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São Jerónimo, Doutor da Igreja, traduziu a Bíblia para Latim - a Vulgata

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São Jerónimo  (c. 345, Estridão – 30.09.420, Belém) é um dos quatro grandes  Doutores da Igreja  Latina. Descendente de uma família cristā dálmata e baptizado ainda muito novo, fez uma experiência monástica em Antioquia, durante dois anos, como eremita. Depois, fixou-se em Belém, num mosteiro, onde veio a falecer. Foi teólogo, exegeta e uma personalidade cheia de contrastes. Fez a revisão latina dos Evangelhos a pedido do  papa São Dâmaso . As suas tendências intelectuais têm já o « autêntico cunho  humanista ». Quando se retira para uma gruta no deserto a fim de iniciar a vida eremítica, não se esquece de levar consigo a sua valiosa biblioteca e, como secretário particular do  papa Dâmaso  ou como prior de um mosteiro em  Damasco , procura infatigavelmente o diálogo verbal e epistolar com diversos amigos. « Os círculos grandes e pequenos de distintas damas entre as quais ele desperta vocações para a vida ascética e monacal, que o escutam e admiram e se interessam pelo seu

«Eu consagro-Me por eles, para que também eles sejam consagrados na verdade»

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« Aqueles que se agarram inutilmente a vaidades perderão a misericórdia que lhes é oferecida » (Jon 2,9,LXX). Deus é misericordioso  por natureza e está pronto a salvar por clemência aqueles que não pode salvar por justiça. Nós, porém, com os nossos vícios, perdemos a misericórdia que estava preparada e se nos oferecia. [...] Ainda que tenha sido ofendida, a  Misericórdia  - ou seja, o próprio Deus, pois « Deus é misericordioso e bom, paciente e cheio de compaixão » (Sl 144,8) - não abandona aqueles que se agarram a vaidades, nem os amaldiçoa; mas espera que regressem, ao passo que eles abandonam deliberadamente a misericórdia que têm diante de si. [...] « Mas eu oferecer-Te-ei um sacrifício de louvor e de ação de graças. Cumprirei diante de Ti, Senhor, o voto que fiz, em sinal de salvação » (Jon 2,10,LXX). [...] Devorado pelas ânsias de salvação da multidão, oferecer-Te-ei um sacrifício de louvor e de ação de graças, oferecendo-me a mim próprio. Pois « Cristo, nossa Páscoa, foi imol

«Tenho a certeza de que não ficarei confundido. O meu defensor está junto de mim.»

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  “Naquele tempo, Jesus entrou numa sinagoga a um sábado e começou a ensinar. Estava lá um homem com a mão direita paralítica. Os escribas e fariseus observavam Jesus, para verem se Ele ia curar ao sábado e encontrarem assim um pretexto para O acusarem. Mas Jesus , conhecendo os seus pensamentos, disse ao homem que tinha a mão paralítica: « Levanta-te e põe-te de pé, aí no meio ». O homem levantou-se e ficou de pé. Depois Jesus disse-lhes: « Eu pergunto-vos se é permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la ». Então olhou para todos à sua volta e disse ao homem: « Estende a mão ». Ele assim fez e a mão ficou curada. Os escribas e fariseus ficaram furiosos e começaram a falar entre si do que haviam de fazer a Jesus.” (Lc 6,6-11) ***** «Tenho a certeza de que não ficarei confundido. O meu defensor está junto de mim. Quem ousará levantar-me um processo?» (Is 50,7-8) “O Senhor, sendo Deus , fez-Se homem e, tendo sofrido em vez do enfermo, tendo sid

Clemente de Alexandria

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São Clemente de Alexandria  († aprox. 215) foi um discípulo de  Panteno , que deu renome à  escola cristã alexandrina , fundada por aquele. Era um converso cuja vasta cultura lhe permitiu dar uma sólida contextura científica à exposição da doutrina da fé. Tanto na sua cátedra como em seus escritos - O Pedagogo ,  Stromata...  -  Clemente de Alexandria  quer demonstrar a concordância entre a sabedoria antiga e o  Evangelho. Ele multiplica as analogias, aproximando a  Bíblia  dos poemas de  Hesíodo  e de  Homero . Mas, ao mesmo tempo, insiste na unidade da  Revelação  distribuída pelo  Verbo  nas diversas culturas. Tudo isso está muito longe do  judeu-cristianismo  e da austeridade de  Tertuliano : que o cristão não esqueça nunca que é cristão, mas que assuma, sem fanfarronice, mas também sem vergonha, o seu lugar na cidade terrestre. Se a Igreja romana não admitiu Clemente em seu martirológio, foi porque ele desenvolveu estranhas teorias sobre a  gnose  em  Stromata . (Pierre

