois, seus ossos foram levados para Edessa e atualmente encontram-se na Catedral de Ortona (Itália).

É representado com uma lança ou um cinturão, porque se diz que, depois da Assunção de Maria, foi ao sepulcro dela e pegou o cinturão da Virgem que estava lá e que hoje é venerado na Catedral de Prato (Itália).

Desde o século VI celebra-se no dia 3 de julho a memória da trasladação do seu corpo para Edessa.

*****

«Meu Senhor e meu Deus!»

“Muito conhecida e até proverbial é a cena de Tomé incrédulo, que aconteceu oito dias depois da Páscoa.

Num primeiro momento, não acreditando que Jesus aparecera na sua ausência, ele tinha dito: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei».

Destas palavras, sobressai, no fundo, a convicção de que Jesus já não é reconhecível tanto pelo rosto quanto pelas chagas: Tomé considera que os sinais qualificadores da identidade de Jesus são agora sobretudo as chagas, nas quais se revela até que ponto Ele nos amou.

E o apóstolo não se engana.

Como sabemos, oito dias depois, Jesus aparece no meio dos seus discípulos, e desta vez Tomé está presente.

E Jesus interpela-o: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente».

Tomé reage com a profissão de fé mais maravilhosa de todo o Novo Testamento: «Meu Senhor e meu Deus!».

A este propósito, Santo Agostinho comenta: «Tomé viu e tocou o homem, mas confessou a sua fé em Deus, que não via nem tocava. Porém, o que viu e tocou levou-o a crer naquilo de que até àquele momento tinha duvidado» («In Iohann.» 121, 5).

O evangelista prossegue com uma última palavra de Jesus a Tomé: «Porque Me viste, acreditaste; felizes os que acreditam sem terem visto». […]

O caso do apóstolo Tomé é importante para nós pelo menos por três motivos: primeiro, porque nos conforta nas nossas inseguranças; segundo, porque nos demonstra que qualquer dúvida pode levar a um êxito luminoso, que está para além de todas as incertezas; e por fim, porque as palavras que Jesus lhe dirigiu nos recordam o verdadeiro sentido da fé madura e nos encorajam a prosseguir, apesar das dificuldades, pelo nosso caminho de adesão a Ele.”

Bento XVI, papa de 2005 a 2013 Audiência geral de 27/09/06 (Libreria Editrice Vaticana)

*****

Meu Senhor e meu Deus

“Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.

Só este discípulo estava ausente; e, ao voltar e ouvir contar o que acontecera, negou-se a acreditar no que ouvia.

Veio outra vez o Senhor e apresentou ao discípulo incrédulo o seu lado para que lhe pudesse tocar, mostrou-lhe as mãos e, mostrando-lhe também a cicatriz das suas chagas, curou a ferida daquela incredulidade.

Que pensais, irmãos caríssimos, de tudo isto?

 Julgais porventura ter acontecido por acaso que aquele discípulo estivesse ausente naquela ocasião, que ao voltar ouvisse contar, que ao ouvir duvidasse, que ao duvidar tocasse e que ao tocar acreditasse?

Tudo isto não aconteceu por acaso, mas por disposição da providência divina.

A bondade de Deus atuou de modo admirável, a fim de que aquele discípulo que duvidara, ao tocar as feridas do corpo do seu Mestre curasse as feridas da nossa incredulidade.

Mais proveitosa foi para a nossa fé a incredulidade de Tomé do que a fé dos discípulos que não duvidaram; porque, enquanto ele é reconduzido à fé porque pôde tocar, a nossa alma põe de parte toda a dúvida e confirma-se na fé.

Deste modo, o discípulo que duvidou e tocou, tornou-se testemunha da realidade da ressurreição.

Tocou e exclamou: Meu Senhor e meu Deus.

Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, acreditaste.

Ora, como o apóstolo Paulo diz: A fé é o fundamento dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem, torna-se claro que a fé é a prova da verdade daquelas coisas que não podemos ver.

Pois aquilo que se vê já não é objeto de fé, mas de conhecimento direto.

Então, se Tomé viu e tocou, porque é que lhe diz o Senhor: Porque me viste, acreditaste?

É que ele viu uma coisa e acreditou noutra.

A divindade não podia ser vista por um mortal.

Ele viu a humanidade de Jesus e fez profissão de fé na sua divindade exclamando: Meu Senhor e meu Deus.

Portanto, tendo visto acreditou, porque tendo à sua vista um homem verdadeiro, exclamou que era Deus, a quem não podia ver.

Muita alegria nos dá o que se segue: Felizes os que não viram e acreditaram.

Por esta frase, não há dúvida que somos nós especialmente visados, pois não O vimos em sua carne, mas possuímo-l’O no nosso espírito.

Somos nós visados, desde que as obras acompanhem a nossa fé.

Na verdade só acredita verdadeiramente aquele que procede segundo a fé que professa.

Pelo contrário, daqueles que têm fé apenas de palavras, diz São Paulo: Professam conhecer a Deus, mas negam-n’O por obras.

A este respeito diz São Tiago: A fé sem obras é morta.”

Das Homilias de São Gregório Magno, papa, sobre os Evangelhos (Hom. 26, 7-9: PL 76, 1201-1202) (Sec. VI)

Fonte 

Sugestões: