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A mostrar mensagens com a etiqueta Padres e Doutores

«A lei perfeita, a lei da liberdade» (Tg 1,25)

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“A quem te tirar a túnica, diz Cristo , dá-lhe também o manto; a quem ficar com o que te pertence, não lho reclames; e aquilo que quiserdes que os outros vos façam, fazei-o vós a eles (Mt 5,40; Lc 6,30-31). Deste modo, não nos entristeceremos, como pessoas a quem arrebatam os bens contra a sua vontade, mas, pelo contrário, alegrar-nos-emos, como pessoas que dão de bom grado, uma vez que faremos ao próximo um dom gratuito em vez de cedermos a uma pressão. E diz ainda: se alguém te obrigar a caminhar uma milha, caminha duas com ele; desse modo, não o seguimos como um escravo mas precedemo-lo como homens livres. Em todas as coisas, portanto, Cristo convida-te a tornares-te útil ao teu próximo, não considerando a sua maldade mas acrescentando a tua bondade. Convida-nos assim a tornar-nos semelhantes ao nosso Pai « que faz nascer o sol sobre os maus e sobre os bons e cair a chuva sobre os justos e sobre os injustos » (Mt 5,45).   E isto não é obra de quem vem abolir a Lei mas

Santo Efrém da Síria, a "Harpa do Espírito Santo"

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“ As árvores do Éden / foram dadas como alimento ao primeiro Adão. / Para nós, o jardineiro do Jardim / tornou-se pessoalmente comida / para as nossas almas ”. Estes versos vêm do alvorecer da Igreja, precisamente do século IV, escritos por um diácono do Oriente, chamado Efrém . Uma das suas características é a de ser um profundo pensador cristão - um dos mais famosos do seu tempo – como também um poeta fino. Efrém era capaz de revestir suas intuições sobre a fé com a harmonia de versos, que tocavam o coração. O que ele escreveu, para nós, é uma lição. Consagrou-se ao ministério com a palavra e com os escritos e tornou-se tão célebre pela sua austeridade de vida e doutrina espiritual, que mereceu, pelos excelentes hinos que compôs, ser chamado " Harpa do Espírito Santo ". Síntese biográfica Santo Efrém , diácono e doutor da Igreja, natural de Nísibis , uma cidade da antiga Mesopotâmia , onde nasceu em 306, e onde, primeiramente, exerceu o ministério da pregação

Santa dúvida do discípulo Tomé!

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“ Tomé disse aos outros: « Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei ». Tomé significa abismo, pois este apóstolo adquiriu um conhecimento mais profundo e tornou-se mais firme na fé . [...] Não foi por acaso, mas por disposição divina, que Tomé estava ausente e não quis acreditar no que lhe disseram. Admirável desígnio! Santa dúvida deste discípulo! « Se não vir nas suas mãos », disse ele. Tomé queria ver reedificada a tenda de David , que se tinha desmoronado, e sobre a qual Amós havia dito: « Naquele dia, reerguerei a tenda de David, que foi abalada, e repararei as brechas das suas muralhas » (Am 9,11). David designa a divindade, a tenda designa o próprio corpo de Cristo , no qual estava presente a divindade, que caiu, aniquilada, na Paixão e na morte. As brechas das muralhas designam as chagas das mãos, dos pés e do lado, chagas que o Senhor reedificou na sua ressurreição.  Foi sobre

Deus É um Deus de vivos

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Deus É um Deus de vivos É uma verdade fundamental, que a Escritura e a Tradição não cessam de ensinar e de celebrar: « O mundo foi criado para glória de Deus » ( Vaticano I ). Deus criou todas as coisas, explica São Boaventura , « não para aumentar a sua glória, mas para a manifestar e a comunicar ». Para criar, Deus não tem outra razão senão o seu amor e a sua bondade: « As criaturas saíram da mão [de Deus], aberta pela chave do amor » ( São Tomás de Aquino ). [...] A glória de Deus está em que se realize esta manifestação e esta comunicação da sua bondade, em ordem às quais o mundo foi criado: fazer de nós « filhos adotivos por Jesus Cristo. Assim aprouve à sua vontade, para que fosse enaltecida a glória da sua graça » (Ef 1,5-6). « Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus; se a revelação de Deus pela criação já proporcionou a vida a todos os seres que vivem na Terra, quanto mais a manifestação do Pai pelo Verbo proporciona a vida aos qu

Em Cristo Deus fez-nos passar da sua imagem à sua semelhança (cf Gn 1,27)

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Em Cristo Deus fez-nos passar da sua imagem à sua semelhança (cf Gn 1,27) “Porque te desprezas tanto, homem, sendo tão precioso para Deus ? Porque te desonras a esse ponto, quando Deus te honra com o nascimento de Cristo na nossa carne ? Porque procuras como foste feito, e não averiguas com que objetivo estás feito? Esta morada do mundo que vês não foi, toda ela, feita para ti? É para ti que a luz se espalha e dissipa as trevas, foi para ti que a noite foi regulada, para ti que o dia foi medido;  é para ti que o céu irradia esplendores distintos do sol, da lua e das estrelas;  para ti que a Terra está matizada de flores, de árvores e de frutos;  foi para ti que esta multidão surpreendente de animais foi criada, no ar, nos campos, na bela água, para que uma triste solidão não estragasse a alegria do mundo novo. [...] Além disso, o Criador procura o que pode acrescentar à tua dignidade; Ele deposita em ti a sua imagem (Gn 1, 27), a fim de que esta imagem visível torne presente n

«Tinha ainda alguém para enviar: o seu querido filho»