Amo porque amo; amo para amar

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Amo porque amo; amo para amar “O amor subsiste por si mesmo, agrada por si mesmo e por causa de si mesmo. Ele próprio é para si mesmo o mérito e o prémio. O amor não busca outro motivo nem outro fruto fora de si; o seu fruto consiste na sua prática. Amo porque amo; amo para amar. Grande coisa é o amor, desde que remonte ao seu princípio, que volte à sua origem, que torne para a sua fonte, que se alimente sempre da nascente donde possa brotar incessantemente. Entre todas as emoções, sentimentos e afectos da alma, o amor é o único em que a criatura pode corresponder ao Criador , se não em igual medida, ao menos de modo semelhante. Com efeito, Deus , quando ama, não quer outra coisa senão ser amado: isto é, não ama por outro motivo senão para ser amado, sabendo que o próprio amor torna felizes os que se amam entre si. O amor do Esposo, ou antes o Amor ‑ Esposo, n ã o pede sen ã o correspond ê ncia e fidelidade. A amada deve, portanto, retribuir com amor. Como pode a esposa

«Nós deixámos tudo para Te seguir»

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  "Então Pedro tomou a palavra e disse-Lhe: « Nós deixámos tudo para Te seguir. Que recompensa teremos? ». Jesus respondeu: « Em verdade vos digo: no mundo renovado, quando o Filho do homem vier sentar-Se no seu trono de glória, também vós que Me seguistes vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. " (Mt. 19, 27-28) ***** «Nós deixámos tudo para Te seguir» « Nós deixámos tudo para Te seguir »; o que se entende por «tudo»? As coisas exteriores e as coisas interiores; aquilo que possuíamos e a própria vontade de possuir; deste modo, não nos resta absolutamente nada. [...] Foi por Ti que deixámos tudo e nos tornámos pobres. Mas, como Tu és rico, nós seguimos-Te para que também nós enriqueçamos. Seguimos-Te a Ti! Nós, criaturas, seguimos-Te, a Ti, que és o Criador; nós, filhos, seguimos o pai; nós, crianças, seguimos a mãe; nós, famintos, seguimos o pão; nós, sedentos, fomos à fonte; nós, doentes, recorremos ao médico; nós, cansados, procurámos

«Puxam-na para a praia e, sentando-se, escolhem os bons»

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« Ele governará a Terra com justiça, e os povos com fidelidade » (Sl 95,13). Que justiça e que fidelidade são estas? Ele juntará os eleitos em seu redor (Mc 13,27) e afastará os outros, colocando aqueles à sua direita e estes à sua esquerda (Mt 25,33). Haverá coisa mais justa, mais fiel do que esta? Aqueles que não tiverem querido exercer misericórdia antes da chegada do juiz, não poderão esperar dele misericórdia. Aqueles que tiverem querido exercer misericórdia, serão julgados com misericórdia (Lc 6,37). Porque Ele dirá àqueles que tiver colocado à sua direita: « Vinde, benditos de meu Pai, recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo »; e atribui-lhes-á obras de misericórdia :  « Tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber », e por aí fora (Mt 25,31s.). Porque tu és injusto, não há de o Juiz ser justo? Porque te acontece mentir, não há de a Verdade ser verídica? Se queres encontrar um Juiz misericordioso, sê mise

«Quem acredita em Mim, [...] viverá»

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“« Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá ». Que quer isto dizer? « Quem acredita em Mim », ainda que tenha morrido, como Lázaro, « viverá », porque Deus não é um Deus de mortos, mas um Deus de vivos . Já a propósito de Abraão , de Isaac e de Jacob , os patriarcas há muito mortos, Jesus tinha dado a mesma resposta aos judeus: « Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob; não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos » (Lc 20,38). Por isso, acredita e, ainda que estejas morto, viverás! Mas, se não acreditares, ainda que estejas vivo, na verdade estás morto. [...] De onde vem a morte da alma? Vem do facto de a fé já lá não estar. De onde vem a morte do corpo? Vem do facto de a alma já lá não estar. A alma da tua alma é a fé. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido no seu corpo, terá a vida na sua alma até que o próprio corpo ressuscite para nunca mais morrer. E quem vive na sua car

