Santa Maria, Nossa Senhora do Rosário – 7 de outubro
A festa de Nossa
Senhora do Rosário foi instituída pelo papa Pio V, em 1571, quando
se celebrava o aniversário da batalha naval de Lepanto.
Segundo consta,
os cristãos saíram vitoriosos porque invocaram o auxílio da Santa Mãe de
Deus, rezando o rosário.
A origem do
terço é muito antiga. Remonta aos anacoretas orientais que usavam pedrinhas
para contar suas as orações.
O Venerável
Beda sugerira aos irmãos leigos, pouco familiarizados com o Saltério
latino, que usassem grãos enfiados num barbante na recitação dos pai-nossos e
ave-marias.
Segundo a
lenda, em 1328, Nossa Senhora apareceu a São Domingos,
recomendando-lhe a recitação do rosário para a salvação do mundo.
Rosário significa
coroa de rosas oferecidas a Nossa Senhora.
Os promotores e
divulgadores da devoção do rosário no mundo inteiro foram os dominicanos.
Somos hoje,
portanto, convidados a meditar sobre os mistérios de Cristo Jesus,
associando-nos como Maria Santíssima à encarnação, paixão e gloriosa
ressurreição do Filho de Deus.
Disse o Papa
São João Paulo II na sua Carta Apostólica "Rosarium Virginis
Mariae":
"O
Rosário, de facto, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seu
âmago é oração cristológica.
Na
sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem
evangélica, da qual é quase um compêndio.
Nele ecoa a
oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora
iniciada no seu ventre virginal.
Com ele, o
povo cristão frequenta a escola de Maria para deixar-se introduzir na
contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do
seu amor.
Mediante o
Rosário o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas
mãos da Mãe do Redentor." (1)
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Oração a Nossa Senhora do Rosário
Nossa Senhora
do Rosário,
dai a todos os
cristãos a graça
de compreender
a grandiosidade
da devoção do
santo rosário,
na qual, à
recitação da Ave Maria
se junta a
profunda meditação
dos santos
mistérios da vida,
morte e
ressurreição de Jesus,
vosso Filho e
nosso Redentor.
São Domingos,
apóstolo do rosário,
acompanhai-nos
com a vossa bênção,
na recitação do
terço, para que,
por meio desta
devoção a Maria,
cheguemos mais
depressa a Jesus,
e como na
batalha de Lepanto,
Nossa Senhora
do Rosário nos leve a vitória
em todas as
lutas da vida;
por seu Filho,
Jesus Cristo,
na unidade do
Pai e do Espírito Santo.
Amen.
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Meditemos nos mistérios da salvação
O Santo que
nascerá de ti será chamado Filho de Deus. O Verbo do Pai dos Céus é fonte de
sabedoria. Por meio de ti, Virgem santa, o Verbo Se fará carne, de modo que
quem diz: Eu estou no Pai e o Pai em Mim, dirá também: Eu saí de Deus e vim ao
mundo.
No princípio,
diz João, era o Verbo. Já brotava a fonte, mas ainda só em si mesma, porque ao
princípio o Verbo estava junto de Deus, habitando a luz inacessível. O Senhor
dizia desde o início: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição. Mas o vosso
pensamento está em Vós, Senhor, e nós ignoramos o que pensais. Com efeito, quem
conheceu a mente do Senhor ou quem foi o seu conselheiro?
O pensamento de
paz desceu do Céu para realizar a sua obra de paz: O Verbo fez Se homem e
habita já no meio de nós. Na verdade, habita pela fé nos nossos corações, na
nossa memória, no nosso pensamento, e desceu até à própria imaginação. Que
primeiro pensamento teria o homem acerca de Deus, a não ser talvez um ídolo
fabricado pelo seu coração? Deus era incompreensível, inacessível, invisível e
para além de todo o nosso pensamento; agora, porém, quis ser compreendido, quis
ser visto, quis ser pensado.
De que modo?
Sem dúvida recostado no presépio, deitado no regaço da Virgem, pregando na
montanha, passando a noite em oração; ou então, suspenso da cruz, lívido na
morte, livre entre os mortos e dominando sobre o poder do inferno; ou também
ressurgindo ao terceiro dia e mostrando aos Apóstolos os lugares dos cravos,
sinais de vitória, e finalmente subindo, na presença deles, ao mais alto do
Céu.
Quem não
meditará na verdade, na piedade e na santidade destes factos? Quando medito em
qualquer deles, o meu pensamento encontra a Deus, e em tudo é o meu Deus. É
verdadeira sabedoria meditar nestes mistérios, é verdadeira prudência evocar a
doce memória destes frutos excelentes que Maria recebeu do Céu e tão
copiosamente derramou sobre nós.
Dos Sermões
de São Bernardo, abade (Sermo de aquaeductu: Opera omnia, Ed. Cisterc. 5
[1968], 282-283) (Sec. XII)