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«Tinha ainda alguém para enviar: o seu querido filho» “« Cristo confiou-nos o mistério da reconciliação » (2Cor 5,18). São Paulo realça a grandeza dos Apóstolos ao mostrar-nos que mistério lhes foi confiado, ao mesmo tempo que manifesta com que amor Deus nos amou. Depois de os homens se terem recusado a ouvir Aquele que Ele lhes tinha enviado, Deus não fez soar a sua cólera, nem os rejeitou, mas persiste em chamá-los, por Si próprio e através dos Apóstolos. [...] « Deus pôs na nossa boca a palavra da reconciliação » (v. 19). Viemos portanto, não para uma obra penosa, mas para fazer de todos os homens amigos de Deus. Se não vos escutarem, diz-nos o Senhor, continuai a exortá-los, até que encontrem a fé. Por isso, São Paulo acrescenta: « Nós somos embaixadores de Cristo; é o próprio Deus que vos chama através de nós. Suplicamos-vos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus ». [...] A que poderemos compa rar tão grande amor? Depois de termos pagado estes benefícios com i

«Tu amas-Me?» (Evangelho segundo São João 21,15-19)

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«Tu amas-Me?» «Vejo aqui todos os bons pastores identificados com o  único Pastor  (Jo 10,14). Não faltam bons pastores, mas estão num só. Se não estivessem num só, estariam divididos. [...] Mas na própria pessoa de  Pedro  Ele recomendou a unidade. Os Apóstolos eram muitos, mas a um só foi dito: « Apascenta as minhas ovelhas ». […]  Quando confiou as suas ovelhas a Pedro , como quem as entrega a outra pessoa diferente de Si mesmo, quis fazer dele uma só coisa consigo. Cristo, a Cabeça , confiou as ovelhas a Pedro como símbolo do seu  Corpo, que é a Igreja  (Col 1,18). […] Por isso, ao confiar-lhe as suas ovelhas, para não parecer que as entregava a um pastor distinto de Si mesmo, o Senhor perguntou-lhe: « Pedro, tu amas-Me? » Ele respondeu-Lhe: « Sim, amo-Te ». E perguntou outra vez: « Tu amas-Me? » Ele respondeu: « Sim, amo-Te ». Perguntou-lhe ainda pela terceira vez: « Tu amas-Me? » E ele respondeu-Lhe novamente: « Sim, amo-Te ». Deste modo, quis fortalecê-lo no amor, para   o co

São Tomás de Aquino, o Doutor Angélico

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São Tomás de Aquino São Tomás de Aquino nasceu em 1224 0u 1225, no castelo de Roccasecca – Aquino (Itália). Era filho do Conde Landulf de Aquino. Educado no Mosteiro de Monte Cassino e tomando mais tarde os votos de frade dominicano é, juntamente com São Alberto Magno (de quem foi discípulo em Colónia), o teólogo e filósofo mais importante da Idade Média . De 1252 a 1259 ensinou em Paris, e mais tarde em Orvieto, Viterbo e Roma, fazendo-o de novo em Paris desde 1269 até 1272, data em que o chamaram a Nápoles para se encarregar da direção do Estudo Geral. A partir do século XV, é conhecido pelo título honorífico de Doctor angelicus . Tal como Alberto Magno , Tomás baseia a sua filosofia nos escritos de Aristóteles e de Santo Agostinho . Distinção entre teologia e filosofia Estabelece pela primeira vez a distinção entre teologia e filosofia , ou seja, entre fé e ciência; mas a ciência leva-o à fronteira onde começa a fé: só a união de ambas as disciplinas pode levar a

São Gregório Magno, “cônsul” de Deus

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  São Gregório Magno Em 590, aflitos com o miserável estado da Itália e de uma capital assolada pela inundação e a peste, o povo e o clero romanos elegem o patrício Gregório como Papa. À santidade do monge, ele acrescenta a experiência do diplomata - ele fora apocrisiário em Constantinopla - e do funcionário - também fora prefeito de Roma. Ameaçado ao norte e ao sul pelos ducados lombardos, humilhado pelo orgulho de Bizâncio e pela indignidade de muitos de seus colaboradores, o papado dá toda a impressão de estar moribundo. Mas Gregório I - que a posteridade cognominou o Grande ( Magno ) - serve a cidade terrestre tendo em vista edificar a Cidade de Deus . Bispo de Roma , ele toma em suas mãos ou controla as funções civis, sobretudo as relacionadas com a assistência e a educação. Ao mesmo tempo, dedica grandes cuidados à pregação, que quer prática: o tempo não é para os doutores, mas para os pastores - o Tratado de Pastoral de Gregório I ficaria na história. As obras d

Jesus ama aquele que O segue

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«O amor de Jesus pelo seu fiel discípulo está indicado nestas palavras: « Pedro, ao voltar-se, viu que o seguia o discípulo predileto de Jesus, aquele que, na Ceia, se tinha reclinado sobre o seu peito » (Jo 21,20). Aquele que verdadeiramente segue o Senhor deseja que todos O sigam; é por isso que se volta para o seu próximo com atenções, com oração e com o anúncio da palavra. O gesto de Pedro significa tudo isso. Encontramos a mesma ideia no Apocalipse : « O Esposo e a esposa [Cristo e a Igreja] dizem: "Vem!" O que ouve diga: "Vem! "» (Ap 22,17). Cristo por inspiração interior e a Igreja pela pregação dizem ao homem: « Vem! » E o que ouve estas palavras diz ao seu próximo: « Vem! », ou seja: « Segue Jesus! ». Voltando-se, Pedro viu, pois, vir atrás de si o discípulo que Jesus amava; Jesus ama aqueles que O seguem. Embora o seu nome não seja pronunciado, João distingue-se dos outros, não pelo facto de Jesus o amar apenas a ele, mas pelo facto de o am