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São Gregório Magno, “cônsul” de Deus

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  São Gregório Magno Em 590, aflitos com o miserável estado da Itália e de uma capital assolada pela inundação e a peste, o povo e o clero romanos elegem o patrício Gregório como Papa. À santidade do monge, ele acrescenta a experiência do diplomata - ele fora apocrisiário em Constantinopla - e do funcionário - também fora prefeito de Roma. Ameaçado ao norte e ao sul pelos ducados lombardos, humilhado pelo orgulho de Bizâncio e pela indignidade de muitos de seus colaboradores, o papado dá toda a impressão de estar moribundo. Mas Gregório I - que a posteridade cognominou o Grande ( Magno ) - serve a cidade terrestre tendo em vista edificar a Cidade de Deus . Bispo de Roma , ele toma em suas mãos ou controla as funções civis, sobretudo as relacionadas com a assistência e a educação. Ao mesmo tempo, dedica grandes cuidados à pregação, que quer prática: o tempo não é para os doutores, mas para os pastores - o Tratado de Pastoral de Gregório I ficaria na história. As obras d

Tertuliano de Cartago, ao serviço de um ideal cristão

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Tertuliano de Cartago, ao serviço de um ideal cristão Em Cartago , os cristãos são numerosos; eles empregam quase exclusivamente o latim na liturgia.  É Tertuliano (155-220) que dá à Igreja da África e mesmo a toda a latinidade a sua linguagem teológica, tão diferente do estilo oriental. Uma personalidade fora de série, esse Quinto Sétimo Florêncio Tertuliano ! Cartaginês, filho de centurião, teve um nível de instrução que lhe permitiu exercer em Roma o cargo de advogado, na época de Setímio Severo . Talvez tenha sido o espetáculo da morte dos mártires que o levou ao cristianismo . Voltando à África, padre, chefe dos catecúmenos, ele colocou o seu ardor e o seu talento - poder-se-ia mesmo dizer seu génio - de jurista e de polemista ao serviço de um ideal cristão que ele localiza num ponto muito alto, muito alto mesmo, inumanamente inacessível. Porque Tertuliano pertence à classe dos convertidos intransigentes. Ainda que se possa lamentar que Tertuliano tenha chegado a inju

As heresias dos primeiros tempos do Cristianismo

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  As heresias dos primeiros tempos do Cristianismo “Os primeiros cristãos sofreram a dura prova externa das perseguições . Internamente, a Igreja teve de enfrentar outra prova não menos importante: a defesa da verdade ante correntes ideológicas que procuraram desvirtuar os dogmas fundamentais da fé cristă. As antigas heresias - que assim se chamaram essas correntes de ideias - podem dividir-se em três grupos diferentes. Por um lado existiu um judeo-cristianismo herético , negador da divindade de Cristo e da eficácia redentora da sua Morte, para o qual a missão messiânica de Jesus teria sido conduzir o Judaísmo à sua perfeição, mediante a plena observância da Lei. Um segundo grupo de heresias - de aparecimento mais tardio - caracterizou-se pelo seu fanático rigorismo moral , estimulado pela crença num fim dos tempos iminente. No século II, a mais conhecida destas heresias foi o Montanismo , embora, na Africa latina, nos princípios do século IV o extremismo rigorista fosse a

Clemente de Alexandria

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São Clemente de Alexandria  († aprox. 215) foi um discípulo de  Panteno , que deu renome à  escola cristã alexandrina , fundada por aquele. Era um converso cuja vasta cultura lhe permitiu dar uma sólida contextura científica à exposição da doutrina da fé. Tanto na sua cátedra como em seus escritos - O Pedagogo ,  Stromata...  -  Clemente de Alexandria  quer demonstrar a concordância entre a sabedoria antiga e o  Evangelho. Ele multiplica as analogias, aproximando a  Bíblia  dos poemas de  Hesíodo  e de  Homero . Mas, ao mesmo tempo, insiste na unidade da  Revelação  distribuída pelo  Verbo  nas diversas culturas. Tudo isso está muito longe do  judeu-cristianismo  e da austeridade de  Tertuliano : que o cristão não esqueça nunca que é cristão, mas que assuma, sem fanfarronice, mas também sem vergonha, o seu lugar na cidade terrestre. Se a Igreja romana não admitiu Clemente em seu martirológio, foi porque ele desenvolveu estranhas teorias sobre a  gnose  em  Stromata . (Pierre