São Basílio Magno, um dos "grandes Capadócios"

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São Basílio Magno São Basílio Magno , Bispo de Cesareia   (c. 330-379)  foi, com seu irmão  Gregório , Bispo de Nisa  (335-394?) e o seu amigo  Gregório Nazianzo ,  Patriarca de Constantinopla   (+389/390) um dos " grandes Capadócios ", título pelo qual ficaram conhecidos estes três Padres da Igreja. Basílio  notabilizou-se, não só pelos seus escritos teológicos, mas também como homem de governo e organizador do monaquismo oriental. Com Santo Atanásio , são os Padres dogmáticos mais célebres do Oriente, pertencendo à escola neo-alexandrina. Antes de ocuparem as respectivas cadeiras episcopais, todos eles vivem no deserto e estudam os escritos dos apologistas, principalmente de Orígenes . Como dogmáticos convictos, aumentam o prestígio do credo niceno e lutam contra o arianismo. Foi, pois, graças à sua obra que, no plano teológico, foi conseguida a vitória sobre o  arianismo , heresia defendida por  Ário . O arianismo foi condenado como heresia pelo  Concílio de Niceia I , o q

«Foi vender tudo quanto possuía»

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“ Nosso Senhor Jesus Cristo  insistiu muitas vezes no seguinte: « Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me » (Mt 16,24). […] E noutro passo: « Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá o dinheiro aos pobres »; e acrescenta: « depois, vem e segue-Me » (Mt 19,21). Para aquele que sabe compreender, a  parábola do negociante  quer dizer a mesma coisa: « O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola ». A pérola preciosa designa indubitavelmente o  Reino dos Céus , e o Senhor mostra-nos que nos é impossível obtê-lo se não abandonarmos tudo o que possuímos: riqueza, glória, nobreza de nascimento e tudo aquilo que tantos outros buscam avidamente. O  Senhor  declarou ainda que é impossível ocuparmo-nos convenientemente do que fazemos quando o nosso espírito é solicitado por coisas diversas: « Ninguém pode servir a dois senhores », d

«Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?»

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«Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?» “« Como retribuirei ao Senhor? » (Sl 115,12). Nem com sacrifícios nem com holocaustos, nem com a observância dos preceitos da Lei, mas com toda a minha vida. É por isso que o salmista diz: « Elevarei o cálice da salvação » (Sl 115,13). Os trabalhos que sofreu no combate pela sua devoção filial a Deus e a constância pela qual resistiu ao pecado até à morte, a isso chama o salmista o seu cálice. É a propósito desse cálice que o próprio Senhor Se exprime assim no Evangelho : « Meu Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice » (Mt 26,39); e aos seus discípulos pergunta:  « Podeis beber o cálice que Eu hei de beber? » Referia-Se à morte que iria sofrer pela salvação do mundo. Por isso diz: « Elevarei cálice da salvação », isto é, todo o meu ser se lança sedento para a consumação do martírio, a ponto de ver nos tormentos sofridos nos combates do amor filial um repouso para a alma e para o corpo, e não um sofrimento. « Oferecer-

Deus do meu coração, minha herança para toda a eternidade!

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“Dizei a Deus com frequência: «Meu Senhor, porque me amais tanto? Que vedes de bom em mim? Já esquecestes as ofensas que vos fiz? Ah!, pois me tratastes com tanto amor que, em vez de me mandardes para o inferno, me cumulastes de graças, a quem entregarei o meu amor, senão a Vós, o Bem que sois o meu bem e todo o meu bem? « Meu Deus , todo digno de amor, o que mais me aflige nos meus pecados passados não são os castigos a que Vos obriguei, a Vós, que sois digno de um amor infinito, a Vós, que não sabeis desprezar um coração que se arrepende e se humilha (cf Sl 50,19). Ah!, desde agora, nesta vida e na outra, o meu coração a nada mais aspira que a possuir-Vos. " Quem tenho eu no Céu senão a Vós e quem desejo na Terra além de Vós? [...] Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha herança para sempre " (Sl 73,25-26). Sim, Vós sois, e sereis para sempre, o único Senhor do meu coração e da minha vontade, o meu único tesouro, o meu paraíso, o alvo da minha esperança

