Dedicação da Basílica de Latrão

Dedicação da Basílica de Latrão


Celebrase neste dia, 9 de novembro, o aniversário da dedicação da basílica de Latrão, construída pelo imperador Constantino, no tempo do papa Silvestre I (314-335), em honra de Cristo Salvador, e catedral da Igreja de Roma.

Inicialmente foi uma festa da cidade de Roma. Mais tarde, estendeu‑se à Igreja de Rito Romano, com o fim de honrar a basílica que é chamada «a igrejamãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe» e como sinal de amor e unidade para com o Romano Pontífice.

Ao contrário do que muitos pensam, é esta basílica e não a basílica de São Pedro, no Vaticano, o templo mais antigo.

Aqui foram celebrados cinco Concílios ecuménicos:

Latrão I – 18.03.1123 a 06.04.1123

– Presidido por Calixto II.

– Encerra a Questão das Investiduras: aboliu o direito dos príncipes de interferir na escolha dos bispos, definindo a independência da Igreja perante o poder temporal.

– Discute a reconquista da Terra Santa.

Latrão II – Abril de 1139

– Convocado pelo papa Inocêncio II.

– Condena os erros de Arnaldo de Brescia, sobre a salvação dos clérigos que possuíam bens materiais.

– Torna obrigatório o celibato para o clero na Igreja Ocidental.

– Termina com o cisma do antipapa Anacleto;

Latrão III – Março de 1179

– Define as normas para a eleição do Papa (maioria de 2/3) e para a nomeação de bispos (idade mínima de 30 anos).

– Condena os albigenses e valdenses, que pregavam a existência de dois princípios opostos e a rejeição total das realidades materiais, condenando o casamento e estimulando o suicídio por greve de fome.

– Excomunga os barões que, na França, apoiavam os Cátaros;

Latrão IV – 11 a 30.11.1215

– Determina que todo o cristão, chegado ao uso da razão, é obrigado a receber a Confissão e a Eucaristia na Páscoa.

– Condena os AlbigensesManiqueístas e Valdenses.

– Consagra, nos seus documentos, a palavra transubstanciação.

Para saber mais sobre este concílio, clique aqui.

Latrão V – 10.05.1512 – 16.03.1517

– Condenação do concílio cismático de Pisa (1409-1411) e do conciliarismo.

– Reforma da Igreja.

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Somos todos pelo Baptismo templos de Deus

“Pela graça de Cristo, irmãos caríssimos, celebramos hoje com alegria e júbilo o dia aniversário da consagração deste templo. Mas nós é que devemos ser o templo vivo e verdadeiro de Deus.

Com razão, porém, as comunidades cristãs celebram fielmente a solenidade da Igreja Mãe, pois sabem que renasceram espiritualmente por meio dela.

Pelo primeiro nascimento éramos vasos da ira de Deus, mas pelo segundo convertemo-nos em vasos da sua misericórdia.

O primeiro nascimento gerou nos para a morte; o segundo restituiu nos à vida.

Todos nós fomos templo do diabo antes do Baptismo, mas depois do Baptismo merecemos ser templos de Cristo; e, se pensarmos com mais interesse na salvação da nossa alma, tomamos consciência de que somos realmente o templo verdadeiro e vivo de Deus.

Deus não habita só em templos edificados pelos homens, nem em casas construídas de madeira ou de pedra, mas principalmente na alma feita à imagem de Deus e por sua própria mão.

Assim diz, com efeito, o apóstolo São Paulo: O templo de Deus é santo, e vós sois esse templo.

Se Cristo, com a sua vida, expulsou o diabo dos nossos corações, a fim de preparar em nós um templo para Si, trabalhemos com a sua ajuda quanto pudermos para que Ele não seja ofendido em nós com as nossas obras más.

Na verdade, todo aquele que pratica o mal ofende a Cristo.

Como já disse, antes de Cristo nos resgatar fomos casa do diabo. Depois merecemos ser casa de Deus, porque Ele Se dignou fazer de nós a sua morada.

Por isso, irmãos, se desejamos celebrar com alegria o aniversário deste templo, não devemos destruir em nós, com obras más, os templos vivos de Deus.

E direi isto de maneira que todos possam compreender: sempre que vimos à igreja, devemos preparar bem a nossa alma, tal como gostamos de ver adornado o templo de Deus.

Queres encontrar a basílica limpa? Então não queiras sujar a tua alma com a imundície do pecado.

Se queres que a basílica esteja luminosa, também Deus deseja que a tua alma não esteja nas trevas, como diz o Senhor no Evangelho: brilhe em nós a luz das boas obras e seja glorificado Aquele que está nos Céus. ~

Assim como tu entras nesta igreja, também Deus quer entrar na tua alma, como prometeu: Estabelecerei a minha morada no meio deles e viverei com eles.”

Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo (Sermo 229, 1-3: CCL 104, 905-908) (Séc. VI)

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Jesus é a alma da Igreja, sua Esposa

“Meu Senhor Jesus, Vós estais connosco até ao fim dos tempos (cf Mt 28,20), não só na Sagrada Eucaristia, mas também através da vossa graça. [...] A vossa graça está na Igreja, está e vive em cada alma fiel. [...] A Igreja é a vossa Esposa, a alma fiel também é Vossa Esposa. [...] Qual é a ação da vossa graça sobre elas? Conformá-las a Vós. [...]

A vossa graça trabalha incessantemente na Igreja para a tornar mais perfeita: mais perfeita pelo número crescente dos seus santos, que se acrescentam constantemente, e esta coroa de santos é todos os dias completada com novos diamantes [...]; mais perfeita pelas novas cruzes com que a carregais todos os dias e pelas vitórias que ela obtém todos os dias contra o príncipe do mundo; mais perfeita pelas perseguições que suporta de século em século e que a tornam, pelos sofrimentos que passa, cada vez mais semelhante ao seu Esposo; mais perfeita pelo peso dos méritos dos seus membros, que se acrescentam cada dia aos méritos da véspera; é uma soma de santidade em constante crescimento, uma soma de nova glorificação de Deus acrescentada à antiga glorificação, sempre viva diante do Senhor [...]; mais perfeita porque a graça de hoje, somada à graça de ontem, não pode deixar de empurrar esta Esposa, de elevação em elevação, para mais perto do seu Esposo.

Jesus é a alma da Igreja, à qual dá tudo o que a alma dá ao corpo: a vida, a vida imortal, tornando-a inabalável. [...] Ele opera através dela e continua, por seu intermédio, a obra que começou no seu corpo enquanto vivia entre os homens: a glorificação de Deus pela santificação dos homens. [...] Esta obra é o fim da Igreja, como foi o fim de Cristo; e Jesus realiza-a sem cessar, pelos séculos fora.”

São Charles de Foucauld (1858-1916) eremita e missionário no Saara | Retiro em Nazaré

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