O Papa Inocêncio III e o IV Concílio de Latrão

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  O ideal de Inocêncio III O temporal - o político - submetido ao espiritual e este ao eterno - essa era a visão do mundo que Inocêncio III desejava que todo homem levasse em seu coração. E esse o ideal que o Papa Inocêncio III apresenta aos Padres do IV Concílio de Latrão , realizado em 1215. Essa assembleia - a mais importante da Idade Média - foi verdadeiramente o reflexo da cristandade romana pelo número (mil e duzentos) e pela variedade (bispos, abades, priores, embaixadores) dos participantes. Inocêncio III dominou toda a reunião, ainda que as decisões do concílio tenham marcado um momento importante na vida da Igreja. O IV Concílio de Latrão em 1215 Os pontos principais deste concílio foram - a urgência de uma reforma da Igreja (cuja necessidade se impõe durante esta época, no seguimento da fundação das novas ordens, a dos Franciscanos e a dos Dominicanos ); - a definição da doutrina da transubstanciação , segundo a qual a substância do pão e do vinho se transfo

Os destinos dos Doze Apóstolos

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  O nome dos 12 apóstolos aparecem quatro vezes no Novo Testamento : - em Mateus 10, 2-4; - em Marcos 3, 14-19; - em Lucas 6, 13-19; - e em Actos 1, 12-14. Conservam-se, também, tradições acerca de vários deles, contando como serviram a Jesus e mais tarde orientaram a primeira geração de fiéis do cristianismo. Na verdade, a sua primeira acção a seguir à ascensão de Jesus foi escolherem Matias para substituir Judas Iscariotes , a fim de que o número sagrado de 12 - correspondendo às 12 tribos de Israel - pudesse ser reposto. À exceção do suicídio de Judas Iscariotes e da execução de Tiago , filho de Zebedeu, registada em Atos 12, 2, o fim de cada apóstolo chegou até nós, principalmente através de escritos apócrifos e de tradições transmitidas oralmente, que ficaram registadas já muito tardiamente Como morreram os Apóstolos e onde estão as suas relíquias - Pedro morreu em Roma, durante a terrível perseguição de Nero aos cristãos, que teve início no ano 64 d.C., com

São Basílio Magno, um dos "grandes Capadócios"

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São Basílio Magno São Basílio Magno , Bispo de Cesareia   (c. 330-379)  foi, com seu irmão  Gregório , Bispo de Nisa  (335-394?) e o seu amigo  Gregório Nazianzo ,  Patriarca de Constantinopla   (+389/390) um dos " grandes Capadócios ", título pelo qual ficaram conhecidos estes três Padres da Igreja. Basílio  notabilizou-se, não só pelos seus escritos teológicos, mas também como homem de governo e organizador do monaquismo oriental. Com Santo Atanásio , são os Padres dogmáticos mais célebres do Oriente, pertencendo à escola neo-alexandrina. Antes de ocuparem as respectivas cadeiras episcopais, todos eles vivem no deserto e estudam os escritos dos apologistas, principalmente de Orígenes . Como dogmáticos convictos, aumentam o prestígio do credo niceno e lutam contra o arianismo. Foi, pois, graças à sua obra que, no plano teológico, foi conseguida a vitória sobre o  arianismo , heresia defendida por  Ário . O arianismo foi condenado como heresia pelo  Concílio de Niceia I , o q

«Foi vender tudo quanto possuía»