«Então os justos brilharão como o sol no Reino do seu Pai»

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“« Quando o que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir da imortalidade » (1Cor 15,54), o amor será perfeito, o júbilo será perfeito, um louvor sem fim, um amor sem ameaças. [...] E neste mundo? Não experimentaremos nenhuma alegria? [...] Seguramente que sim; neste mundo, experimentaremos, na esperança da vida futura, uma alegria da qual seremos plenamente saciados no Céu. Mas é preciso que o trigo suporte muitas coisas no meio do joio. Os grãos são lançados à palha e o lírio cresce no meio dos espinhos. Com efeito, que foi dito à Igreja ?  « Tal como um lírio entre os cardos, assim é a minha amada entre as donzelas » (Ct 2,2). « Entre as donzelas », diz o texto, e não entre os estrangeiros. Ó Senhor, que consolações dás Tu? Que conforto? Ou melhor, que temor? Chamas espinhos às tuas próprias donzelas? São espinhos, responde Ele, pela sua conduta, mas são donzelas pelos meus sacramentos. [...] Mas onde deverá o cristão refugiar-se

«As nações colocarão a esperança no seu nome»

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“Quem é o homem que conhece todos os tesouros de sabedoria e de ciência ocultos em  Cristo , escondidos na pobreza da sua carne? Porque Ele, « sendo rico, fez-Se pobre por nós, para nos enriquecer com a sua pobreza » (2Cor 8,9). Como vinha para assumir a condição mortal e vencer a própria morte, apresentou-Se na condição de pobre. Mas Ele, que nos prometeu tesouros distantes, na verdade não perdeu aqueles dos quais Se afastou: « como é grande, Senhor, a bondade que reservas para os que Te são fiéis! Tu a concedes, à vista de todos, àqueles que em Ti confiam » (Sl 31,20). [...] Para que O pudéssemos compreender, Aquele que é igual ao Pai, pois tem a natureza de Deus, tornou-Se semelhante a nós, tomando a natureza de servo, e recriando-nos à semelhança de  Deus . Tornando-Se Filho de homem, o Filho único de Deus torna os homens filhos de Deus. E, depois de ter alimentado os servos com a sua natureza visível de servo, tornou-nos livres para que pudéssemos contemplar a natureza de  Deus

«Sou manso e humilde de coração»

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“Podemos considerar a mansidão de Cristo em quatro circunstâncias: na sua vida ordinária, nas suas reprimendas, na graça do seu acolhimento e finalmente na sua Paixão . Primeiro, podemos ver a doçura de Cristo na vida ordinária, porque todas as suas atitudes eram pacificadoras: Ele não procurava provocar discussões, mas evitava tudo quanto pudesse produzir altercações; e dizia: « Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração ». Imitemo-lo, pois. [...] A mansidão de Cristo também aparece nas suas reprimendas. Teve de sofrer, por parte dos seus perseguidores, muitos opróbrios, mas nunca respondeu com cólera nem em tom de querela. No seu comentário ao texto « Por causa da verdade e da mansidão » (Sl 44,5), Santo Agostinho afirma que a verdade se dava a conhecer quando Cristo pregava, e que era admirável a doçura e paciência com que respondia aos seus inimigos [...]. A sua mansidão é igualmente patente na graça do seu acolhimento. Há quem não saiba receber com ternura

«E as revelaste aos pequeninos»

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« Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes ». Como? O Senhor regozija-Se com a perda dos que não acreditam nele? Nada disso: são admiráveis os seus desígnios para a salvação dos homens! Quando eles se opõem à verdade, e se recusam a recebê-la, Deus não os contraria, deixa-os na sua vontade. A perdição em que caem leva-os a encontrar o caminho: entrando em si mesmos, procuram com ardor a graça do chamamento da fé, que num primeiro momento haviam desprezado. Quanto aos que continuaram fiéis, mais forte ainda se revela, então, o seu ardor. Cristo regozija-Se, pois, por estas coisas serem reveladas a alguns, mas atormenta-Se por ficarem escondidas a outros; percebe-se bem que assim é quando, ao aproximar-Se da cidade, chora sobre ela (Lc 19,41). No mesmo espírito, escreve São Paulo :  « Demos graças a Deus: vós éreis escravos do pecado, mas obedecestes de coração ao ensino que vos foi transmitido como norma