Santos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael - 29 de setembro
Os santos arcanjos
Miguel, Gabriel e Rafael são celebrados neste dia da dedicação da basílica
de são Miguel [29 de setembro], edificada na Via Salária, às portas da cidade de Roma.
Os três arcanjos têm missões singulares, sugeridas pelos
seus nomes:
- Miguel («Quem
como Deus»?) é o príncipe dos anjos, o anjo dos supremos combates, o
melhor guia do cristão na hora da viagem para a eternidade, o protetor da
Igreja de Deus (Ap. 12-19);
- Gabriel («Deus
é a minha força») é o mensageiro
da Encarnação (Dn. 9, 21-22), o enviado das grandes embaixadas divinas, o Patrono das telecomunicações;
- Rafael («Medicina
de Deus») é conselheiro, companheiro de viagem, defensor e médico.
Honrando os anjos,
cuja existência é testemunhada pela Sagrada Escritura, nós exaltamos o poder de Deus, Criador do mundo visível e
invisível.
A Igreja peregrina sobre a terra, especialmente na liturgia eucarística, é associada às multidões dos anjos, que, na Jerusalém celeste, cantam a glória de Deus. (1)
São Miguel
Este arcanjo (…) é um dos principais desta hierarquia
angélica, tendo atingido tal importância que os três adquiriram o estatuto de
santos.
O seu nome, que é hebraico, significa "quem
como Deus?", constituindo em si um louvor e aludindo à supremacia
incontestável de Deus.
Costuma ser representado iconograficamente como um homem
dotado de asas, protegido por uma armadura – ou envergando vestes litúrgicas,
como a túnica, a estola e o pluvial – e empunhando uma lança ou uma espada com
as quais subjuga o Demónio que pode aparecer sob a forma de serpente ou de
dragão.
A presença do dragão é inspirada no Livro do Apocalipse, que menciona este arcanjo como aquele que
liderou os demais anjos na luta para lançar o Demónio no Inferno.
Como está ligado à morte e ao Juízo Final, igualmente
mencionado no Apocalipse, também
segura uma balança onde serão pesadas as almas no fim dos tempos. Inicialmente
venerado no Oriente, o seu culto começou a difusão para Ocidente a partir do
século V.
Na Igreja Ortodoxa,
as representações de São Miguel Arcanjo
variam um pouco em relação à iconografia mencionada, aparecendo ataviado como
um membro da corte bizantina.
Assim, além das obrigatórias asas, enverga normalmente o loron, veste característica dos
dignitários, e segura o bastão que identifica os ostiarii, cuja função é a de proteger os locais sacros.
As asas são em algumas representações constituídas por penas
de pavão, que têm "olhos"; esta é uma alusão simbólica à proximidade
do arcanjo com Deus e à sabedoria e clarividência que daí advêm.
Festejado no Ocidente a
29 de setembro (tal como São Rafael e São Gabriel), é protetor das viagens
e, entre outros, dos fabricantes de balanças e dos comerciantes.
Sobre este arcanjo, além das fontes bíblicas, dissertaram
teólogos como Pseudo-Dionísio, São Jerónimo, Santo Agostinho e Pantaleão,
"o Diácono". (2)
São Gabriel
"Gabriel"
- que significa "Deus é forte"
ou "aquele que está na presença de
Deus" - aparece no assim chamado evangelho da infância como mensageiro
da Boa Nova do Reino de Deus, que já
está presente na pessoa de Jesus de Nazaré, nascido de Maria.
É ele quem anuncia o nascimento de João Baptista e de Jesus. Anuncia, portanto, o surgimento de uma
nova era, um tempo de esperança e de salvação para todos os homens.
É ele quem, pela primeira vez, profere aquelas palavras que
todas as gerações hão-de repetir para saudar e louvar a Virgem de Nazaré: "Ave, cheia de graça. O Senhor é convosco".
(3)
São Rafael
"Rafael"-
que quer dizer "medicina dos deuses"
ou "Deus cura" - foi o
companheiro de viagem de Tobias.
É o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias desde Nínive
até à Média; quem o defende dos
perigos e patrocina o seu casamento com Sara.
É ele quem tira da cegueira o velho Tobias.
É aquele que cura, que expulsa os demónios.
São Rafael é o companheiro de viagem do homem, seu guia e seu protetor nas adversidades. (4)
*****
A palavra «Anjo» designa a sua função, não a sua natureza
Deveis saber que a palavra «Anjo» designa uma função, não
uma natureza.
Na verdade, aqueles santos espíritos da pátria celeste são
sempre espíritos, mas nem sempre se podem chamar Anjos. Só são Anjos quando
exercem a função de mensageiros.
Os que transmitem mensagens de menor importância chamam se
Anjos; os que transmitem mensagens de maior transcendência chamam se Arcanjos.
Esta é a razão pela qual à Virgem Maria não foi enviado um
Anjo qualquer mas o Arcanjo Gabriel; de facto, era justo que para esta missão
fosse enviado um Anjo superior, porque vinha anunciar a maior de todas as
mensagens.
É pela mesma razão que se lhes atribuem nomes particulares,
que designam a missão respetiva que desempenham.
Na santa cidade do Céu, onde a visão de Deus omnipotente dá
um perfeito conhecimento de tudo, não precisam de nomes próprios para se
distinguirem uns dos outros; mas quando vêm realizar alguma missão junto dos
homens, são conhecidos pelo nome da função que exercem.
Assim, Miguel
significa «Quem como Deus?»; Gabriel,
«Fortaleza
de Deus»; e Rafael, «Medicina
de Deus».
Quando se trata de realizar algum mistério que exige um
poder especial, verifica-se que é Miguel o enviado, para dar a entender, pela
sua acção e pelo seu nome, que ninguém pode actuar como Deus.
Por isso aquele antigo inimigo, que pela sua soberba
pretendeu ser semelhante a Deus, dizendo: Subirei até ao céu, levantarei o meu
trono acima dos astros do céu e serei semelhante ao Altíssimo, será abandonado
a si mesmo no fim do mundo e condenado ao extremo suplício.
É este que São João
no Apocalipse nos apresenta a combater contra o Arcanjo Miguel: Travou se um
combate no Céu contra o Arcanjo Miguel.
A Maria foi enviado Gabriel, que significa «Fortaleza de Deus», porque veio
anunciar Aquele que, apesar da sua aparência humilde, havia de triunfar sobre
os poderes superiores.
Convinha, de facto, ser anunciado pela «Fortaleza de Deus» Aquele que vinha ao mundo como Senhor dos
Exércitos e poderoso das batalhas.
Rafael, como dissemos, quer dizer «Medicina de Deus», como se compreende na missão que teve junto de
Tobias: tocou lhe os olhos como um médico e dissipou as trevas da sua cegueira.
Por isso, aquele que foi enviado para curar, é chamado «Medicina de Deus».”
Das Homilias de São Gregório Magno, papa, sobre os Evangelhos (Hom. 34, 8-9: PL 76, 1250-1251)
(Sec. VI)