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“ Nosso Senhor Jesus Cristo  insistiu muitas vezes no seguinte: « Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me » (Mt 16,24). […] E noutro passo: « Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá o dinheiro aos pobres »; e acrescenta: « depois, vem e segue-Me » (Mt 19,21). Para aquele que sabe compreender, a  parábola do negociante  quer dizer a mesma coisa: « O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola ». A pérola preciosa designa indubitavelmente o  Reino dos Céus , e o Senhor mostra-nos que nos é impossível obtê-lo se não abandonarmos tudo o que possuímos: riqueza, glória, nobreza de nascimento e tudo aquilo que tantos outros buscam avidamente. O  Senhor  declarou ainda que é impossível ocuparmo-nos convenientemente do que fazemos quando o nosso espírito é solicitado por coisas diversas: « Ninguém pode servir a dois senhores », d

São Bento de Núrsia e a Regra Beneditina

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São Bento de Núrsia, padroeiro da Europa Nascido em Núrsia, perto de Roma, no ano 480, numa família nobre, São Bento funda ao mesmo tempo o Mosteiro de Monte Cassino e a Ordem Beneditina . Deste modo, o monaquismo ocidental adquire pela primeira vez uma organização funcional. A regra monástica beneditina, a Regula Sancti Benedicti , é uma « obra maravilhosa e harmoniosa de excepcional clareza e adaptabilidade, repleta de temperança romana... talvez o último tributo esplendoroso do espírito romano à Idade Média despontante » (Lortz). O seu princípio elementar « ora et labora » formula de maneira esquemática a vida activa e contemplativa. 1 São Bento  faleceu a 21 de março de 547 . Foi canonizado pelo papa Honório III em 1220. Em 1964, o papa Paulo VI declarou-o  padroeiro da Europa . A  Igreja Católica  celebra a sua  memória litúrgica  no dia 11 de Julho. A Regras de São Bento Obra fundamental de São Bento é a Regra que, constando de uma introdução ou prólogo e de 73 cap

São Bernardo de Claraval, o Doutor melífluo

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São Bernardo de Claraval São Bernardo de Claraval (1091-1153) é uma das grandes figuras da Idade Média, em especial no âmbito da História da Igreja medieval (Lortz). O ramo dos Cistercienses , que segue os seus ensinamentos, também é designado, às vezes, por Ordem dos Bernardinos . Em 1115 fundou o Mosteiro de Claraval , filial da casa-mãe de Cîteaux . Bernardo é um dos melhores pregadores do seu tempo; a sua arrebatadora eloquência torna-o merecedor do título de Doctor mellifluus ( doutor melífluo ). Em França , na Flandres e zonas do Reno, ele exorta à Segunda Cruzada . Autor de escritos teológicos de grande interesse para a História da Igreja, foi canonizado em 1174. São Bernardo e o misticismo medieval A piedade de Bernardo deixou profunda marca em toda a Idade Média, dado que determinou durante séculos o estilo e o conteúdo da oração pessoal. E Bernardo que aponta as linhas fundamentais do misticismo medieval, principalmente para o culto de Cristo e de Nossa S

São Máximo, o Confessor

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Nascido em Constantinopla , foi o teólogo bizantino mais importante do séc. VII, comenta­rista e seguidor da doutrina mística do  Pseudo-Dionísio .  Sua obra, no entanto, centrou-se na defesa da doutrina cristológica dos padres gregos. Influiu poderosamente na teologia e mística da  Idade Média . Deste grande cristão, o que primeiro devemos resenhar é a sua própria vida. Secretário do imperador Heráclio I, deixou seu cargo em 613 para empreender uma vida monástica próxima de Crisópolis (Bitínia).  Fugindo da invasão persa de 626, dirigiu-se ao norte da África, onde tomou parte da controvérsia monotelista em Cartago. Decididamente inclina-se para dupla vontade, divina e humana, na única pessoa de Cristo , e a defende.  Em 645, enfrentou-se com o patriarca Pirro de Constantinopla, exilado em Cartago, diante de quem defendeu a dupla vontade de Cristo contra os  monotelistas  e os  monofisitas .  Chamado a Roma em 649, tomou parte muito direta e ativa no sínodo local que, presi